Igreja em missão: a eclesiologia do Papa Francisco

O Evangelho foi primeiro proclamado por Jesus, na Palestina do século I, periferia do Império Romano. A proposta do Papa Francisco é anunciá-lo às periferias geográficas e existenciais do mundo de hoje. Ao longo o seu magistério, não tem dito tantas coisas novas, mas tem apresentado as palavras eternas de Cristo com novidade. Está trazendo dinamicidade e alegria ao anúncio do Evangelho de Nosso Senhor.

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Francisco vem apresentando a Igreja com misericórdia e amor. “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus” (Evangelii gaudium, EG 1). Carinhosamente, exorta-nos ao dinamismo da Igreja de Jesus Cristo: a propõe “em saída”. Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhes pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho (EG 20). 

O Papa lança a Igreja em meio aos desafios na sociedade, para que no mundo ela desenvolva a missão de evangelizar: “São João Paulo II convidou-nos a reconhecer que ‘não se pode perder a tensão para o anúncio’ àqueles que estão longe de Cristo, ‘porque esta é a tarefa primária da Igreja’ (Redemptoris missio, RM 34). A atividade missionária ‘ainda hoje representa o máximo desafio para a Igreja’ (RM 40) e ‘a causa missionária deve ser (…) a primeira de todas as causas’ (RM 86). Que sucederia se tomássemos realmente a sério estas palavras? Simplesmente, reconheceríamos que a ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja. Nesta linha, os bispos latino-americanos afirmaram que ‘não podemos ficar tranquilos, em espera passiva, em nossos templos’ (Documento de Aparecida, DAp 548), sendo necessário passar ‘de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária’ (DAp 551). Esta tarefa continua a ser a fonte das maiores alegrias para a Igreja” (EG 15). 

 “A Igreja ‘em saída é uma Igreja com as portas abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr pelo mundo sem direção nem sentido. Muitas vezes, é melhor diminuir o ritmo, pôr à parte a ansiedade para olhar nos olhos e escutar ou renunciar às urgências para acompanhar quem ficou caído à beira do caminho. Às vezes, é como o pai do filho pródigo, que continua com as portas abertas, para, quando ele voltar, poder entrar sem dificuldade” (EG 46). 

Marcadamente, o Papa Francisco nos pede um deslocamento das nossas atividades já conhecidas e muitas vezes seguras, para estarmos prontos para respondermos a outros chamados. Ele nos sugere que devemos sair dos nossos refúgios para irmos ao encontro de outros propósitos e metas. Ele não nos pede uma corrida desenfreada e sem sentido, mas nos indica que precisamos agir com confiança em Deus. Ele nos propõe abertura às indagações e às angústias do homem e da mulher do nosso tempo. Permite e convoca para que estejamos presentes no deserto, na periferia e na fronteira. Precisamos experimentar, segundo a necessária imaginação e criatividade cristã, onde o risco é maior, onde é mais necessária a atividade profética para sacudir a inércia em que a Igreja em sua totalidade está se petrificando ou para denunciar com mais energia o pecado. 

O Papa Francisco projeta a missão atual da Igreja, sem a modificar, sem perder a beleza e inteireza de Cristo, nem a transformar amalgamando-a ao mundo, mas retomando-a para anunciar o Evangelho com misericórdia e alegria. Vivendo com a Igreja nestes tempos marcadamente difíceis, sejamos abertos ao Espírito de Deus e atentos aos ensinamentos do Sumo Pontífice.

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