Semana do Migrante 2025: Migração e Esperança 

O tema “Migração e Esperança” reúne dois termos praticamente sinônimos. Quem migra é porque nutre alguma esperança de melhorar a própria vida e a de seus familiares. A virtude da esperança, por sua vez, põe-nos em movimento permanente. Com esse duplo espírito é que o Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) celebra 40 anos de existência, sempre fazendo uma ponte entre as atividades dedicadas aos migrantes, de um lado, e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de outro. A Semana do Migrante deste ano transcorre entre os dias 15 e 22 de junho, com o lema “Sempre no caminho com os migrantes”. Haverá eventos como romarias e celebrações, marchas e caminhadas, cursos e seminários, intercâmbio cultural, festivais, entre outras iniciativas.

Fundado em outubro de 1985, o SPM pressupõe uma origem antiga e outra mais recente. A origem antiga remonta ao século XIX. Como cunhou certo historiador (Peter Gay), nesse “século do movimento”, a Revolução Industrial escancarou dois gigantescos problemas sociais: a migração em massa da Europa para as Américas e a condição precária dos nas fábricas incipientes. O primeiro deles ganhou o coração de São João Batista Scalabrini, então Bispo de Piacenza, Itália. Para acompanhar os emigrados, os padres, irmãs e leigos scalabrinianos lançaram-se a serviço do carisma do Fundador. 

Quanto à questão dos operários, convém não esquecer que a encíclica Rerum novarum, do Papa Leão XIII, traz como subtítulo “a condição dos operários”. Trata-se, nada mais e nada menos, do documento inaugural da Doutrina Social da Igreja. Leão XIII e Scalabrini, duas figuras e duas iniciativas contemporâneas: enquanto os institutos voltados aos migrantes nascem, respectivamente em 1887 e 1895, a encíclica coloca-se exatamente a meio dessas duas datas (1891). Desembarcados no Brasil, padres e irmãs passam a dedicar-se aos imigrantes italianos, depois a todos os migrantes, desenvolvendo grande diversidade de iniciativas.

A origem mais recente do SPM foi a Campanha da Fraternidade (CF) de 1980, com o lema “Para onde vais?” A exemplo de outras edições da CF, também essa deu origem a uma nova pastoral social: a Pastoral dos Migrantes, a qual passa a integrar o Setor Pastoral Social da CNBB. Desde então, o SPM assume a cada ano o compromisso de promover, primeiro, o Dia do Migrante, e, em seguida, a Semana do Migrante, um período de reflexão e ação sociopastoral em favor desses milhares e milhões de desenraizados.

Atualmente, como nos mostram os noticiários midiáticos, as migrações assumem um caráter não apenas emergencial, mas marcadamente estrutural. São milhões de rostos, nomes, sonhos e trajetórias à deriva, em um oceano de indiferença. Cumpre lembrar, aliás, que o Papa Leão XIV, ao assumir este nome, faz emergir, ao mesmo tempo, a época conturbada da industrialização e dos operários, mas também a fuga em massa dos emigrantes em busca de uma nova oportunidade. Nisso, de resto, o atual Pontífice dá continuidade a uma das constantes preocupações do Papa Francisco, um pastor “sempre no caminho com o migrante”.

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