Vida Consagrada. Assim a Igreja Católica define o modo de viver das pessoas que renunciaram a uma vida profissional promissora, à posse de bens materiais, ao matrimônio, numa opção livre e consciente de entrega de vida a Deus, à Igreja, no seguimento de Jesus Cristo mediante a vivência dos conselhos evangélicos.
Em vista da santificação do Corpo Místico de Cristo por meio da oração, penitência e trabalho, no caso das congregações de vida contemplativa; do serviço à evangelização, no caso das ordens missionárias; na busca da promoção da dignidade humana, muito próprias das congregações de vida ativa, masculinas e femininas, que atuam nas áreas da educação, saúde, assistência aos mais pobres, os religiosos e religiosas, com carismas diferentes, têm em comum ter encontrado em Deus o amor absoluto de suas vidas que os projetam ao amor ao próximo.
Nesse espírito de amor e entrega, santas como Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein), Teresa de Lisieux, Teresa de Ávila, Catarina de Sena e Clara de Assis selaram um verdadeiro matrimônio espiritual com Cristo; santos Bernardo de Claraval, Francisco de Assis e João da Cruz, na austeridade e pobreza, enriqueceram-se de Deus; Domingos de Gusmão fundou uma ordem de pregadores e Inácio de Loyola constituiu um verdadeiro exército missionário para Jesus Cristo, espalhando o Evangelho como sementes lançadas em todas as direções; Teresa de Calcutá se pôs a serviço dos mais pobres entre os pobres e Maria Rita Lopes Pontes de Souza Brito (Irmã Dulce) se tornou o Anjo Bom da Bahia.
Coisas de um passado cristão e glorioso?
Giuliane Roman, 24, é uma jovem engenheira civil que até pouco tempo trabalhava em uma empresa prestadora de serviços para a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. Batizada católica (como quase todos os brasileiros), frequentando uma paróquia na zona Norte de São Paulo, onde recebia com frequência os sacramentos, enamorou-se de tal forma de Jesus Cristo que sentiu em seu coração “uma necessidade muito grande de pertencer a Jesus”. Em 10 de julho último, ingressou no aspirantado do Mosteiro Carmelita de Santa Teresa de Jesus, no bairro do Jabaquara, onde no domingo, 15, Festa de Nossa Senhora da Assunção, outra religiosa, a Irmã Maria Bernadete, professou os seus votos solenes.
Estes são apenas dois entre muitos outros exemplos contemporâneos que poderiam ser citados e que mostram a vivacidade e a força de atração que as diversas congregações religiosas, com seus carismas, continuam exercendo, movendo jovens a uma entrega total de suas vidas. São como aquele vendedor de pérolas aludido no Evangelho de Mateus 13,45, que, ao encontrar uma de grande valor, vai, vende todos os seus bens para possuí-la; ou como aquele que, tendo encontrado um tesouro no campo, deixa-o escondido, e, cheio de alegria, vai, vende todos os seus bens, e compra aquele campo.
“Em tanta variedade de dons, todos aqueles que são chamados por Deus à prática dos conselhos evangélicos e fielmente os professam se consagram de modo particular ao Senhor, seguindo Cristo, que, sendo virgem e pobre (cf. Mt 8,20; Lc 9,58), remiu e santificou todos os homens pela obediência até a morte da cruz (cf. Fl 2,8). Movidos assim pela caridade que o Espírito Santo derrama nos seus corações (cf. Rm 5,5), mais e mais vivem para Cristo e para o seu corpo, que é a Igreja (cf. Cl 1,24). Quanto mais fervorosamente se unirem, portanto, a Cristo, por uma doação que abraça a vida inteira, tanto mais rica será a sua vida para a Igreja e mais fecundo o seu apostolado” (decreto Perfectae caritatis, 1).