Assim aclamam os fiéis devotos de Nossa Senhora Aparecida, confirmando o que ensina o Magistério da Igreja: Maria participa de modo especial da História da Salvação. Ela foi escolhida para ser a Mãe do Filho de Deus. Por obra e graça do Espírito Santo, tornou-se Mãe de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Sendo Ele a cabeça da Igreja, Maria é também Mãe de todos os membros do Seu corpo, cada um de nós. O discípulo amado, ao pé da cruz, recebeu-a como mãe em nome de todos os discípulos: “Esta é a sua mãe” (Jo 19,25-27). Por isso, nós a reconhecemos, veneramos, amamos e proclamamos como Mãe de Deus, Mãe da Igreja, nossa Mãe.
No rito do matrimônio judaico, o ápice da celebração era quando os esposos bebiam do mesmo cálice de vinho, sinal de amor e aliança. Em Caná da Galileia, onde Jesus realizou seu primeiro milagre, faltou justamente o vinho, símbolo do amor. A letra da lei sem a graça da fé é morta. Atenta e solícita, Maria intercede: “Eles não têm mais vinho”. Como mãe e advogada nossa, aponta sempre para Cristo e nos ensina: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Suas palavras ecoam o compromisso do povo diante da aliança no Sinai: “Tudo o que o Senhor ordenar, faremos” (Ex 19,8). Se Eva, pela desobediência, trouxe o pecado e a morte, Maria, pela obediência e pelo “sim” ao plano de Deus, trouxe a graça e a salvação por meio de seu Filho.
Jesus compara muitas vezes o Reino de Deus a um banquete nupcial, revelando a Nova Aliança entre Deus e a humanidade. Em Caná, Ele anuncia: “Minha hora ainda não chegou”, referindo-se à cruz, na qual selaria definitivamente esta aliança, não mais com o sangue de animais, mas com o Seu próprio sangue. Uma aliança de amor eterno, como em um matrimônio perfeito entre Cristo e a Igreja.
A liturgia de hoje recorda também a rainha Ester, que Deus colocou em posição estratégica para salvar seu povo. Assim também o Senhor age em nossa vida, capacitando-nos a sermos instrumentos de luz e salvação. O salmo proclama de modo poético a união entre Cristo, o Rei do Universo, e sua esposa, a Igreja, adornada com as virtudes mais belas.
Na segunda leitura, o Apocalipse nos apresenta a Mulher vestida de sol, como imagem da Igreja em luta contra o mal. A batalha entre a Mulher e o dragão percorre toda a história, mas culmina na vitória definitiva de Deus. Mesmo em meio à perseguição, a Igreja permanece fiel, sustentada e protegida pelo Senhor.
Hoje, peçamos com fé pela nossa nação, da qual Maria, Aparecida, é Rainha. Sua imagem foi encontrada por humildes trabalhadores, e hoje continua sendo sinal de esperança para todos, especialmente para os que mais sofrem: os que buscam emprego, moradia, educação, saúde e dignidade.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus e nossa, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.