Eu digo, e quero mesmo dizê-lo, que a Igreja Católica continua a aconselhar os homens como Jesus os aconselhou. E que houve um colapso do capitalismo por este não ter dado ouvidos ao catolicismo; exatamente como houve uma queda de Jerusalém por esta não ter dado ouvidos a Jesus […]O líder da Igreja Católica, a quem chamamos Vigário de Cristo, emitiu uma proclamação comumente chamada de Rerum novarum, na qual afirmou três coisas: 1) que a concentração existente de riqueza no capitalista “impunha sobre os milhões trabalhadores um jugo pouco melhor que a escravidão”; 2) que não deveríamos buscar escapar disso por meio de uma concentração ainda maior no comunismo, vez que aí se negam até mesmo as formas naturais de propriedade, liberdade e moradia; 3) que, conquanto os assalariados tenham o direito de se ajuntar e mesmo de fazer greve, sob certas condições de justiça, seria melhor se “os pobres, tanto quanto seja possível, se tornassem donos”; isto é, pequenos capitalistas ou donos de meios de produção.
[…] Desafio qualquer um a mostrar que Cristo ou o Cristianismo falharam; salvo no sentido de que tudo mais falhou, assim que falhou em ouvir-Lhe os conselhos. Se, uma vez mais, nosso Senhor os pudesse dar pessoalmente, a coisa seria certamente mil vezes mais impressionante. Mesmo, porém, quando Ele o fez, a coisa não foi inteiramente bem recebida.
Trechos do artigo de G.K. CHESTERTON, Our Tradition: If Christ Should Come (Good Housekeeping, Abril 1932).