Vicariato Episcopal para a Pastoral da Saúde e dos Enfermos

Desde o dia 12 de dezembro deste ano, a arquidiocese de São Paulo conta com mais um Vicariato Episcopal ambiental, voltado especialmente para a área da saúde e o cuidado dos enfermos. De fato, esse âmbito de cuidados pastorais é muito amplo em nossa Arquidiocese e requer atenção especial. Trata-se de atender aos enfermos nos muitos hospitais, casas para a longa permanência e para os idosos, sem esquecer os muitos enfermos e idosos nas residências.

As outras competências confiadas ao novo Vicariato são: a promoção de iniciativas pastorais voltadas para a valorização da vida, da saúde e da dignidade dos enfermos; a preparação dos agentes pastorais encarregadas do serviço religioso aos enfermos; a organização capilar da pastoral da saúde e dos enfermos na Arquidiocese. Evidentemente, o Vicariato não substituirá as competências e obrigações próprias dos párocos nos ambientes de suas paróquias, mas contará com a colaboração deles para o alcance dos seus objetivos.

A criação do novo Vicariato ambiental foi fortemente apoiada pelo 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo (2017 a 2023). E não faltam argumentos teológicos e pastorais para essa decisão. Jesus teve sempre uma atenção especial para com os enfermos e atormentados de todo tipo de males. Por onde passava, esses recorriam a Ele, suplicando ajuda e a cura de seus males (cf. Mc 6,56). Ele não deixava ninguém desatendido, mesmo quando os que pediam a cura eram pagãos. O próprio nome “Jesus” significa “Deus salva” ou “Deus cura”. Curar e salvar fazem parte da mesma ação salvadora de Deus em favor da humanidade por meio de Jesus.

Jesus recomendou aos apóstolos o cuidado dos doentes quando os enviou em missão para anunciarem a chegada do Reino de Deus: “Curai os enfermos” (Mt 10,8). Antes de se elevar ao céu, recomendou mais uma vez: “Quando impuserem as mãos sobre os enfermos, eles ficarão curados” (Mc 16,18). Nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas Apostólicas, constatamos que os apóstolos e a comunidade cristã primitiva levaram isso muito a sério e, ao longo dos séculos, o cuidado dos enfermos foi sempre uma das principais preocupações pastorais da Igreja.

Em sua mensagem para o Dia Mundial dos Enfermos, de 11 de fevereiro de 2017, o Papa Francisco recordou três questões importantes para o cuidado dos enfermos: 1. O doente, seja qual for a sua situação, é uma pessoa humana, com toda a sua dignidade. Por isso, ele não deve ser tratado como mero objeto de cura e de cuidados, mas respeitado plenamente na sua condição humana, com sensibilidade atenta, compreensão, paciência, encorajamento e apoio humano e espiritual. 2. O enfermo precisa de cuidados médicos para a cura dos seus males físicos, mas também de “cura espiritual”, na forma da oração, da assistência religiosa e do sustento da sua fé. A Palavra de Deus e os Sacramentos são remédios espirituais importantes, que não devem ser negligenciados no cuidado dos doentes. A palavra da fé poderá ajudar o enfermo a compreender a sua condição como um momento importante em sua vida e a se aproximar de Deus. 3. Os enfermos são membros do corpo de Cristo, a Igreja, e podem ajudar muito na realização da missão dela, na medida em que unem seus sofrimentos aos de Cristo na cruz, oferecendo-os pela sua própria salvação e pela salvação da humanidade. Os enfermos podem ser ajudados a não desperdiçar este momento, tornando-o proveitoso para si próprios e para os outros.

A saúde e a enfermidade são duas dimensões da mesma preocupação pastoral e devem andar juntas, tendo em vista a pessoa do enfermo, em primeiro lugar; por isso, a atenção aos doentes nas casas, hospitais ou instituições similares deve estar entre as ações pastorais prioritárias das famílias, paróquias e organizações eclesiais e pastorais. É missão da Igreja, por meio dos sacerdotes, diáconos e outros ministros, continuar a fazer como Jesus fez: ir ao encontro dos enfermos, onde quer que se encontrem, ouvir suas histórias e lamentos, compartilhar suas dores, impor-lhes as mãos, rezar por eles, levar-lhes a Palavra de Deus e, também, oferecer-lhes a Eucaristia e a Unção dos Enfermos, se forem pessoas de fé.

Portanto, a pastoral da saúde e dos enfermos não deverá ser deixada em segundo plano na Igreja. As estruturas de saúde são espaços importantes para a missão evangelizadora, que precisam ser valorizados (cf. CNBB, Documento 109, n.196). Se a pastoral da saúde e dos enfermos estiver ausente das paróquias e comunidades, falta algo importante da missão que Jesus confiou à Igreja. E não se pode esquecer que Ele próprio também se identifica com os enfermos: “Estive doente e cuidastes de mim”.

O novo Vicariato vai orientar suas ações por um Regulamento próprio, já aprovado. E também já foi nomeado um Vigário Episcopal, encarregado da animação e coordenação do Vicariato Episcopal da Pastoral da Saúde e dos Enfermos, na pessoa do Cônego João Inácio Mildner. O Vicariato foi confiado à proteção e à intercessão especial de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus.

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