Alta de casos de COVID-19 reacende alerta para cuidados preventivos e a vacinação

Ophas

As autoridades sanitárias e os especialistas em saúde estão em alerta para o aumento de casos de COVID-19 no Brasil. Na aferição semanal de 5 a 11 de novembro, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) computou que 39,9% dos testes realizados em laboratórios particulares deram resultado positivo. Na semana anterior, o percentual foi de 23,1%. Há cerca de um mês, a positividade era inferior a 4%. 

No boletim Infogripe, referente à semana epidemiológica de 6 e 12 de novembro, o Observatório Covid-19 da Fiocruz indicou o crescimento de casos, especialmente entre a população adulta, em 12 estados, entre os quais São Paulo. “É esperado que esses números sejam maiores do que já observamos nesta atualização, podendo inclusive aumentar o número de estados em tal situação”, consta em um trecho do boletim. 

No dia 15, pela primeira vez desde 27 de julho, o estado de São Paulo registrou mais de 300 internações diárias de pessoas com suspeita ou com diagnóstico confirmado de COVID-19. Também na capital paulista, há o avanço da doença. 

“No nosso acompanhamento diário, registramos um aumento no número de casos de COVID-19, mas o número de internações em UTI foi menor em proporção aos registros que ocorreram em períodos passados. Hoje, estamos com 178 casos no total, sendo 34 em UTI, com 83% de pessoas com mais de 60 anos de idade”, detalhou o prefeito Ricardo Nunes, na sexta-feira, 18.

NOVAS VARIANTES

Esse aumento de casos no País está sendo impulsionado pela circulação da subvariante BQ.1 da ômicron, que já resultou em uma morte no estado de São Paulo. Ainda não há consenso na comunidade científica se essa subvariante causa sintomas mais graves que outras, mas já se mapeou que sua mutação dificulta que seja neutralizada pelo sistema imunológico.

Na quinta-feira, 17, o Instituto Butantan informou ter detectado pela primeira vez no Brasil duas novas sublinhagens da ômicron, a XBB.1 e a CK.2.1.1. “Não há dados sobre casos graves ou escape imune relatados. É provável que as mutações adicionais tenham acarretado em alguma vantagem de transmissão e escape imune em relação a outras sublinhagens de ômicron, mas isso necessita ser investigado”, disse, em entrevista ao site do instituto, o bioinformata Alex Ranieri.

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A VACINAÇÃO AINDA É A MELHOR ESTRATÉGIA

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou, no dia 11, a recomendação para que as pessoas completem o ciclo vacinal contra a COVID-19, bem como se agilize a vacinação de crianças a partir dos 6 meses. Crianças indígenas e com comorbidades dessa idade até os 3 anos começaram a ser vacinadas na última semana após o Ministério da Saúde ter distribuído doses do imunizante da Pfizer desenvolvido para esta faixa etária.

Até o dia 17, mais de 80% da população brasileira havia completado o ciclo de imunização, mas metade das pessoas ainda não tomou as doses de reforço. 

“A vacinação é a ação estratégica mais eficiente que nós temos para diminuir a circulação do vírus. Embora ela não seja capaz de proteger em 100% a pessoa do risco de infecção, pois o vírus sofre mutações, é a medida protetiva mais eficaz para uma comunidade, e quanto maior for a quantidade de vacinados, mais se impede que o vírus circule”, detalhou, ao O SÃO PAULO, a infectologista Ana Angélica Bulcão Portela, chefe da vigilância hospitalar do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER). 

Em nota técnica, no dia 10, o conselho gestor da Secretaria de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde de São Paulo (SCPDS) também recomendou que os adultos com mais de 18 anos recebam as doses de reforço, pediu que se aumente a cobertura vacinal de crianças e adolescentes e reforçou “a necessidade de disponibilidade de tratamento com antivirais a pessoas com COVID-19 com sintomas leves ou moderados, especialmente nos grupos vulneráveis para evitar quadros graves que possam levar à internação e eventualmente a perda de vidas”. 

AS MÁSCARAS AINDA SÃO FUNDAMENTAIS

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), em nota no dia 11, disse ser recomendável que as pessoas continuam a usar máscaras e a manter o distanciamento social, “evitando situações de aglomeração principalmente pela população mais vulnerável, como idosos e imunossuprimidos”.

Indicativo similiar fez o SCPDS, no dia 10, apontando para “a utilização de máscaras em situações de maior risco de transmissão do vírus, como no transporte público”. O órgão também faz tal recomendação para a ida “em serviços de saúde, incluindo farmácias, onde há maior probabilidade de pessoas sintomáticas procurarem testagem e medicamentos sintomáticos para quadros gripais”.  

“Eu recomendaria usar a máscara nos meios de transporte coletivo, em ambientes com grande circulação, como os shoppings, e em lugares em que haja pessoas mais fragilizadas, como as instituições de repouso para idosos. Além disso, teremos agora a Copa do Mundo, com possíveis aglomerações em bares e outros locais para se assistir aos jogos, e se as pessoas estiverem sem máscara há muito risco de transmissão do vírus”, comentou a infectologista do IIER.  

Na segunda-feira, 21, a Prefeitura de São Paulo iniciou a distribuição de 1 milhão de máscaras descartáveis em terminais de ônibus, onde também serão instaladas tendas para a vacinação contra a COVID-19.

Em nota à reportagem, a Secretaria Municipal da Saúde destacou a necessidade de que as pessoas completem o ciclo vacinal com as doses adicionais, e lembrou que a vacinação é ofertada de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs)/UBS Integradas, sendo que nestas últimas também é possível se vacinar aos sábados nos mesmos horários.

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O QUE FAZER AO APRESENTAR SINTOMAS?

De modo geral, os sintomas da COVID-19 não mudam em razão das variantes do vírus. Os mais comuns são tosse, febre ou calafrios, falta de ar e dificuldade para respirar, dores musculares ou no corpo, dor de cabeça, perda de olfato ou do paladar, dor de garganta, congestão nasal ou nariz escorrendo, náusea ou vômito e diarreia.

A infectologista Ana Angélica lembrou que a realização do autoteste pode ser uma boa atitude de quem suspeita estar com a COVID-19, mas que é preciso estar atento ao “falso negativo” e ir ao atendimento de saúde se os sintomas persistirem. “Não se pode negligenciar. Cada pessoa precisa pensar que pode ter contato com idosos, diabéticos e outros mais fragilizados que terão maior risco de adoecer gravemente se contraírem o vírus”, comentou. 

CUIDAR DE SI E DO PRÓXIMO

Na Arquidiocese de São Paulo, continua em vigor a recomendação para que nos  ambientes  internos das igrejas e organizações eclesiais seja mantido o uso das máscaras e que se tomem outros cuidados, como a higienização das mãos, a limpeza e a ventilação dos ambientes.

Quanto a estar com a vacinação em dia contra a COVID-19, este foi um pedido feito até pelo Papa Francisco, em uma mensagem de vídeo aos povos da América Latina em agosto de 2021: “Vacinar-se, com vacinas autorizadas pelas autoridades competentes, é um ato de amor. E ajudar que a maioria das pessoas se vacinem também é um ato de amor: amor por si mesmo, pelos familiares e amigos, amor por todos os povos”. 

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