Aproxima-se a chegada de Francisco à Hungria e à Eslováquia

Prestes a completar a 34ª viagem de seu pontificado, que marca a etapa de 54 países visitados até agora, o Papa se prepara para uma breve jornada à Europa Centro-Oriental, entre os dias 12 e 15 deste mês.

Foto: Ashwin Vaswani / Unsplash

Dadas as imposições de isolamento social em virtude da pandemia de COVID-19 e também em decorrência do período de convalescência da cirurgia que sofreu no intestino há 66 dias, o Papa Francisco realizará agora a sua primeira peregrinação a outros países em 2021.

“Estas visitas são um sinal importante do empenho do sucessor de Pedro pelo povo de Deus, difundido em todo o mundo, e do diálogo da Santa Sé com os Estados”, disse o Papa. “Frequentemente, também oferecem a oportunidade de promover, em espírito de partilha e diálogo, boas relações entre as diferentes religiões”.

Objetivos

Segundo Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, trata-se de “uma peregrinação ao coração da Europa, durante a qual o Papa abordará temas que interessam a todo o continente”, mas, sobretudo, quer ser “uma viagem espiritual”, que começa com a adoração da Eucaristia [na Hungria] e termina com a invocação orante a Nossa Senhora das Dores [na Eslováquia] que, neste século, nunca deixou de zelar pelas terras eslavas feridas por um regime repressivo da fé e da liberdade religiosa.

Nessas breves palavras se condensam os quatro dias, de 12 a 15 deste mês, que Francisco viverá, primeiro em Budapeste, capital da Hungria, para celebrar o encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional; depois na Eslováquia, com uma etapa na capital Bratislava e em outras três cidades: Prešov, Košice e Šaštin.

Motivações

Participantes do Congresso Eucarístico Internacional em Budapeste, na Hungria (foto: Arquidiocese de EsztergomBudapeste)

“É uma peregrinação em honra do Santíssimo Sacramento”, frisou o porta-voz vaticano, lembrando que a gênese desta viagem remonta ao desejo do Papa de estar perto das centenas de homens e mulheres que, desde o dia 5, participam do Congresso Eucarístico Internacional, em Budapeste. Francisco presidirá a missa final, chamada Statio Orbis, ou seja, a celebração que simbolicamente reúne toda a Igreja de Cristo e expressa a unidade cristã.

No contexto de um passado cercado de histórias de martírio naquela região europeia, em que figuras como a do Cardeal húngaro József Mindszenty ou do Cardeal eslovaco Ján Chryzostom Korec brilham entre os pilares da Igreja clandestina eslovaca, o Papa quer voltar o olhar “ao futuro da evangelização e da missão”. E, para fazer isso, ele quis, sobretudo, os jovens ao seu lado, depois os representantes de outras confissões cristãs e de outras religiões, que encontrará durante um intenso programa, de apenas 72 horas, marcado por sete discursos, três homilias, uma saudação e um Angelus, todos pronunciados em italiano.

Ecumenismo e diálogo inter-religioso

“O sofrimento e o martírio uniram, mas também dividiram as diferentes confissões. Por isso os encontros ecumênicos são importantes”, observou Matteo Bruni. Ambos se realizarão no primeiro dia, domingo, 12 de setembro: o primeiro pela manhã com os representantes do Conselho Ecumênico de Igrejas, em Budapeste, no Museu de Belas Artes; o outro, à tarde, na Nunciatura de Bratislava.

Tão importante nesta viagem papal, destacou o porta-voz, é o encontro com as comunidades judaicas, também herdeiras de uma longa história de sofrimentos agravados pelas deportações do regime nazista. Uma comunidade que foi reduzida a 20 mil membros depois da guerra, e antes contava 136 mil membros. Destes, 15 mil viviam em Bratislava até 1940, e apenas 3,5 mil sobreviveram, vendo seu patrimônio arquitetônico ser destruído após a Segunda Guerra Mundial e encontrando indiferença e hostilidade.

Apenas as mudanças políticas após a queda do comunismo, em 1989, levaram ao renascimento da vida judaica. O que o Papa encontrará em 13 de setembro na Praça Rybné námestie, onde se encontra um memorial da Shoah, será de fato uma comunidade muito ativa, promotora de atividades religiosas, culturais e educacionais.

Cenário

Com uma população de pouco mais de 9,6 milhões de habitantes, a Hungria tem no catolicismo sua religião majoritária, com 61% de fiéis. A Eslováquia, por sua vez, possui 74% de católicos numa população que se aproxima dos 5,5 milhões de pessoas. Juntos, os países abrigam em torno de 15 milhões de pessoas, dos quais os católicos constituem aproximadamente 10 milhões de fiéis.

Esse contingente encontra assistência espiritual em 3.912 paróquias e centros pastorais, que contam com 5.153 sacerdotes, 52 bispos e 4.306 catequistas.

Ambos os países vivem, porém, uma crescente secularização, e a expectativa dos líderes da Igreja local é de que a visita do Papa possa trazer novo vigor à fé dos cristãos naqueles territórios. Segundo o Cardeal Peter Erdo, Arcebispo de Esztergom-Budapeste e Primaz da Hungria, a presença de Francisco é “um sinal de renascimento após mais de um ano de pandemia”.

Comitiva

Além de um médico e enfermeiras que o acompanharão durante a viagem, na comitiva papal estarão presentes os chefes da Secretaria de Estado: Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado; o substituto, o Arcebispo venezuelano Dom Edgar Peña Parra, e o Secretário das Relações com os Estados, Monsenhor Paul Richard Gallagher. Além destes, estarão também os Cardeais Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação das Igrejas Orientais, e Miguel Ángel Ayuso Guixot, Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso. Conforme a tradição, na comitiva de Francisco estará também um funcionário do Vaticano, desta vez do Governatorato.

Fontes: Vatican News, Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé, Franciscanos.org e Worldometer

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