‘A Quaresma nos chama de novo para o centro de nossa fé’

Afirmou o Cardeal Scherer, na missa da Quarta-feira de Cinzas, na Catedral da Sé

Fotos: Luciney Martins /O SÃO PAULO

O Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu na tarde da Quarta-feira de Cinzas, 2, a missa com o rito de imposição das cinzas, celebração que inicia o tempo da Quaresma. Nessa ocasião, a Igreja no Brasil também abre a Campanha da Fraternidade que, em 2022, destaca a temática da Educação.

Atendendo ao apelo do Papa Francisco, a Arquidiocese de São Paulo se une a toda a Igreja no dia de jejum e oração pela paz na Ucrânia. “Peçamos a Deus não só a paz entre os povos, mas também o direito, a justiça, sabedoria na gestão dos conflitos, para que não seja preciso recorrer às armas”, afirmou Dom Odilo.

TEMPO FAVORÁVEL

Na homilia, o Arcebispo de São Paulo enfatizou que a Igreja proporciona o “tempo favorável” da Quaresma em preparação para a Páscoa, maior de todas as celebrações da Liturgia e núcleo central da fé e da vida dos cristãos. “Durante esse período, somos chamados a nos voltarmos para Deus de forma renovada, ouvindo e acolhendo a Palavra de Deus, fazendo penitência para a conversão e nos preparando para a renovação das promessas batismais na celebração da Páscoa”, acrescentou.

Dom Odilo sublinhou, ainda, que o tempo quaresmal não é um período fechado em si mesmo, mas voltado para o mistério pascal, convidando cada cristão a reassumir, com renovadas disposições, “a vida nova em Cristo ressuscitado, da qual participamos pelo Batismo”.

“Ao longo da vida, nem sempre somos fiéis e coerentes com essa graça tão grande; cansamos, desanimamos, desviamo-nos do caminho, perdemos de vista a meta, esquecemos os mandamentos de Deus e agimos como se nem fôssemos cristãos. Pecamos e precisamos de conversão. A Quaresma nos chama de novo para o centro de nossa fé e a renovarmos nossas disposições para viver como discípulos de Jesus Cristo e membros da sua Igreja”, afirmou o Purpurado.

Luciney Martins /O SÃO PAULO

Para ajudar a viver com maior proveito esse tempo de graça, a Igreja propõe três exercícios ou práticas quaresmais: o jejum, a esmola e a oração. “O jejum ‘religioso’, assumido como forma voluntária de penitência, lembra-nos de que a vida não se resume ao alimento do corpo e na satisfação das necessidades e desejos terrenos. É preciso buscar ‘o pão que desceu do céu para dar vida ao mundo’ (cf. Jo 6,51), o alimento da Palavra de Deus, que molda nossa vida e nos educa”, explicou o Arcebispo.

Sobre a esmola, o Cardeal Scherer afirmou que esse termo se refere à prática da caridade, às obras de misericórdia em gral e à verdadeira solidariedade e fraternidade. “Talvez seja o campo em que mais precisamos nos converter, pois o egoísmo e o individualismo podem ser tentações e modos de vida muito arraigados em nós e na cultura circunstante”, frisou.

Nessa dimensão da vivência quaresmal, acrescentou o Arcebispo, também se insere a Campanha da Fraternidade que, no Brasil, a cada ano, aborda alguma questão do convívio social em que se faz necessária a conversão e o crescimento na caridade e fraternidade. “A fraternidade concreta para com o próximo é inseparável do amor a Deus. Neste ano, a Campanha da Fraternidade nos questiona se a Educação ajuda a promover a fraternidade ou não. A questão é muito séria e merece toda a nossa atenção”, disse.

Sobre a oração, Dom Odilo salientou que esta consiste no exercício e alimento da fé, expressão da busca de Deus. “Como cristãos, temos as várias formas de oração: pessoal, em família, ou grupos, é muito recomendada como exercício diário. A Igreja recomenda a oração nos diversos momentos do dia: pela manhã, ao despertar; ao meio-dia; no final do dia e ao nos recolhermos para o descanso”, continuou, reforçando que a missa dominical é a oração central de toda a semana e não deve faltar na vida dos católicos.

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