Recordemos de seu exemplo, peçamos sua intercessão!

A Igreja não se resume a nossas paróquias e dioceses. Uma parte ainda maior do Corpo místico de Cristo já não está na terra. Trata-se dos Santos, que contemplam a Deus no Céu, e das almas, que são purificadas no Purgatório. Ter consciência disso nos preserva de reduzir a Igreja ao seu aspecto político e sociológico. Não somos uma associação de pessoas com interesses comuns e regida por um parlamento terreno. Somos a porção militante dos filhos adotivos de Deus, que ainda caminha para a vida eterna por meio da “grande tribulação” (Ap 7,14). Nesta via, unimo-nos aos Santos, nossos intercessores. 

Santa Teresinha disse que, depois de morrer, desejava “passar o meu Céu fazendo o bem na terra”. O Padre Pio prometeu ficar “à porta do Céu” até que todos os seus filhos espirituais tivessem entrado com segurança. Os milagres são uma prova da ajuda dos Santos. A cura de um cego que colocou uma imagem da Beata Dulce sobre os olhos foi o que valeu a canonização do “Anjo Bom da Bahia”. Como um irmão que ajuda outro irmão, um pai ou uma mãe que cuida do filho, os Santos auxiliam-nos corporalmente e espiritualmente. Sobretudo Nossa Senhora, a Rainha dos Santos, além de nos alcançar muitas graças, dirige as almas no caminho da santidade. 

Além disso, os Santos são modelos de conduta cristã. Segundo Bento XVI, as suas vidas nos oferecem “a interpretação mais profunda da Escritura”. Correríamos o risco de deformar a missão e até mesmo o Magistério da Igreja se não nos recordássemos, continuamente e com reverência, da prática concreta de nossos “maiores” na fé! Como viveram mães de família canonizadas, como Gianna Beretta Molla e Zelia Guérin? Como atuaram religiosos como Maximiliano Kolbe e Irmã Dulce? O que desejaram missionários como José de Anchieta e Damião de Molokai? O que praticaram e ensinaram padres como o Cura d’Ars e Josemaria Escrivá? Em que acreditavam doutores como Santo Tomás, São Francisco de Sales e Santo Agostinho? 

Podemos até nos sentir pequenos diante deles. Porém, é preciso que confrontemos nossa vida e nossa fé com a sua. O Papa Francisco alerta constantemente sobre o perigo de uma Igreja “autorreferencial”. Pois bem, a pior autorreferencialidade consistiria em nos esquecermos dos Santos, cuja vida é referência segura do que é o amor a Deus e ao próximo. A pretensão de nos aventurar numa “igreja nova” feita à imagem e semelhança dos “tempos atuais” e alheia ao exemplo dos Santos apenas faria de nós filhos soberbos e ingratos. Uma semelhante loucura afastar-nos-ia de Jesus Cristo. Cedo ou tarde, teríamos de retornar, como o “filho pródigo”, envergonhados de nossa miséria e degradação. 

“Lembrai-vos dos vossos dirigentes, que vos anunciaram a Palavra de Deus. Considerando o fim de sua vida, imitai-lhes a fé” (Hb 13,7). Os Santos são um presente que Deus nos fez e faz. Olhemos para suas vidas, peçamos a sua intercessão e desejemos estar ao seu lado, com Jesus e Maria, no Céu. 

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários