Conselho do Arquivo Metropolitano tem missão de zelar pela memória da Igreja em São Paulo

Constituído em 29 de abril, o Conselho de Administração do Arquivo Metropolitano Dom Duarte Leopoldo e Silva tem o objetivo de zelar pelo patrimônio religioso, eclesiástico, histórico e cultural da Arquidiocese de São Paulo. 

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Instituído em 1918, por Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro Arcebispo de São Paulo, o Arquivo Metropolitano de São Paulo segue uma disposição do Código de Direito Canônico, que prevê que em cada cúria diocesana deve ser instalado um arquivo diocesano, “onde se guardem, dispostos na ordem devida e diligentemente fechados, os documentos e escrituras relativos aos assuntos diocesanos não só espirituais, mas também temporais”. 

O Arquivo Metropolitano, localizado no bairro do Ipiranga, possui a maior diversidade de séries documentais e processos entre registros de Batismo, Matrimônio e Óbito, processos eclesiásticos, fotografias, partituras musicais, plantas e projetos arquitetônicos, testamentos e inventários. 

Em 1921, Dom Duarte teve uma iniciativa inédita nas dioceses da época e que é realizada até hoje: a criação de “livros duplicatas” de Batismo e Casamento, isto é, cada paróquia possui uma cópia dos registros desses sacramentos em um segundo livro, que, depois de preenchidos, são encaminhados ao Arquivo. Desse modo, foi criada uma espécie de backup analógico dos registros. 

Para cada paróquia que pertence ou pertenceu à Arquidiocese de São Paulo existem pastas de documentações avulsas. Quando criada, em 1745, a então Diocese de São Paulo abrangia os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o sul de Minas Gerais. Portanto, o Arquivo possui documentos dessas regiões pelo menos até o período de abrangência da Igreja particular de São Paulo. 

ACERVO 

Em números, o acervo contém aproximadamente 4 milhões de registros de Batismo, desde 1640; 2,5 milhões de registros de Matrimônio, desde 1632; cerca de 300 mil registros de Óbito (anteriores à República); 12 mil livros manuscritos; 2 milhões de processos matrimoniais, desde 1640; 5 mil processos de habilitação de ordenação, desde 1686; cerca de 40 mil fotografias impressas, desde 1871; 250 partituras musicais dos séculos XVIII e XIX; 4 mil plantas e projetos arquitetônicos de igrejas. 

Uma das relíquias do Arquivo Metropolitano são os registros do Batismo (1798), Matrimônio (1813) e Óbito (1867) de Domitila de Castro Canto e Mello, a Marquesa de Santos, contidos nos livros da antiga Sé de São Paulo. 

O Arquivo Metropolitano é uma rica fonte de pesquisa para informações anteriores à República. “Antes da República, não havia cartórios. Com o regime do padroado, que vigorou no período colonial e do império, a Igreja era o grande cartório do Estado. Portanto, os principais registros da vida de uma pessoa, Batismo (nascimento), casamento e a morte, eram feitos pelas paróquias”, explicou Jair Mongelli Júnior, diretor técnico do Arquivo por mais de 30 anos, recordando que, mesmo com a criação dos cartórios, ainda no início do século XX, havia muitas pessoas que só foram batizadas e não tiveram registros de nascimento. 

Em 2006, o Arquivo Metropolitano começou o registro de depoimentos em vídeos de personagens da Igreja em São Paulo, entre clérigos, religiosos e leigos, que falam sobre suas histórias de vida ou sobre fatos históricos. A maior entrevista do acervo é do fundador da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese, Mário Simas, com 11 horas de duração. 

ESTATUTO 

O novo conselho, presidido pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, assume as atribuições até então confiadas à diretoria do Arquivo Metropolitano e terá como primeira missão a elaboração de um modelo de proposta de estatutos com as consequentes alterações no seu regimento interno, além de sua organização administrativa e pastoral. 

“O Arquivo Metropolitano é a ‘memória viva’ contada por documentos históricos da vida pastoral do povo da Arquidiocese de São Paulo e de outras dioceses. Além da própria maneira de viver da população paulopolitana, o arquivo diocesano tem a missão de garantir o respeito com o passado e a responsabilidade frente ao futuro da Igreja”, afirmou o Padre Zcarias José de Carvalho Paiva, Procurador da Mitra Arquidiocesana e um dos membros do conselho. 

O Sacerdote, que também é Coordenador da Cúria Metropolitana, informou que, em breve, para melhor servir o povo de Deus, o Arquivo irá ampliar seus horários de atendimento e seus canais de comunicação. 

O Arquivo é aberto à pesquisa de pessoas e entidades dentro de certas normativas semelhantes à do Arquivo do Vaticano, que estabelece o prazo de 70 anos para a liberação do acesso aos documentos, podendo haver exceções para determinadas circunstâncias. Atualmente, a procura maior é por pessoas em busca de informações de seus antepassados para o reconhecimento de cidadania estrangeira. Há também pesquisas acadêmicas nas áreas de História, Música, Arquitetura, Turismo, Teologia, Ciências da Religião, Sociologia, Direito, Educação, e inclusive de pesquisadores do exterior. 

INFORMAÇÕES
Telefones:
(11) 2272-3644 ou 2272-3726 
arquivo.curia.sp@terra.com.br 
Contatos: Jair e Estela 
Endereço: Avenida Nazaré, 993, Ipiranga. 

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