Nesta edição, o Caderno Fé e Cultura traz alguns trechos da nova encíclica do Papa Francisco, Dilexit nos, como uma espécie de “degustação” que convide à sua leitura na íntegra, pois ela merece ser meditada, para iluminar nossa compreensão do mistério do amor cheio de misericórdia que Deus nos dedica.
Um documento de especial beleza – com a força de fazer voltar ao coração! – Dilexit nos (DN) está destinado a marcar profundamente os caminhos de esperança até uma Igreja sinodal, missionária e misericordiosa, e vem somar-se ao Sínodo sobre a sinodalidade, ao Jubileu Extraordinário da Misericórdia (2016) e no Jubileu da Esperança (2025), e fazer redescobrir, mais uma vez, todo o valor da Laudato si’ e da Fratelli Tutti (cf. DN 217). Essa encíclica, com efeito, não se limita a uma determinada revelação particular da devoção ao Coração de Cristo. Ao contrário, mesmo sem perder de vista esta “devoção”, nas suas variadas expressões na história da Igreja (dando o devido lugar a cada uma delas), a encíclica contempla o manancial inesgotável de amor e misericórdia do Coração de Cristo à luz do Evangelho e de toda a rica tradição espiritual da Igreja, até nossos dias (cf. particularmente os Capítulos III e IV). É um repositório doutrinário e místico precioso, sofisticado na sua construção, e com grandes repercussões pastorais.
“A oração mais popular, dirigida como um dardo ao Coração de Cristo, diz simplesmente: ‘Eu confio em Vós’ (SANTA FAUSTINA KOWALSKA. Diário, 47)” (DN 90). É preciso retornar ao coração, pois o homem contemporâneo está quase privado de um princípio interior que crie unidade e harmonia no seu ser e no seu agir. “Falta o coração.” (DN 9). Este é um tempo de renovação da Igreja, portanto, não estejamos aquém da nova encíclica do Papa Francisco, para que, dirigindo-nos ao “Coração de Cristo, sinal eloquente da misericórdia divina”, haja frutos abundantes, entre os quais o retorno ao coração, também pela invocação “Jesus, confio em Vós”, que, por disposição da divina Providência, é conduzida a uma nova fase, mediante uma doutrina a ser exposta em toda a sua novidade, segundo a economia da misericórdia.