Membros da assembleia sinodal começam a elaborar propostas para práticas pastorais e de evangelização

4a sessão da etapa final do sínodo arquidiocesano aconteceu no sábado, 3

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Após um detalhado processo de escuta, partilha e reflexão, os participantes da assembleia sinodal arquidiocesana começaram a formular, no sábado, 3, as propostas para práticas pastorais e de evangelização que traduzam o caminho de comunhão, conversão e renovação missionária percorrido no 1o sínodo arquidiocesano, iniciado em 2017.

A 4a sessão da assembleia sinodal, realizada na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom), começou com a celebração da Palavra, presidida por Dom Jorge Pierozan.

O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana refletiu sobre a Carta de São Paulo aos Romanos (Rm 12,1-8), na qual o Apóstolo dos Gentios aponta que o Espírito de Deus concede variados dons às pessoas, para que desempenhem as tarefas que lhes são confiadas. Diante disso, nessa sessão da assembleia, todos foram chamados a responder sobre o que devem fazer – como Igreja em São Paulo – para bem cumprir a missão dada por Jesus aos cristãos na cidade.

“Que nos trabalhos de hoje, especialmente para refletir sobre o que vimos e ouvimos, sobretudo na questão missionária, tenhamos em conta os dons recebidos por nós e pelos outros. Assim, faremos um bom caminho sinodal e o Senhor se agradará cada vez mais”, exortou Dom Jorge, ressaltando que o sínodo não é um ponto de chegada, e sim um caminho a ser percorrido com a virtude teologal da esperança.

UMA IGREJA QUE CAMINHA

Após a celebração, o Cardeal Odilo Pedro Scherer deu início aos trabalhos, transmitindo a todos a bênção apostólica que o Papa Francisco enviou à Arquidiocese, por meio do Arcebispo Metropolitano, que no fim de agosto participou do consistório, no qual o Pontífice criou 20 cardeais para a Igreja e falou aos purpurados sobre a reforma da Cúria Romana.

Dom Odilo recordou que o sínodo arquidiocesano é um caminho de comunhão, conversão e renovação missionária, o que indica que a Igreja não está parada, mas que se põe a caminhar com Jesus, sendo orientada por Ele.

O Arcebispo Metropolitano também enfatizou que a conversão é uma tarefa constante para todos na Igreja, de modo que, seja em âmbito pessoal, seja na vida comunitária, os católicos devem refletir se estão agindo conforme Jesus gostaria que fosse, um processo de discernimento em que sempre é preciso se colocar à escuta do que o Espírito Santo tem a dizer à Igreja.

CONVERSÃO E RENOVAÇÃO MISSIONÁRIA

Detendo-se no trabalho das comissões temáticas da assembleia sinodal, Dom Odilo enfatizou que elas não podem perder o horizonte da conversão e renovação missionária proposta pelo sínodo arquidiocesano.

“Se não cumprirmos a qualidade missionária da Igreja, deixamos de ser a Igreja que Jesus quis”, enfatizou, citando entre as ações missionárias frequentes a prática da caridade e o testemunho do leigo nas diferentes instâncias da vida pública e social.

“O sínodo está orientado por esta preocupação de conversão e renovação missionária da nossa Arquidiocese”, prosseguiu, enfatizando que os católicos não devem se contentar com um agir pastoral de mera conservação, e que precisam pensar em um horizonte missionário, de ir ao encontro das pessoas, uma vez que amplos são os campos de missão, a começar nas famílias, já que em muitas a transmissão da fé não tem ocorrido entre gerações, o que é perceptível pela queda no número de batizados nas últimas décadas.

OS TRABALHOS NAS COMISSÕES TEMÁTICAS

Divididos nas 25 comissões temáticas (leia detalhes abaixo), os participantes elaboraram até cinco propostas pastorais e evangelizadoras, com vistas a responder à questão de fundo: “O que devemos fazer para promover o caminho de comunhão, conversão e renovação missionária da Arquidiocese?”.

“Não se trata de fazer um ‘receituário’ de cinco propostas em cada uma das 25 comissões, mas, sim, de discernir e elaborar, no enfoque que é próprio de cada comissão, diretrizes que possam desencadear processos de ‘comunhão, conversão e renovação missionária’ para a Igreja em São Paulo. Os programas operativos virão depois”, orientou Dom Odilo, antes do início do trabalho dos grupos.

Nas comissões temáticas, as propostas foram formuladas tendo em consideração tudo o que os participantes viram e ouviram ao longo do processo sinodal arquidiocesano: as reflexões realizadas nas três sessões anteriores; os dados das pesquisas sobre a vida e ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo e do levantamento paroquial, em 2018; a síntese das reflexões feitas nos vicariatos ambientais e nas regiões episcopais, em 2019; as observações realizadas pelo clero arquidiocesano em seu curso anual em 2019; a pré-assembleia sinodal das paróquias no início deste ano; e os apontamentos do 1o relatório geral para a assembleia sinodal arquidiocesana, apresentado na 1a sessão em junho.

CONTINUIDADE DO SÍNODO

Ao O SÃO PAULO, o Padre Tarcísio Mesquita, Secretário-geral do sínodo arquidiocesano, explicou que as fichas com as propostas feitas em cada uma das comissões temáticas serão repassadas à Comissão de redação do sínodo, para que as agrupe de modo ordenado, a fim de que sejam apresentadas na sessão de 1o de outubro.

“Nessa ocasião, também vamos rearranjar os grupos, mantendo os mesmos coordenadores e secretários, para que outros participantes da assembleia sinodal – diferentes dos que estiveram em cada grupo hoje – possam eventualmente ajustar as propostas ou elaborar outras em cada tema. Assim, conseguiremos abranger o máximo possível de contribuições”, detalhou Padre Tarcísio, ressaltando, porém, que o documento final do sínodo será elaborado por Dom Odilo, uma vez que a assembleia sinodal tem caráter consultivo, e não deliberativo.

“Tudo o que foi falado sobre a dinâmica da vida da cidade e os desafios da Igreja certamente estará no coração de Dom Odilo para a apresentação final do sínodo”, observou o Sacerdote, destacando que as questões operativas em relação às propostas somente serão estruturadas após a conclusão do sínodo arquidiocesano.

CONHEÇA AS 25 COMISSÕES TEMÁTICAS
1) Palavra de Deus na vida e missão da Igreja
2) Catequese e iniciação à vida cristã
3) Aprofundamento da fé e formação permanente dos católicos
4) Liturgia, celebrações e espiritualidade
5) Pastoral dos Sacramentos (Diretório dos Sacramentos)
6) Família – Igreja doméstica, sujeito de evangelização
7) Juventude e missão
8) Leigos e suas organizações – presença pública da Igreja missionária
9) Vocações e seminários (formação inicial do clero). Vida e ministério do clero (formação continuada)
10) Vida consagrada em geral e suas novas expressões
11) Testemunho da caridade a serviço da vida, da dignidade, da justiça e da paz
12) Refugiados, migrantes e “descartados”
13) Ação missionária com o povo em situação de rua
14) Caridade organizada: situações de emergência e voluntariado
15) Cuidado da “casa comum”
16) Paróquia acolhedora e missionária: comunidade de comunidades
17) Animação missionária de toda a comunidade eclesial
18) Organização pastoral da Arquidiocese no seu conjunto
19) Evangelização missionária por meio da comunicação
20) Evangelização missionária por meio da educação
21) Evangelização missionária na área da saúde  e em situações  de enfermidade e luto
22) Organismos de comunhão e serviço da Arquidiocese
23) Organização econômica, administrativa e patrimonial da Arquidiocese
24) Interlocução da Igreja com os construtores da sociedade e com o pluralismo urbano
25) Diálogo ecumênico e inter-religioso

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