Um impulso para ‘avançar para águas mais profundas’ na evangelização

A assembleia do sínodo arquidiocesano chegou à sua 7ª e última sessão no sábado, 3. Esta ainda não é a conclusão do sínodo, o que acontecerá somente no dia 25 de março de 2023, quando o Arcebispo Metropolitano, Cardeal Odilo Pedro Scherer, apresentará suas orientações pastorais para a Igreja de São Paulo, discernidas a partir das propostas elaboradas durante a assembleia.

O percurso percorrido desde sua convocação, em 15 de junho de 2017, “uma saudável sacudida – um ‘vento impetuoso de Pentecostes’ – na Igreja de São Paulo e um forte impulso para ‘avançar para águas mais profundas’ no exercício da missão evangelizadora e da vida da Igreja”, como afirmou o próprio Dom Odilo, naquela ocasião.

O fio condutor desse processo é seu tema: “Caminho de comunhão, conversão e renovação missionária”, o que reforça que a Igreja não é uma realidade estática, mas um caminho. Esse, inclusive, foi o primeiro nome atribuído aos seguidores de Jesus (cf. At 9,2). A renovação missionária é uma necessidade permanente da Igreja, e não acontece sem antes haver a conversão, primeiro, de cada coração e, por consequência, das comunidades, organizações, estruturas e serviços de comunhão.  

O sínodo realizado na Arquidiocese, em sintonia como caminho proposto pelo Papa Francisco para a Igreja no mundo todo, confirma que ser missionário é um elemento constitutivo de todos os âmbitos da vida da Igreja, e não apenas uma dimensão entre tantas. A Igreja cumpre o mandato de Cristo: “Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-os a observar tudo o que vos mandei. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos (Mt 28,16-20).

Esse trecho bíblico, proclamado na última sessão da assembleia sinodal, ajuda a compreender a essência missionária da Igreja. Antes do envio apostólico, Nosso Senhor afirma: “Hoje foi-me dada toda autoridade no céu e na terra”. O Evangelho que devemos anunciar não consiste apenas em um conjunto de ensinamentos e normas, são, na verdade, expressão de uma autoridade que provém de Deus.

Hoje, vivemos em um tempo marcado por expressões humanas que se colocam acima da autoridade divina, como ideias, ideologias, moralismo ou uma sociologia excessivos. Entretanto, a capacidade de determinar as coisas boas, belas e verdadeiras não vem do ser humano, mas de Deus. E nisso consiste a ação evangelizadora, ajudar as pessoas a discernirem qual é a vontade de Deus para a humanidade, isto é, a salvação.

É por isso que, anunciar o Evangelho, não se pode escolher apenas aquele parte que convém ou agrada, mas o seu todo, a manifestação da verdade proclamada por Jesus com a autoridade dada pelo Pai.

Jesus exorta, ainda, a ensinar as pessoas a “observar tudo o que vos mandei”, ou seja, a conhecer as razões e o sentido da Lei divina, para que, então, seja seguida com liberdade e plena adesão da vontade.

Por fim, na última frase desse trecho bíblico, há três expressões que são verdadeiros estímulos para aquilo que deve pautar o caminho sinodal: “estou convosco” (presença) “todos os dias” (constância), “até o fim” (perseverança).

A Igreja em São Paulo, por meio de cada batizado e de suas múltiplas expressões de apostolado, deve ter a firme confiança na presença constante do Senhor, não se deixando levar pelas variações do tempo e das modas do momento presente, perseverando até o fim no testemunho daquele que veio para salvar a humanidade e habitar esta cidade.  

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