Os médicos explicam que durante um ataque cardíaco ou infarto do miocárdio, algumas áreas do coração podem ficar necrosadas, semelhantes a um tecido morto. Estas áreas privadas de sangue não conseguem se nutrir adequadamente nem bombear o sangue para o resto do corpo.
Da mesma forma, podemos considerar os corações machucados por diversas situações da vida como causa de tantos corações endurecidos, feridos e repletos de ódio, rancor, de inveja, tornando-se incapazes de nutrir afetos e sem vida.
É sempre oportuno refletir que Deus, com sua Palavra de consolo, amor e misericórdia, assemelha-se ao semeador na parábola (Mc 4,1-20), que espalha suas sementes mesmo em terrenos pedregosos. Poderíamos pensar que isso é desperdício, mas o semeador não age com uma mentalidade capitalista ou consumista. Sua ação é guiada pela generosidade, gratuidade, misericórdia e amor.
Deus, como o semeador, nunca perde a esperança de que a semente germine e a vida floresça mesmo nos solos mais áridos. Ele não está preocupado com os resultados imediatos ou com avaliações periódicas para planejar onde jogará a semente do próximo ciclo, com base em colheitas passadas. Ele simplesmente semeia, guiado pela confiança e amor incondicionais.
Ao olharmos para as partes necrosadas ou feridas de nossos corações, podemos enxergar com os olhos de Deus: com esperança, misericórdia e carinho. Somos Suas criaturas, Seus filhos e filhas. Além de nossos méritos e falhas, além das feridas, permanece sempre o amor de Deus, Sua generosidade e gratuidade incondicional, capazes de fazer brotar vida onde os nossos próprios cálculos e limitações nos dizem que é impossível.