Por Cristo, com Cristo e em Cristo nos passos da Salvação

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Com a celebração do Domingo de Ramos, no dia 24, os católicos iniciaram a Semana Santa, também conhecida como a “Grande Semana” ou “Semana Maior”, por ser considerada a mais importante do ano pelos cristãos. Nela, celebra-se o mistério salvífico de Jesus, a partir do qual toda realidade humana adquire sentido pleno e para o qual converge todo o ano litúrgico.

Como destaca o Catecismo da Igreja Católica (CIC), “o mistério pascal da cruz e Ressurreição de Cristo está no centro da Boa-Nova que os Apóstolos, e, depois deles, a Igreja, devem anunciar ao mundo” (CIC 571).

Domingo de Ramos

Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam apanhado nos campos. Os que iam na frente e os que vinham atrás gritavam: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus! (Mc 11,8-10).

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Oficialmente denominado Domingo de Ramos da Paixão do Senhor, essa celebração recorda dois momentos marcantes da vida de Jesus: sua entrada solene em Jerusalém e sua Paixão. A liturgia prevê a bênção dos ramos e uma procissão nas ruas ou no interior da igreja, enquanto o relato da Paixão segundo um dos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) é proclamado durante a missa.

Há uma razão histórica para a proclamação desses dois relatos dos evangelhos. Nos primeiros séculos, não havia a celebração do Tríduo Pascal e, por isso, não era costume celebrar a Paixão do Senhor na sexta-feira antes da Páscoa. Por esse motivo, no domingo anterior à Páscoa, recordava-se a morte de Cristo para, na semana seguinte, os fiéis celebrarem sua Ressurreição. Mesmo após a instituição do Tríduo Pascal, manteve-se essa tradição litúrgica, sobretudo para que os fiéis impossibilitados de celebrar o Tríduo – como em países de minoria cristã – possam vivenciar liturgicamente o mistério da Paixão. Além disso, a recordação desses dois momentos convida a que se medite sobre o possível fato de que a multidão que aclama Jesus como o “Filho de Davi” pode ser a mesma que grita “Crucifica-o” dias depois.

A liturgia dos demais dias da Semana Santa ressalta momentos que antecedem a Paixão do Senhor, entre os quais a cena da mulher que lava os pés de Jesus com perfume (na segunda-feira); o anúncio da Sua própria morte, causando sofrimento aos discípulos (na terça-feira); e a traição de Judas, que se dirige aos chefes dos sacerdotes e se oferece para entregar Jesus (na quarta-feira).

Missa do Crisma

Naquele tempo, Jesus foi à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos, e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. Depois, fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. (Lc 4,16-21)

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na manhã da Quinta-feira Santa, acontece a Missa do Crisma, assim chamada porque nela são abençoados os óleos usados nos sacramentos do Batismo e Unção dos Enfermos e é consagrado o óleo do Crisma, utilizado nos sacramentos do Batismo, Confirmação, nas ordenações sacerdotais e episcopais, além das dedicações de altares e templos. Também nesta celebração, os padres renovam suas promessas sacerdotais diante do bispo ou do arcebispo, por ocasião da recordação da instituição do sacerdócio. Essa missa é considerada uma das principais manifestações da plenitude do sacerdócio do bispo e sinal da íntima união dos presbíteros com ele. Em algumas dioceses, especialmente no interior, essa celebração acontece na quarta-feira à noite ou mesmo nos dias anteriores, para que os padres possam se deslocar à catedral e retornar às suas paróquias a tempo de celebrar o Tríduo Pascal.

OS ÓLEOS

A origem do uso dos óleos nos sacramentos é bíblica, com referências a cada um deles na tradição e no magistério da Igreja. Antes do Concílio Vaticano II, o óleo usado nos sacramentos devia ser exclusivamente o azeite de oliva. Mas, considerando a dificuldade de se conseguir a matéria prima em algumas localidades, São Paulo VI ouviu o pedido de numerosos bispos e permitiu a adoção de outro tipo de óleo, “o qual, todavia, deve ser extraído de plantas, enquanto é mais semelhante à matéria designada na Sagrada Escritura”, segundo definiu na constituição apostólica Sacram Unctionem Infirmorum – sobre o Sacramento da Unção dos Enfermos.

O Óleo dos Catecúmenos é utilizado no sacramento do Batismo, quando é ungido o peito de quem é batizado;

O Óleo dos Enfermos é conferido àqueles que es[1]tão doentes ou em perigo de vida, ungindo-os na fronte e nas mãos;

O Óleo do Crisma é consagrado durante a celebração e conferido exclusivamente pelo bispo. Durante a consagração, é misturado bálsamo a este óleo, o que lhe confere um cheiro agradável. Também há o sopro do bispo, como sinal do Espírito Santo;

O Pontifical Romano ensina que “é com o Santo Crisma consagrado pelo bispo que os recém-batizados são ungidos e que os confirmados são marcados”. Assim, após receber a água do Batismo, é feita a unção pós-batismal com óleo do Crisma, cuja oração pede que o Espírito Santo consagre aqueles novos cristãos com o óleo santo “para que participem da missão do Cristo, Sacerdote, Profeta e Rei; e sigam os passos de Jesus, permanecendo no seu povo até a vida eterna”.

Também são ungidos com o óleo consagrado: Aqueles que recebem o sacramento da Crisma, conferido enquanto o ministro traça o sinal da cruz sobre a fronte do crismando e pronuncia as palavras da fórmula; Os ministros ordenados, sendo os presbíteros nas mãos e os bispos na cabeça.

TRÍDUO PASCAL

Desde o início do Cristianismo, todo domingo é dia privilegiado para a celebração da Páscoa da Ressurreição do Senhor. A partir do século II, os cristãos passaram a realizar uma celebração anual maior, inspirados na celebração judaica da Páscoa e, em torno disso, desenvolveu-se o Tríduo Pascal.

O Tríduo Pascal é como se fosse uma única celebração, em três dias, por meio da qual se torna presente a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. É iniciado Quinta-feira Santa, com a Missa Vespertina da Ceia do Senhor. “Jesus fez desta última Ceia com os Apóstolos o memorial da sua oblação voluntária ao Pai para a salvação dos homens: ‘Isto é o meu Corpo, que vai ser entregue por vós’ (Lc 22,19). ‘Isto é o meu ‘Sangue da Aliança’, que vai ser derramado por uma multidão, para remissão dos pecados’ (Mt 26,28)” (CIC 610).

Missa da Ceia do Senhor

Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: “Compreendeis o que acabo de fazer? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”. (Jo 13,12-15)

O Tríduo Pascal é como se fosse uma única celebração, em três dias, por meio da qual se torna presente a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. É iniciado Quinta-feira Santa, com a Missa Vespertina da Ceia do Senhor. “Jesus fez desta última Ceia com os Apóstolos o memorial da sua oblação voluntária ao Pai para a salvação dos homens: ‘Isto é o meu Corpo, que vai ser entregue por vós’ (Lc 22,19). ‘Isto é o meu ‘Sangue da Aliança’, que vai ser derramado por uma multidão, para remissão dos pecados’ (Mt 26,28)” (CIC 610).

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na última Ceia, o Senhor instituiu a Eucaristia ao oferecer o Seu Corpo e o Seu Sangue – sob as espécies do Pão e do Vinho – e, também, o Sacerdócio. “Jesus incluiu os Apóstolos na sua própria oferenda e pediu-lhes que a perpetuassem. Desse modo, instituiu os Apóstolos como sacerdotes da Nova Aliança: ‘Eu consagro-me por eles, para que também eles sejam consagrados na verdade’ (Jo 17,19)” (CIC 611).

E o sacerdócio instituído por Cristo inclui a dimensão do serviço ao próximo, pois o próprio Mestre deu o exemplo com o rito do lava-pés. Era costume que os servos do dono da casa lavassem os pés dos convidados quando estes chegavam. Jesus, porém, o faz no final da ceia não simplesmente como uma hospitalidade comum, mas ligando-o com uma atitude que deve nos acompanhar quando celebramos a Eucaristia: Jesus pôs a água na bacia e começou a lavar os pés dos apóstolos. No final deste gesto, Ele explica: “Se eu lavei os pés de vocês, também vocês devem lavar os pés uns dos outros. Façam isto lembrando de mim [‘Eis que lhes dei o exemplo, para que, como eu fiz, vocês também o façam’ (Jo 13,15)]”. Lavar os pés era um gesto simbólico naquele momento, pois significava uma atitude de colocar-se a serviço uns dos outros, de verdadeira fraternidade, de solicitude, de cuidado uns com os outros.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Ao término da missa, é feita a transladação do Santíssimo Sacramento para um lugar preparado, a fim de serem adoradas e conservadas as partículas consagradas para a comunhão da Sexta-feira Santa. O altar é desnudado e todos os adornos do presbitério são retirados.

Recordando a agonia e a oração do Senhor no monte das Oliveiras, os fiéis assumem a atitude de vigília e oração que Cristo pediu aos apóstolos (cf. Lc 22,39-46).

Paixão do Senhor

Ei-lo, o meu Servo será bem-sucedido; sua ascensão será ao mais alto grau. Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo – tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano –, do mesmo modo Ele espalhará sua fama entre os povos. Diante Dele, os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrado e conhecendo coisas que jamais ouviram. Quem de nós deu crédito ao que ouvimos? E a quem foi dado reconhecer a força do Senhor? (Is 52,13–53,1)

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A Sexta-feira Santa é o dia dedicado à memória da Paixão e Morte do Senhor. O silêncio, o jejum e a oração marcam este dia, o único do ano em que não é celebrada a missa, mas a Ação Litúrgica da Paixão do Senhor, às 15h, horário em que o Cristo foi morto. “A morte de Cristo é, ao mesmo tempo, o sacrifício pascal que realiza a redenção definitiva dos homens por meio do ‘Cordeiro que tira o pecado do mundo’, e o sacrifício da Nova Aliança que restabelece a comunhão entre o homem e Deus, reconciliando-o com Ele pelo ‘sangue derramado pela multidão, para a remissão dos pecados” (CIC 613).

Essa liturgia é iniciada em profundo silêncio. Quem a preside, prostra-se diante do altar desnudado, enquanto a assembleia de fiéis se ajoelha, simbolizando a coparticipação no sofrimento do Senhor e a humilhação do homem terreno. Na liturgia, é proclamada a narrativa da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo o Evangelho de João (Jo 18,1–19,42), que apresenta em detalhes o drama da morte de Cristo.

Nesta celebração também ocorre a Oração Universal, após a homilia, em que são dirigidas preces a Deus pela Santa Igreja, pelo Papa, por todas as ordens e categorias de fiéis, pelos catecúmenos, pelos que creem no Cristo, pelos judeus (aos quais o Senhor Deus falou em primeiro lugar), pelos que não creem no Cristo, pelos que não reconhecem a Deus, pelos governantes e pelos que sofrem provações.

Um dos momentos centrais é a Adoração à Santa Cruz, uma tradição iniciada por volta do século IV, quando se venerava a Cruz em que Cristo foi crucificado, a qual estava conservada em Jerusalém. A cruz, revestida com um pano vermelho, é solenemente apresentada à comunidade e, posteriormente, desnudada pelo presidente da ação litúrgica. Depois, é colocada à frente do presbitério para a veneração dos fiéis, que podem tocá-la e beijá-la. O Catecismo da Igreja Católica ensina que “a cruz é o único sacrifício de Cristo, mediador único entre Deus e os homens, mas porque, na sua pessoa divina encarnada, ‘Ele Se uniu, de certo modo, a cada homem’, ‘a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal, por um modo só de Deus conhecido’. Convida os discípulos a tomarem a sua cruz e a segui-Lo porque sofreu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigamos os seus passos” (CIC 618).

E ainda que não se celebre a Eucaristia neste dia, posto que todo o ato é dedicado ao memorial da Paixão e Morte de Jesus, é feita a comunhão eucarística, com as hóstias que foram consagradas na missa da noite anterior, gesto que também expressa a participação dos fiéis na morte salvadora de Cristo.

Ainda na Sexta-feira Santa é realizada a Via-sacra ou “Via-crucis”, uma tradição que ajuda a meditar, por meio das 14 estações, o caminho doloroso que Jesus percorreu até ser crucificado e morto no Monte Calvário.

Vigília Pascal: ‘Cristo ontem e hoje, Princípio e Fim, Alfa e Ômega’

Será que ignorais que todos nós, batizados em Jesus Cristo, é na sua morte que fomos batizados? Pelo Batismo na sua morte, fomos sepultados com Ele, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também nós levemos uma vida nova. Pois, se fomos de certo modo identificados a Jesus Cristo por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a Ele também pela Ressurreição (Rm 6,3-5).

Vatican Media

A manhã e a tarde do Sábado Santo são marcadas pelo silêncio e contemplação de Jesus morto e sepultado.

Esse silêncio só é interrompido à noite, com a celebração da solene Vigília Pascal, que anuncia a Ressurreição de Jesus Cristo.

“No seu plano de salvação, Deus dispôs que o seu Filho não só ‘morresse pelos nossos pecados’ (1 Cor 15,3), mas também ‘saboreasse a morte’, isto é, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre a sua alma e o seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado de Cristo morto é o mistério do sepulcro e da descida à mansão dos mortos. É o mistério do Sábado Santo, em que Cristo, depositado no túmulo, manifesta o repouso sabático de Deus depois da realização da salvação dos homens, que pacifica todo o universo” (CIC 624).

Essa que é considerada a mãe de todas as vigílias começa com o Lucernário, que compreende a bênção do fogo novo e do Círio Pascal: inicialmente, quem preside a vigília grava a cruz no Círio; depois o ornamenta com as letras gregas Alfa e Ômega – ‘Cristo ontem e hoje, Princípio e Fim, Alfa e Ômega. Dele é o tempo e a eternidade. A Ele a glória e o poder. Pelos séculos dos séculos’ –; e com os cinco cravos, que simbolizam as chagas de Cristo na cruz. O Círio, então, é aceso (simbolizando o Cristo ressuscitado, a Luz do mundo) e a partir dele são acessas as velas dos fiéis. Em procissão, todos adentram o templo – que está com as luzes apagadas – tendo à frente o Círio Pascal, a luz que guia em meio às trevas e que indica o caminho à terra prometida. Com todos em pé e com as velas ainda acessas, o presidente da celebração incensa o Círio Pascal e, então, há a proclamação da Páscoa, com o canto Exulte, que anuncia a alegria pela vitória de Cristo sobre as trevas.

Na sequência, a Liturgia da Palavra perpassa toda a história da salvação, mostrando como outrora Deus salvou o seu povo e agora envia seu Filho como o Redentor da humanidade. Ocorre quase que como um diálogo: Deus se dirige ao povo por meio das leituras (sete ao todo) e este lhe responde com salmos e orações. Antes da passagem ao Novo Testamento – com duas leituras, uma delas extraída das cartas de Paulo e outra a proclamação do Evangelho –, é entoado o canto do Glória e todas as luzes do templo se acendem, em sinal de que Deus iluminou esta noite santa com a glória da Ressurreição do Senhor e faz despertar na Igreja o espírito filial para que todos, inteiramente renovados, possam servi-lo de todo o coração.

Antes da proclamação do Evangelho da Ressurreição, é entoado solenemente o Aleluia, aclamação omitida durante toda a Quaresma.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Também é parte desta celebração a Liturgia Batismal. Estando a comunidade reunida para testemunhar a passagem de Cristo da morte para a vida, ela mesma renasce e terá vida nova por meio dos sacramentos: pelo Batismo, será incorpora- da a Cristo em sua Páscoa; pela Crisma, receberá o Espírito Santo; pela Eucaristia, participará do memorial da Morte e Ressurreição do Senhor.

Esse momento da liturgia compreende a Ladainha de todos os santos (pela qual a Igreja peregrina sobre a terra se une à Jerusalém celeste), a bênção da água e sua aspersão na assembleia de fiéis, a administração dos sacramentos do Batismo e da Confirmação aos catecúmenos que se preparam para tal; e a renovação das promessas batismais – “Renovemos as promessas do nosso Batismo, pelas quais já renunciamos a satanás e suas obras, e prometemos servir a Deus na Santa Igreja Católica”.

Por fim, ocorre a Liturgia Eucarística, o ápice da Noite Pascal e de toda a vida sacramental da Igreja, em que Cristo Ressuscitado nos faz participar do Seu Corpo e do Seu Sangue, como memorial de Sua Páscoa.

Pesquisa e redação dos textos: Daniel Gomes e Fernando Geronazzo

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