A história das edições da JMJ

Desde 1986, seja anualmente em âmbito diocesano, seja como evento internacional realizado em intervalos variáveis de dois a quatro anos, reunindo jovens peregrinos de todo o planeta, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) ressalta a força da presença da juventude da Igreja.  A seguir, apresentamos uma retrospectiva das JMJs internacionais já realizadas.

1986 – Roma (Itália)
Nesta primeira edição, realizada no Domingo de Ramos daquele ano, em 23 de março, São João Paulo II lembrou aos jovens que “em Jesus Cristo, Deus entrou definitivamente na história do homem. Vós, jovens, deveis encontrá-Lo primeiro. Deveis encontrá-Lo constantemente. A Jornada Mundial da Juventude significa precisamente isto: sair ao encontro de Deus, que entrou na história do homem por meio do Mistério Pascal de Jesus Cristo”.

1987 – Buenos Aires (Argentina)
A segunda edição da JMJ, já em âmbito internacional, levou à capital argentina 900 mil jovens de todos os continentes, nos dias 11 e 12 de abril, animados pelo tema “Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos Nele” (1Jo 4,16). Aos jovens, em especial aos dos países latino-americanos, que recobravam seus regimes democráticos após anos sob governos ditatoriais, São João Paulo II fez um pedido especial: “Comprometam a vossa energia juvenil na construção da civilização do amor”.

1989 – Santiago de Compostela (Espanha)
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6) foi o tema desta edição internacional da JMJ, nos dias 19 e 20 de agosto daquele ano. Cerca de 600 mil jovens foram a essa cidade europeia, rezando especialmente pela paz no mundo. São João Paulo II exortou a juventude a redescobrir cotidianamente as maravilhas de Cristo em suas vidas. Um momento marcante ocorreu quanto o Pontífice percorreu a pé – apoiado em seu cajado e cercado de peregrinos – a última parte do caminho até a Catedral de Santiago.

1991 – Czestochowa (Polônia)
Em agosto daquele ano, cerca de 1,5 milhão de peregrinos foram a esta edição internacional da JMJ, marcada por muitos simbolismos: São João Paulo II voltava a seu país natal e finalmente, com o fim da União Soviética, os jovens da Europa Oriental tinham a oportunidade de unir-se aos demais nesta grande celebração de fé. “Depois do longo período de fronteiras praticamente insuperáveis, a Igreja na Europa pode finalmente respirar com os dois pulmões”, declarou o Pontífice. O tema desta JMJ foi “Recebeste um Espírito que faz de vós filhos adotivos” (Rm 8,15).

1993 – Denver (Estados Unidos)
Realizada entre 10 e 15 de agosto, com o tema “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10), esta edição foi a primeira na qual se realizou a via-sacra da juventude pelas ruas da cidade-sede. Cerca de 1 milhão de jovens foram aos Estados Unidos para o encontro com São João Paulo II. “A Igreja precisa da vossa energia, do vosso entusiasmo e dos vossos ideais jovens para fazer com que o Evangelho da vida penetre o tecido da sociedade, transformando o coração das pessoas e das estruturas da sociedade, para criar uma civilização de justiça e amor verdadeiros”, disse o Papa.

1995 – Manila (Filipinas)
A primeira edição internacional da JMJ na Ásia ocorreu em janeiro daquele ano. No país com a maior porcentagem de católicos daquele continente, houve o recorde de participantes das jornadas até hoje: 4 milhões de pessoas na missa conclusiva do evento, no Parque Rizal, ocasião em que o Papa exortou os jovens a proclamarem, em especial aos mais pobres e injustiçados pelas mazelas sociais, a seguinte mensagem de esperança: “Olha para Jesus Cristo para veres o que realmente és aos olhos de Deus”.

1997 – Paris (França)
“Mestre, onde moras? Vinde e vereis” (Jo 1,38-39) foi o tema desta edição que levou mais de meio milhão de jovens às ruas e templos da capital francesa em agosto daquele ano. Pela primeira vez, ocorreram os Dias nas Dioceses (encontros que antecedem a semana da JMJ) e o Festival da Juventude (programa cultural e artístico com a participação dos peregrinos). “Caros jovens, o vosso caminho não se detém aqui. O tempo não para hoje. Ide pelas estradas do mundo, pelos caminhos da humanidade, permanecendo unidos na Igreja de Cristo!”, exortou São João Paulo II.

2000 – Roma (Itália)
No jubileu dos 2000 anos do nascimento de Cristo, cerca de 2,5 milhões peregrinos participaram desta edição da JMJ, em agosto, com o tema “E o Verbo Se fez homem e veio habitar conosco” (Jo 1,14). Aos jovens, São João Paulo II ressaltou que o amor de Deus é infinito: “Cristo ama-nos, ama-nos sempre! Ama-nos mesmo quando O desiludimos, quando não correspondemos às suas expetativas a nosso respeito. Jamais nos fecha os braços da sua misericórdia.” Nesta edição, pela primeira vez aparece na jornada o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, que a partir de 2003 se tornaria um dos símbolos permanentes da JMJ, ao lado da Cruz Peregrina.

2002 – Toronto (Canadá)
Nesta que seria a última JMJ internacional conduzida por São João Paulo II (ele morreria em abril de 2005), meio milhão de peregrinos foram à maior cidade canadense, entre 23 e 28 de julho. O Pontífice pediu aos jovens que continuassem a se empenhar na construção de um mundo mais fraterno e solidário. Foi uma mensagem de paz a todo o planeta, dado que meses antes, em 11 de setembro de 2001, o mundo fora tomado pelo medo com o ataque terrorista às torres gêmeas em Nova York, nos Estados Unidos.

2005 – Colônia (Alemanha)
Realizada em agosto daquele ano, esta edição da JMJ ocorreu meses após Bento XVI ser escolhido em conclave como o novo Papa da Igreja. Coincidiu que a primeira jornada que presidisse fosse em seu país natal. A missa de envio reuniu 1 milhão de peregrinos. “Descubramos a íntima riqueza da liturgia da Igreja e sua verdadeira grandeza: não somos nós que fazemos festa para nós, mas ao contrário, o próprio Deus vivente é quem prepara uma festa para nós”, disse o Papa na ocasião. Por iniciativa do Pontífice, desde então, a adoração ao Santíssimo Sacramento tornou-se parte da vigília da juventude.

2008 – Sydney (Austrália)
A primeira JMJ internacional na Oceania reuniu cerca de 500 mil pessoas, de 200 países, animadas pelo tema “Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Nesta edição, Bento XVI crismou 24 jovens e a todos convidou ao testemunho da fé: “Ser ‘batizados’ no Espírito significa ser incendiados pelo amor de Deus. ‘Beber’ do Espírito (cf. 1 Cor 12,13) significa ser refrescado pela beleza do plano de Deus sobre nós e o mundo, e tornar-se, por sua vez, uma fonte de frescura para os outros”, frisou. Pela primeira vez na história, fatos da JMJ foram postados nas redes sociais.

2011 – Madri (Espanha)
Cerca de 2 milhões de peregrinos encheram as ruas da capital espanhola entre 16 e 21 de agosto, animados pelo tema “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” (Cl 2,7). Nem mesmo a intensa chuva durante a vigília da juventude foi capaz de dispersar os jovens no aeródromo de Cuatro Vientos. Na missa de envio, Bento XVI disse-lhes que “a fé não se limita a proporcionar alguma informação sobre a identidade de Cristo, mas supõe uma relação pessoal com Ele”. Esta foi a última JMJ do Pontífice, que renunciaria à Cátedra de Pedro em fevereiro de 2013.

2013 – Rio de Janeiro (Brasil)
“Ide e fazei discípulos entre todas as nações”(Mt 28,19) foi o tema desta edição, realizada entre 23 e 28 de julho, a primeira presidida pelo Papa Francisco. A juventude, que se fez presente nas catequeses realizadas nos bairros centrais e periféricos da capital fluminense, lotou a orla da Praia de Copacabana para os momentos centrais da JMJ: a via-sacra da sexta-feira, durante a qual o Papa recomendou aos jovens que levassem suas alegrias, sofrimentos e fracassos para a Cruz de Cristo; a vigília de oração no sábado, à noite, quando o Pontífice disse-lhes para entrarem no time de Jesus e serem “verdadeiros atletas de Cristo”; e na missa de envio no domingo, que reuniu mais de 3,7 milhões fiéis, aos quais Francisco exortou: “Ide, sem medo, para servir. Seguindo estas três palavras, vocês experimentarão que quem evangeliza é evangelizado, quem transmite a alegria da fé, recebe mais alegria”.

2016 – Cracóvia (Polônia)
No país natal de São João Paulo II, o pontífice falecido em 2005 foi um dos patronos da JMJ, assim como Santa Faustina. Animados pelo tema “Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia” (Mt 5,7), participaram mais de 2,5 mil peregrinos. Na vigília de oração, no Campus Misericordiae, o Papa pediu aos jovens que não se acomodassem em sua missão evangelizadora: “Queridos jovens, não viemos ao mundo para ‘vegetar’, para transcorrer comodamente os dias, para fazer da vida um sofá que nos adormeça; pelo contrário, viemos com outra finalidade, para deixar uma marca”. Em sua visita à Polônia, Francisco também foi aos campos de concentração nazistas de Auschwitz e Birkenau, onde se deteve em minutos de silêncio e oração.

2019 – Cidade do Panamá (Panamá)
Pela primeira vez, a JMJ ocorreu na América Central, e reuniu, em janeiro daquele ano, peregrinos de 156 países, animados pelo tema “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lc 1,38). Na vigília com os jovens, o Papa referiu-se à Virgem Maria como “a ‘influencer’ de Deus. Com poucas palavras, soube dizer ‘sim’, confiando no amor e nas promessas de Deus, única força capaz de fazer novas todas as coisas”. Durante aquela celebração, o Pontífice utilizou uma custódia feita com fragmentos de bala, aludindo à violência na América Latina. Em seus discursos, o Santo Padre, por muitas vezes, também se referiu ao drama dos migrantes e refugiados. Pela primeira vez, uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima foi levada à Jornada.

Fotos: L’Osservatore Romano, Vatican Media, JMJ-Divulgação, Fundação Giovanne Paolo II, Catholic Church England, Luciney Marins/O SÃO PAULO e (Arqui)dioceses. (Pesquisa sobre o histórico das edições: Daniel Gomes)
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