Servidores do Bom Pastor

O 4º Domingo da Páscoa é conhecido como “Domingo do Bom Pastor”. Nele, lê-se todo os anos um trecho do capítulo 10º do Evangelho de São João, no qual Jesus se apresenta como a porta dos pastores e das ovelhas e, finalmente, como o bom pastor, que se dedica às ovelhas de seu rebanho com amor extremo, até ao ponto de entregar sua vida pelo bem das ovelhas. A comparação de Jesus com o pastor bom é perfeitamente adequada para compreendê-lo na sua Paixão e Morte: Ele é o pastor bom, que entregou sua vida sobre a cruz com grande amor em favor da humanidade.

A parábola do pastor bom (João 10,1-21) está em nítido contraste com a profecia contra os pastores maus, de Ezequiel, no Antigo Testamento (Ez 34,1-31): Deus cobra contas das autoridades encarregadas de cuidar do povo, mas que não cumpriram seu dever e, pelo contrário, só pensaram em se aproveitar das ovelhas em seu próprio benefício: “Ai dos pastores de Israel, que se apascentam a si mesmos! Acaso os pastores não devem apascentar as ovelhas?” (34,2). É o lamento sobre a desgraça que se abateu sobre o povo, que foi disperso, escravizado e dizimado, enquanto os “pastores” deram um jeito de salvar a própria pele. Deus cobra contas de quem devia cuidar do povo e do país, e não o fez. E promete resgatar as ovelhas, reuni-las novamente, cuidar delas, Ele mesmo, e defendê-las com amor. E anuncia que enviará um pastor bom, fiel e justo (23-24).

Na parábola do pastor bom, Jesus anuncia que é Ele o pastor zeloso que Deus prometeu pelos profetas: Ele conhece as ovelhas que são suas e elas o reconhecem pela voz; Ele as conduz e elas o seguem; Ele as leva a boas pastagens e águas frescas, defende-as contra os perigos e ameaças e tem especial cuidado com as ovelhas fracas. Preocupa-se com a ovelha perdida e vai à sua procura, até encontrá-la. Ele não deixa que sejam arrebatadas de sua mão e entrega sua vida para que as ovelhas estejam seguras e tenham vida em abundância.

Não é sem motivo que o Domingo do Bom Pastor é também o dia em que a Igreja, em todo o mundo, reza pelas vocações sacerdotais. Os sacerdotes e bispos são aqueles que, de maneira especial, recebem o chamado para servirem o povo de Deus em nome de Jesus Cristo, o Bom Pastor da humanidade. Mas a inteira Igreja dos batizados tem parte na missão pastoral de Jesus Cristo e, por isso, é um povo de chamados, ou vocacionados, a fazer sua a missão do Bom Pastor. Nem todos fazem isso do mesmo modo, nem fazem todos a mesma coisa: cada fiel e membro da Igreja o faz de acordo com o dom que recebeu. O 3º Ano Vocacional do Brasil, que já celebramos desde novembro de 2022, está a nos lembrar que todos temos a nossa vocação e é importante que cada um se pergunte: qual é minha vocação na Igreja? O que Deus me pede no serviço às pessoas e à Igreja? Qual é o sentido maior de minha vida? As vocações podem ser diferentes, mas todos têm vocação, e não apenas alguns.

Contudo, a vocação sacerdotal é essencial à vida e à missão da Igreja e quem a recebeu tem o encargo de representar Jesus Cristo entre as pessoas e cuidar delas em nome de Jesus Cristo, o Bom Pastor. Essa vocação está na linha do chamado dos apóstolos: havia muitos discípulos, mas Jesus chamou apenas alguns, e chamou os que Ele quis, para serem apóstolos. E Ele os quis perto de si, os preparou especialmente para continuarem sua missão, depois Dele, mediante a força e a ação do Espírito Santo. Sem sacerdotes, a Igreja de Cristo entra em colapso. Por isso, a Igreja inteira reflete neste Domingo do Bom Pastor sobre a vocação sacerdotal e reza com fé, para que muitos sejam chamados, preparados com cuidado e envia- dos para servirem o povo de Deus em nome de Jesus Cristo Sacerdote, Bom Pastor e Palavra de Deus vinda ao mundo.

Em nossa Arquidiocese, temos urgente necessidade de reorganizar a pastoral das vocações em todas as paróquias. Com o bispo, os padres são os primeiros responsáveis por essa tarefa, que requer falar sobre as vocações, testemunhos vocacionais, oração frequente pelas vocações e pelos seminaristas e sacerdotes e o apoio aos Seminários. Como já tivemos a oportunidade de pedir em diversas circunstâncias, também o fazemos novamente: que em cada comunidade católica haja um trabalho organizado de pastoral vocacional, sob os cuidados diretos do pároco. Que em cada comunidade haja ao menos uma vocação a ser apoiada.

Ao longo do Ano Vocacional, já tivemos a alegria de ordenar bispos, padres e diáconos. E no próximo dia 29 de abril, teremos a ordenação de mais dois sacerdotes para a nossa Arquidiocese. Continuemos a trabalhar com fé e perseverança pelas vocações. O fruto virá a seu tempo. Sem esquecer que o casamento e a família cristã também são vocações bonitas e importantes. Que nossos jovens aprendam a amar novamente o casamento cristão e a família. É dela que brotam todas as demais vocações.

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