Em SP, Irmãs de Santa Marcelina desenvolvem ações para o bem-estar integral

Congregação religiosa mantém casa para a acolhida de pacientes e seus familiares vindos de outros estados e projeto para jovens por meio da comunidade católica Anawin

Fotos: Congregação das Irmãs de Santa Marcelina

Na zona Leste da capital paulista, as religiosas da Congregação das Irmãs de Santa Marcelina, com o apoio de leigos voluntários, acolhem na Casa de Emaús pacientes de outros estados que não têm condição de se manter em São Paulo durante os tratamentos para a cura do câncer e outras doenças complexas.

Criada em 2001, a “Casa de Emaús da Família Marcelina” é uma associação, sem fins lucrativos, idealizada por leigos voluntários que vivem o Carisma das Irmãs de Santa Marcelina. Para o ingresso na casa, o paciente e seu acompanhante passam por uma avaliação social, realizada pelo Serviço Social do Hospital Santa Marcelina. O ambiente é de carinho, atenção e de proximidade com a Palavra de Deus.

RECONHECER JESUS

“Nossa missão é acolher, oferecer uma moradia para pessoas que estão debilitadas, seja pela condição imposta pela doença, seja pela condição financeira e pela distância de sua família”, contou, ao O SÃO PAULO, Rubens Rodrigues de Oliveira, psicólogo, voluntário e um dos idealizadores da Casa de Emaús.

O voluntário enfatizou que o nome do ambiente recorda a passagem bíblica de Jesus no caminho de Emaús, onde ao caminhar os discípulos reconhecem Jesus ao partir o pão (Lc.24,13-35): “A Casa de Emaús representa Jesus, que é acolhido na pessoa que vem de longe necessitando de auxílio e amparo para o tratamento”.

Há uma capela com a figura de Jesus Ressuscitado, que, de braços abertos, acolhe a todos e no sacrário o episódio de Emaús. “A Capela é um lugar bastante frequentado pelos pacientes e seus acompanhantes, seja para pedir ou agradecer”, ressaltou Irmã Maria Aparecida Somenzari, 61, mentora do projeto junto aos leigos.

Ideli Madregal do Carmo é gestora de recursos humanos e voluntária na Casa de Acolhida. “Contribuir com essa obra é gratificante, sobretudo porque vemos pessoas chegarem tristes e desanimadas, e saírem após a alta hospitalar, com o coração agradecido por tudo”, afirmou.

CASA DE ESPERANÇA

Tais Bosa de Oliveira, 34, é natural de Rondonópolis (MT) e chegou à Casa Emaús em dezembro, com o esposo Paulo e os filhos João Pedro e o caçula Davi, próximo de completar 2 anos de idade, e que está em reablitação após um episódio de afogamento.  

“Precisávamos de um espaço para residir durante o tratamento do nosso filho. A Casa de Emaús é a nossa casa no momento. Aqui somos uma família unida e com amigos que estão na mesma luta que nós”, disse a mãe.

Maria Del Carmen Barrios, 50, deixou a Venezuela em busca de tratamento para a filha Marianyeli, 27, que após longo tratamento está à espera de um transplante de rim.

“Deixei tudo em busca da cura da minha filha. Saí da Venezuela sem dinheiro, mas com o coração cheio de esperança. Cheguei a Roraima e de lá fomos encaminhadas para São Paulo”, disse a migrante que está hospedada na Casa de Emaús.

COMUNIDADE ANAWIN

Outra ação da Congregação das Irmãs de Santa Marcelina é a Comunidade Católica Anawin, liderada por jovens e que tem transformado e resgatado vidas jovens, devolvendo-lhes a dignidade e proporcionando encontro consigo e com Deus.

Fundada em 1998, a Anawim acredita no poder da transformação dos jovens,  e busca libertá-los da dependência química, depressão, conflitos familiares e outras dificuldades de vida.

“Anawin em hebraico significa ‘os pobres de Deus’ ou os ‘disponíveis de Deus’, e os pobres são aqueles desprovidos de bens materiais, que experimentam o sofrimento e a injustiça por causa da sua condição de pequenez, fragilidade e dependência”, enfatizou Irmã Rosane Ghedin, 53, Diretora-Presidente da Rede de Saúde e Cultura Santa Marcelina, responsável pela Comunidade Anawin.

A religiosa enfatizou que a comunidade “reúne jovens para atividades de caráter sociorreligioso, promovendo ações educativas, de orientação e autoencontro, que servem como motivadores para a vida em sociedade”. Algumas  das atividades realizadas são o encontro de jovens, formações, grupo de oração, oração do Terço nas casas, adoração ao Santíssimo Sacramento, Santa Missa e teatro.

“Muito mais do que reunir os jovens, nossa missão é garantir o aprendizado a partir da experiência em comunidade, por meio da fé, de suas experiências pessoais, particulares e individuais. Nosso objetivo é mostrar que a força da união alida à experiência de vida cada um é capaz de transformar a própria história e ainda inspirar outros jovens”, falou a Religiosa.

Irmã Rosane enquanto apresentava o espaço da Comunidade à reportagem recordou histórias de vidas transformadas e que hoje são lideranças junto a Anawin.

“Jovens que saíram da drogadição e encontraram na vida em comunidade a fé, hoje são líderes comunitários; outros que deixaram o mundo do crime, estiveram presos e hoje inspiram e motivam outros jovens a ressignificar suas vidas”, recordou.

Quem chega a Anawin vê na entrada a imagem de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos “modelo de mãe que acolhe seu filho e o entrega à humanidade”, disse Irmã Rosane.

A Comunidade Católica Anawin fica na Rua Fontoura Xavier, 210; e a Casa de Emaús tem sua sede na Rua da Encerca, 10,  ambas no bairro Itaquera.

SOBRE A CONGREGAÇÃO

A Congregação das Irmãs de Santa Marcelina foi fundada pelo Beato Luigi Biraghi em 1838, na Itália, com o carisma da educação, saúde e assistência social.

As Irmãs estão presentes nos continentes americano, europeu e africano. No Brasil, atuam desde 1912 e estão em nove estados: Bahia, Brasília, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Na capital paulista, as religiosas se destacam em duas frentes de missão: o Hospital Santa Marcelina, em Itaquera, onde oferecem atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS), convênios e particulares; e o Colégio Santa Marcelina, na Zona Oeste.
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