O olhar de Cristo e o desenvolvimento humano integral

Na sua Mensagem para a Quaresma de 2006, Bento XVI posiciona claramente o desenvolvimento humano integral proposto pela Igreja como manifestação concreta do amor de Deus por nós.

Deus guarda-nos e ampara-nos. Sim, o Senhor ouve ainda hoje o grito das multidões famintas de alegria, de paz, de amor. Hoje, como aliás em todos os períodos, elas sentem-se abandonadas. E, todavia, mesmo na desolação da miséria, da solidão, da violência e da fome que atinge indistintamente idosos, adultos e crianças, Deus não permite que as trevas do horror prevaleçam […] “Jesus, ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão por elas” (Mt 9,36) […] A Igreja sabe que, para promover um desenvolvimento integral, é necessário que o nosso “olhar” sobre o homem seja idêntico ao de Cristo. De fato, não é possível de modo algum separar a resposta às necessidades materiais e sociais dos homens da satisfação das necessidades profundas do seu coração. Isso deve ser ressaltado muito mais numa época como a nossa, de grandes transformações, em que nos damos conta de forma cada vez mais viva e urgente da nossa responsabilidade em relação aos pobres do mundo […] O “olhar” de Cristo sobre a multidão obriga-nos a afirmar os verdadeiros conteúdos daquele “humanismo total” que, sempre segundo Paulo VI, consiste no “desenvolvimento integral do homem todo e de todos os homens”. Por isso, a primeira contribuição que a Igreja oferece para o desenvolvimento do homem e dos povos não se consubstancia em meios materiais nem em soluções técnicas, mas no anúncio da verdade de Cristo que educa as consciências e ensina a autêntica dignidade da pessoa e do trabalho, promovendo a formação de uma cultura que corresponda verdadeiramente a todas as exigências do homem.

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