Papa Francisco: ‘como os magos, queremos prostrar-nos e adorar o Senhor’

Papa reza diante da imagem do Menino Jesus (Foto: Vatican Media)

O Papa Francisco presidiu, nesta quarta-feira, 6, a missa da Solenidade da Epifania do Senhor, na Basílica de São Pedro. No Brasil, esta liturgia foi celebrada no último domingo, 3.

Na homilia, o Santo Padre destacou que o evangelista São Mateus assinala que os Magos, quando chegaram a Belém, “viram o Menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-No” (Mt 2, 11).

“Adorar o Senhor não é fácil, não é um dado imediato: requer uma certa maturidade espiritual, sendo o ponto de chegada dum caminho interior, por vezes longo. Não é espontânea em nós a atitude de adorar a Deus. É verdade que o ser humano precisa de adorar, mas corre o risco de errar o alvo; com efeito, se não adorar a Deus, adorará ídolos e, em vez de ser crente, tornar-se-á idólatra”, afirmou o Pontífice.

Francisco ressaltou que no tempo atual, há particular necessidade de se dedicar  a adoração, tanto individualmente quanto em comunidade, aprendendo, cada vez mais, a contemplar o Senhor. Por isso, hoje, queremos aprender com os Magos algumas lições úteis: como eles, queremos prostrar-nos e adorar o Senhor”, acrescentou.

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‘Levantar os olhos’

Em seguida, o Papa chamou atenção para três expressões contidas nas leituras bíblicas dessa liturgia: “levantar os olhos”, “pôr-se a caminho” e “ver”.

“Para adorar o Senhor, é preciso antes de mais nada ‘levantar os olhos’, ou seja, não se deixar enredar pelos fantasmas interiores que apagam a esperança, nem fazer dos problemas e dificuldades o centro da própria existência. Isto não significa negar a realidade, fingindo-se ou iludindo-se que tudo corre bem; mas olhar de modo novo os problemas e as angústias, sabendo que o Senhor conhece as nossas situações difíceis, escuta atentamente as nossas súplicas e não fica indiferente às lágrimas que derramamos”, meditou o Pontífice.

(Foto: Vatican Media)

O Santo Padre continuou que ao levantar  os olhos para Deus, “os problemas da vida não desaparecem, mas sentimos que o Senhor nos dá a força necessária para enfrentá-los”.

“Trata-se da adoração do discípulo que descobriu, em Deus, uma alegria nova, diferente. A alegria do mundo está fundada na posse dos bens, no sucesso ou noutras coisas semelhantes, ao passo que a alegria do discípulo de Cristo tem o seu fundamento na fidelidade de Deus, cujas promessas nunca falham, apesar das situações de crise em que possamos chegar a encontrar-nos. Então a gratidão filial e a alegria suscitam o desejo de adorar o Senhor, que é fiel e nunca nos deixa sozinhos”, sublinhou.

‘Pôr-se a caminho’

A segunda expressão, que nos pode ajudar, é pôr-se a caminho. Antes de poder adorar o Menino nascido em Belém, os Magos tiveram que enfrentar uma longa viagem.

“É através de um caminho gradual que nos tornamos adoradores do Senhor”, enfatizou Francisco, reforçando que quem se deixa moldar pela graça, costuma melhorar com o passar do tempo: “enquanto o homem exterior envelhece, diz São Paulo, o homem interior renova-se dia após dia (cf. 2 Cor 4, 16), predispondo-se cada vez melhor a adorar o Senhor”.

“Deste ponto de vista, os falimentos, as crises, os erros podem tornar-se experiências instrutivas: não é raro servirem para nos tornar conscientes de que só o Senhor é digno de ser adorado, porque só Ele satisfaz o desejo de vida e eternidade presente no íntimo de cada pessoa”, afirmou o Papa.

‘Ver’

Sobre a terceira expressão – ‘ver’ – o Santo Padre lembrou que a adoração era o ato de homenagem reservado aos soberanos, aos grandes dignitários.

(Foto: Vatican Media)

“Com efeito, os Magos adoraram Aquele que sabiam ser o Rei dos judeus (cf. Mt 2, 2). Mas, na realidade, que viram eles? Viram um menino pobre com a sua mãe. E, contudo, estes sábios, vindos de países distantes, souberam transcender aquela cena tão humilde e quase deprimente, reconhecendo naquele Menino a presença dum soberano. Por outras palavras, foram capazes de ‘ver’ para além das aparências”, disse o Pontífice.

Francisco afirmou, ainda, que, para adorar o Senhor, é preciso “ver” além do véu do visível, pois este muitas vezes mostra-se enganador. “Herodes e os notáveis de Jerusalém representam a mundanidade, perenemente escrava da aparência e à procura de atrativos: dá valor apenas às coisas sensacionais, aquilo que chama a atenção do vulgo”, completou.

“Esta forma de ‘ver’ que transcende o visível, faz-nos adorar o Senhor muitas vezes escondido em situações simples, em pessoas humildes e marginais. Trata-se, pois, dum olhar que, não se deixando encandear pelos fogos de artifício do exibicionismo, procura em cada ocasião aquilo que não passa. Por isso, como escreve o apóstolo Paulo, ‘não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis, porque as visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas’ (2 Cor 4, 18)”, concluiu o Pontífice.

Leia a íntegra da homilia

(Com informações de Vatican News)

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