A família na escola

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Costuma-se dizer que a família educa e a escola ensina, ou seja, à família cabe oferecer à criança e ao adolescente a pauta ética para a vida em sociedade, e à escola instruí-los, para que possam fazer frente às exigências competitivas do mundo na luta pela sobrevivência. Contudo, uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva a uma ajuda recíproca e, frequentemente, ao aperfeiçoamento real dos métodos de aprendizado. Entretanto, devido à excessiva carga horária de trabalho dos pais, e com a participação das mulheres no mercado de trabalho, os pais deixam a criação dos filhos cada vez mais aos cuidados de instituições extrafamiliares: berçários, creches e escolas. Com essas modificações, espera-se que a escola assuma, além da função de desenvolver o potencial da aprendizagem, também a função de educar valores.

Não obstante a isso, percebe-se que, paulatinamente, a legítima autoridade familiar tem sido relativizada e, aos poucos, emerge um fenômeno que tem dado origem a um círculo vicioso no qual há cobranças mútuas entre família e escola, o que prejudica a interação entre esses entes.

Compreende-se dessa forma que é indispensável a participação da família na vida escolar dos filhos, pois essa presença potencializa um melhor desempenho nas atividades escolares. É fundamental que a família esteja em harmonia com o plano educativo da instituição e ambas somem esforços em prol do desenvolvimento das crianças. Esta presença implica envolvimento, comprometimento, estímulo e colaboração. O papel dos pais, portanto, é dar continuidade ao trabalho da escola, criando condições para que seus filhos tenham sucesso tanto na sala de aula quanto na vida adulta.

A falta de comprometimento dos pais no processo de educação integral dos filhos – definido hoje como problema social, se caracteriza como uma forma de negligência parental. Ela pode ser causada pelo despreparo e ausência de orientação familiar e pelo enfraquecimento dos vínculos familiares, acarretando atitudes de indiferenças e uma crescente delegação das funções familiares a terceiros como babás, escolas etc. Quanto mais as famílias se envolvem com a educação dos filhos e participam ativamente da vida escolar, melhores são os resultados de aprendizagem dos alunos. Esta afirmação é praticamente consensual no campo educacional, e não faltam evidências para embasá-la.

Por outro lado, quando a parentalidade é exercida de forma negativa, manifestada nas formas de negligência parental e violência intrafamiliar, surgem inúmeros prejuízos como o enfraquecimento na relação entre pais e filhos, reflexos na saúde física, mental e emocional das crianças, comportamentos desafiadores e manifestações de agressividade, baixo rendimento e evasão escolar.

Diante de situações atuais de risco social e vulnerabilidades vividas pelas famílias brasileiras, estas precisam ser apoiadas pelo Estado e pela sociedade, para que possam cumprir suas responsabilidades. Nesse sentido, a centralidade da família no âmbito das políticas públicas se constitui importante mecanismo para o efetivo fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, pois a família não é apenas o berço da cultura e a base para um futuro melhor, também é o centro da vida social. A educação bem-sucedida da criança no ambiente familiar é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulta. A família tem sido, é e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.

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Lucas Pedroso
Lucas Pedroso
3 meses atrás

Obrigado por lembrar-nos do verdadeiro e insubstituível papel da família na educação.

JBerbara
JBerbara
3 meses atrás

Primeiro os casamentos precisam ser consagrados e cuidados. Se o casamento não estiver muito bom, não deve haver filhos.
As pessoas jogaram para a escola, que está péssima, o papel de formar o caráter e cuidar. Fica a pergunta tosca de que por quê tiveram filhos?
Família da trabalho e é para sempre.

Pedro Barros
Pedro Barros
3 meses atrás

Saber conciliar os afazeres da vida com a responsabilidade de cuidar emocionalmente e materialmente dos filhos é uma obrigação dos pais. Peço a Deus que me auxilie nessa jornada!