Até os confins do mundo, como testemunhas de Cristo, com a força do Espírito Santo

A Igreja celebra, no domingo, 23, o Dia Mundial das Missões. Em mensagem para a data, o Papa Francisco lembra que a Igreja é, por sua natureza, missionária, e usa três expressões-chave para resumir os alicerces da vida e da missão dos discípulos de Jesus: “Sereis minhas testemunhas”, “até os confins do mundo” e “recebereis a força do Espírito Santo”. 

O primeiro ponto é um chamado para que se testemunhe Jesus onde quer que a pessoa esteja: “Tal como Cristo é o primeiro enviado, ou seja, missionário do Pai (cf. Jo 20,21) e, enquanto tal, a sua ‘Testemunha fiel’ (Ap 1,5), assim também todo cristão é chamado a ser missionário e testemunha de Cristo. E a Igreja, comunidade dos discípulos de Cristo, não tem outra missão senão a de evangelizar o mundo, dando testemunho de Cristo”. 

O Pontífice ressalta que a missão deve ser realizada em conjunto e não individualmente, sempre em comunhão com a comunidade eclesial, e que os missionários “não são enviados para comunicar a si mesmos, mostrar as suas qualidades e capacidades persuasivas ou os seus dotes de gestão. Em vez disso, têm a honra sublime de oferecer Cristo, por palavras e ações, anunciando a todos a Boa-Nova da sua salvação com alegria e ousadia, como os primeiros apóstolos”. 

Francisco também lembra que “é fundamental, para a transmissão da fé, o testemunho de vida evangélica dos cristãos. Por outro lado, continua igualmente necessária a tarefa de anunciar a pessoa de Jesus e a sua mensagem”, devendo, na evangelização, caminhar lado a lado o exemplo de vida cristã e o anúncio de Jesus, em todos os ambientes da vida. 

UMA MISSÃO DE EVANGELIZAÇÃO UNIVERSAL 

O segundo alicerce mostra o caráter universal da missão dos discípulos, enviados a todos os confins da terra: “Os Atos dos Apóstolos nos narram este movimento missionário, que nos dá uma imagem muito bela da Igreja ‘em saída’ para cumprir a sua vocação de testemunhar Cristo Senhor, orientada pela Providência divina por meio das circunstâncias concretas da vida. Com efeito, os primeiros cristãos foram perseguidos em Jerusalém e, por isso, dispersaram-se pela Judeia e a Samaria, testemunhando Cristo por toda a parte” (cf. At 8,1.4). Francisco diz que algo semelhante acontece nos dias atuais, diante das perseguições religiosas, guerras e violências, razão pela qual “o cuidado pastoral dos migrantes é uma atividade missionária que não deve ser descurada, pois poderá ajudar também os fiéis locais a redescobrir a alegria da fé cristã que receberam”.

Lembra o Papa que a indicação “até os confins do mundo” deve interpelar os discípulos para testemunharem o Cristo além dos lugares habituais: “Hoje, apesar de todas as facilidades resultantes dos progressos modernos, ainda existem áreas geográficas aonde não chegaram os missionários testemunhas de Cristo com a Boa-Nova do seu amor […] a missão será sempre também missio ad gentes, como nos ensinou o Concílio Vaticano II (veja-se, por exemplo, o Decreto Ad Gentes, sobre a atividade missionária da Igreja, 07/XII/1965), porque a Igreja terá sempre de ir mais longe, mais além das próprias fronteiras, para testemunhar a todos o amor de Cristo”, prosseguiu. 

FORTALECER-SE E GUIAR-SE PELO ESPÍRITO 

Francisco lembra, ainda, que, “ao anunciar aos discípulos a missão de serem suas testemunhas, Cristo ressuscitado prometeu também a graça para uma tão grande responsabilidade: ‘Recebereis a força do Espírito Santo e sereis minhas testemunhas’ (At 1,8)”. 

É o Espírito o verdadeiro protagonista da missão, aquele que fortalece, dá coragem e sabedoria aos missionários para testemunhar Jesus, razão pela qual “cada discípulo missionário de Cristo é chamado a reconhecer a importância fundamental da ação do Espírito, a viver com Ele no dia a dia e a receber constantemente força e inspiração Dele. Mas, precisamente quando nos sentirmos cansados, desmotivados, perdidos, lembremo-nos de recorrer ao Espírito Santo na oração (esta – permiti-me destacá-lo mais uma vez – tem um papel fundamental na vida missionária), para nos deixarmos restaurar e fortalecer por Ele, fonte divina inesgotável de novas energias e da alegria de partilhar com os outros a vida de Cristo”. 

O Pontífice também faz menção aos aniversários missionários celebrados em 2022: os 400 anos da Propaganda Fide, criada em 1622; os 200 anos da Associação para a Propagação da Fé, fundada pela jovem francesa Pauline Jaricot em 1822, como uma rede de oração e coleta para os missionários, iniciativa que deu origem ao Dia Mundial das Missões e a arrecadação para o fundo universal voltado às missões; a Obra da Santa Infância, pelo bispo francês Charles de Forbin-Janson; a Obra de São Pedro Apóstolo, iniciada pela senhora Jeanne Bigard, para apoio dos seminaristas e sacerdotes em terras de missão; e a Pontifícia União Missionária, por iniciativa do Beato Paolo Manna, para sensibilizar e animar para a missão dos sacerdotes, religiosos e de todo o povo de Deus. 

Ao fim da mensagem, o Papa diz que continua “a sonhar com uma Igreja toda missionária e uma nova estação da ação missionária das comunidades cristãs”.

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