Assim afirma o Papa Francisco: “Numa época de individualismo, ela [Santa Teresinha] faz-nos descobrir o valor do amor que se torna intercessão” (C ́est la Confiance, CC 52). Sim, nela a oração não admite individualismos, muito pelo contrário, pois o Amor nos torna almas eclesiais, autenticamente missionárias. A própria Igreja a proclamou como Padroeira – com São Francisco Xavier – das Missões!
“Não pretendo ficar inativa no Céu, meu desejo é continuar trabalhando pela Igreja e pelas almas. Peço isso a Deus e tenho certeza de que Ele atenderá meu pedido”. Assim escrevia Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, poucos meses antes de sua morte, ao seu irmão espiritual Padre Roulland (Carta 254, 14/jul/1897).
Hoje, podemos afirmar sem sombra de dúvidas que Deus atendeu seu pedido. A jovem carmelita falecida com apenas 24 anos não cessou de trabalhar pelas almas e a Igreja reconheceu agradecida sua missão de Amor.
Há pouco mais de 25 anos, ela era proclamada Doutora da Igreja por São João Paulo II. E agora, o Papa Francisco nos mostra a atualidade da mensagem de Santa de Lisieux, por meio da exortação apostólica C ́est la Confiance (CC).
O Papa quer nos apontar para o essencial da espiritualidade de Teresinha. Costumeiramente, os documentos pontifícios são chamados pelas primeiras palavras latinas que o iniciam, mas aqui é o francês a língua adotada. O Papa inicia o documento com as palavras de Teresinha: “C’est la confiance et rien que la confiance qui doit nous conduire à l’Amour – só a confiança e nada mais do que a confiança tem de conduzir-nos ao Amor”.
Santa Teresinha foi antes de tudo uma contemplativa. Assim escreve o Santo Padre: “O Nome de Jesus cadenciou continuamente a ‘respiração’ de Teresa como ato de amor, até ao último respiro. Na sua cela, gravara estas palavras: ‘Jesus é o meu único amor’. Foi a sua interpretação da afirmação culminante do Novo Testamento: ‘Deus é amor’ (1 Jo 4, 8.16)” (CC 8).
Na tradição do Carmelo, a oração é entendida como uma relação de amizade, é um trato amoroso com Deus Amor. E Santa Teresinha é plenamente carmelita, filha de Santa Teresa de Jesus, como indica o próprio Papa. Para ela, a oração brota do amor.
É interessante notar que a própria Igreja tornou sua a definição de oração de Santa Teresinha, pois o Catecismo da Igreja Católica (CIC), ao responder à pergunta “O que é a oração?” traz uma citação dela: “Para mim, a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o céu, é um grito de gratidão e de amor, tanto no meio da tribulação quanto no meio da alegria” (CIC 2558).
No centro da vocação particular de Santa Teresinha está o seu Ato de Oferecimento ao Amor misericordioso, no qual ela se faz totalmente disponível à ação vivificante do Amor. Nesse Ato, escreve: “Quero, ó meu Bem-amado, a cada batida do meu coração renovar esta oferenda um número infinito de vezes, até que, uma vez dissipadas as sombras, eu possa redizer o meu Amor em um Face a Face Eterno!…”
Escreve o Santo Padre: “O ato de amor ‘Jesus, amo-Te’, vivido continuamente por Teresa ao ritmo da respiração, é a sua chave de leitura do Evangelho” (CC 34). Portanto, o caminho interior de Santa Teresinha, fazendo desse ato de amor o centro da sua existência, se torna um hesicasmo, uma forma de oração: cada batida de seu coração é um oferecimento, cada respiração sua é um ato de amor. Sua própria lectio divina – alimento cotidiano dos Carmelitas, como se vê na Regra de Santo Alberto – brota do seu ato de amor.
Li várias livros sobre Santa Teresinha e algumas vezes passei dias num Carmelo em que Madre era muito minha amiga e me queria lá mas o Senhor Jesus meu chamou a outro lado!…
🙌🏻❤️