Papa no Iraque: ‘Venho como penitente que pede perdão… venho como peregrino da paz’

Papa Francisco e o presidente do Iraque, Barham Ahmed Salih Qassim (Foto: Vatican Media)

O primeiro discurso do Papa Francisco em solo iraquiano foi no Palácio Presidencial, em Bagdá, dirigido às autoridades, à sociedade civil e ao Corpo Diplomático.

Depois da cerimônia oficial de boas-vindas e da visita de cortesia ao presidente da República, Barham Ahmed Salih Qassim, o Pontífice expressou publicamente a sua gratidão por poder realizar esta Visita Apostólica, “longamente esperada e desejada”.

O Santo Padre recordou que, nas últimas décadas, o Iraque sofreu os infortúnios das guerras, o flagelo do terrorismo e conflitos sectários muitas vezes baseados no fundamentalismo. De modo especial, o Pontífice citou os yazidis, “vítimas inocentes duma barbárie insensata e desumana”.

“Tudo isto trouxe morte, destruição, ruínas ainda visíveis… E não só em nível material! Os danos são ainda mais profundos, quando se pensa nas feridas dos corações de tantas pessoas e comunidades que precisarão de anos para se curar”, ressaltou Francisco.

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O Papa acrescentou que, hoje, o “Iraque é chamado a mostrar a todos, especialmente no Oriente Médio, que as diferenças, em vez de gerar conflitos, devem cooperar harmoniosamente na vida civil.”

O Santo Padre ressaltou os apelos da Santa Sé às autoridades competentes no Iraque, como noutros lugares, “para que concedam a todas as comunidades religiosas respeito, direitos e proteção”.

O reconhecimento da fraternidade universal é o elo capaz de permitir a superação dos conflitos, aliada à solidariedade que leva a praticar gestos concretos de cuidado e serviço.

“Penso naqueles que perderam familiares e entes queridos, casa e bens primários por causa da violência, da perseguição e do terrorismo; mas penso também em todas as pessoas que lutam diariamente à procura de segurança e dos meios necessários para sobreviver, enquanto aumentam desemprego e pobreza”, enfatizou.

Neste contexto, o Bispo de Roma salientou que aumenta a responsabilidade de políticos e diplomáticos para contrastar o flagelo da corrupção, os abusos de poder e a ilegalidade e reforçou que é preciso edificar a justiça, aumentar a honestidade, a transparência e reforçar as instituições.

‘Calem-se as armas!’

Em seguida, o Pontífice fez um forte apelo pelo vim da violência, extremismos, fações, intolerâncias, e pediu que se dê espaço e voz aos artífices da paz, ao povo simples que quer viver, trabalhar e rezar em paz.

“Venho como penitente que pede perdão ao Céu e aos irmãos por tanta destruição e crueldade. Venho como peregrino de paz, em nome de Cristo, Príncipe da Paz. Quanto rezamos ao longo destes anos pela paz no Iraque! São João Paulo II não poupou iniciativas, e sobretudo ofereceu súplicas e sofrimentos por isso. E Deus escuta; escuta sempre! Cabe a nós ouvi-Lo. Calem-se as armas! Limite-se a sua difusão, aqui e em toda a parte!”, afirmou.

Francisco citou, ainda, o papel decisivo da comunidade internacional não só no Iraque, mas na vizinha Síria, que está prestes a completar 10 anos de conflito. “Espero que as nações não retirem a mão amiga e construtora estendida ao povo iraquiano, mas continuem a operar em espírito de responsabilidade comum com as Autoridades locais, sem impor interesses políticos ou ideológicos”, disse.

A religião, por sua vez, concluiu o Papa, deve estar ao serviço da paz e da fraternidade. “O nome de Deus não pode ser usado para justificar atos de homicídio, de exílio, de terrorismo e de opressão”, afirmou Francisco, garantindo a plena colaboração da Igreja Católica para a causa da paz.

Após o encontro com as autoridades, o Santo Padre se dirigiu para a Catedral de Sayidat al-Nejat (Nossa Senhora da Salvação), distante 8,4 km, para o encontro com os bispos, sacerdotes, religiosos/as, seminaristas e catequistas.

(Com informações de Vatican News)

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