O incentivador da jovem comunidade Shalom

Em sua curta permanência na Arquidiocese de Fortaleza, por 21 meses, entre 1996 e 1998, Dom Claudio Hummes conheceu a Comunidade Shalom, à época uma associação de fiéis, e desde o princípio se encantou com o engajamento de seus membros com as iniciativas de evangelização. 

Moyses Azevedo, fundador da Comunidade Shalom, com o Cardeal Hummes

“Para mim, foi uma bela surpresa, porque era uma organização de leigos – embora tenha também sacerdotes – fundada por leigos e que tinha uma presença muito forte também na cidade de Fortaleza. Eles eram capazes de mover a cidade em termos de agilização, de celebração. Eles enchiam o Castelão, o grande estádio de futebol que só o Papa João Paulo II conseguiu encher. Eles o lotavam em suas concentrações chamadas ‘Queremos Deus’ e ficava gente de fora, sem conseguir entrar. Era algo absolutamente extraordinário”, recordou o Cardeal Hummes em entrevista ao Vatican News, em 2012. 

Dom Cláudio lembrou que os membros da Shalom eram próximos do Cardeal Aloísio Lorscheider, que o precedeu naquela Arquidiocese, e quando se aproximou mais intensamente do grupo, percebeu que “eles tinham realmente um conteúdo muito autêntico, de muita comunhão com a Igreja… Faziam um intenso trabalho de evangelização: eles iam ao povo sem esperar que o povo se aproximasse – o que é uma característica destes novos movimentos. Pouco a pouco, tive este relacionamento muito bom com eles, pastoral”, recordou. 

Iniciada na década de 1980, por iniciativa de Moysés Louro de Azevedo Filho, a Shalom, quando da chegada de Dom Cláudio a Fortaleza, não estava estruturada de forma canônica e jurídica, mas em 1998 já preparava seus estatutos para o reconhecimento diocesano, e contou com a “pressa” do então Arcebispo para que todo o processo se resolvesse.

“Não estava marcado quando seria o reconhecimento da parte minha, como Arcebispo. Aí o Vaticano me informou que o Papa havia me transferido para São Paulo e isso era um segredo. Por 30 dias, só na publicação, é que poderia falar disso. Mas, eu queria assinar o reconhecimento como Arcebispo. Foi um momento muito interessante, porque aí comecei a pressionar o fundador Moisés e a cofundadora, Emmir [Nogueira]. Eu dizia: ‘Apressem isso, porque eu preciso ser rápido’. E Moisés ficou meio intrigado. Eles tinham ainda que tomar uma série de providências para se tornar associação. Tinham que fazer uma assembleia, uma ata assinada pelos futuros membros. Enfim, aprovar os estatutos que deviam apresentar para ser aprovados. E eu dizia: ‘Preciso disso antes da Páscoa’, porque sabia que na quarta-feira depois da Páscoa seria anunciada a minha transferência. Então, eles apressaram tudo e fizeram a documentação. No Domingo de Páscoa, assinei o reconhecimento diocesano desta associação de fiéis. Eles ficaram muito felizes, tinham feito tudo muito bem. Eram, e ainda são, milhares. Foi uma grande festa. Três dias depois, souberam que havia sido transferido, e puderam entender o porquê da minha pressa”, recordou à Rádio Vaticano

Em 2012, na convenção de 30 anos da Shalom, Moisés agradeceu ao Cardeal Hummes a atenção com a Comunidade: “O senhor faz parte de nossa história. O senhor nos acolheu com o coração de pai, pastor e protetor. Deu-nos o reconhecimento diocesano, estava ao nosso lado no reconhecimento pontifício e hoje està conosco nos nossos trinta anos e no recebimento de nossos estatutos definitivos”.

Após o reconhecimento canônico diocesano, em 1998, a Comunidade Shalom recebeu, em 2007, o reconhecimento pontifício, pelo Papa Bento XVI, em período ad experimentum. Em 2012, obteve o reconhecimento definitivo da Santa Sé, confirmando-a como uma associação privada de fiéis, tendo por carisma principal a evangelização da juventude, sobretudo daquela que está afastada da Igreja. 

(Com informações da Comunidade Shalom e Rádio Vaticano)

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