Testemunhos e memórias de padres ordenados por Dom Paulo Evaristo Arns

Padres contam sobre a presença do Arcebispo em sua formação e vida ministerial ou convívio cotidiano.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Desde que tomou posse como Arcebispo de São Paulo, em 1o de novembro de 1970, o Cardeal Paulo Evaristo Arns (1921-2016), cujo centenário de nascimento é celebrado neste ano, tornou-se também conhecido por sua atenção especial com o clero e a formação dos sacerdotes, algo que manteve durante os 28 anos como Arcebispo e já antes, como Bispo Auxiliar de São Paulo entre 1966 e 1970.

Além das atividades no seminário e dos estudos acadêmicos de Filosofia e Teologia, os candidatos ao sacerdócio participavam de momentos de formação complementar, retiros e encontros arquidiocesanos de seminaristas, dos quais o Cardeal Arns fazia questão de sempre marcar presença.

Dessa forma, além dos padres entrevistados pelo O SÃO PAULO, sacerdotes que foram ordenados por Dom Paulo foram procurados pela rádio 9 de Julho, para dar seu testemunho sobre a presença do Arcebispo Metropolitano entre 1970 e 1998 em sua formação e vida ministerial ou memórias de seu convívio.

(foto: Paroquia São Luiz Gonzaga)

Padre Ricardo Pieroni

Padre Ricardo Pieroni, atualmente Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Região Episcopal Brasilândia, foi ordenando por Dom Paulo em novembro de 1983.

“Uma coisa que sempre recordo e até com certo humor, é que em determinada ocasião fui visitá-lo – tinha algo para conversar com ele – em sua residência, no Alto do Sumaré, e quando lá cheguei era hora do jornal na televisão e, assim, nos sentamos na sala, começamos a conversar. De repente, iniciou-se o jornal. E ele se levantou da cadeira, foi até o aparelho de televisão e aumentou o som para escutar as notícias. Voltou, sentou e ali ficou prestando atenção em cada um dos assuntos que era expostos no jornal. Quando chegou no intervalo, foi lá, abaixou o som da televisão, se sentou novamente e continuamos a conversa. Terminou o intervalo, ele levantou, foi lá, aumentou de novo o som para continuar a escutar as notícias. Depois do terceiro ou quarto intervalo eu falei: ‘Dom Paulo, porque você não adquire uma televisão mais moderna, com controle remoto?’ E ele: ‘Padre Ricardo, este é meu exercício diário’”.

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(foto: Basílica de Sant’Ana)

Padre José Roberto Abreu de Mattos

Padre José Roberto Abreu de Mattos, mais conhecido como Padre Beto, foi ordenado por Dom Paulo em 17 de agosto de 1996.

O Padre relata que entre todos os momentos que viveu e presenciou enquanto animava as celebrações que Dom Paulo presidia, uma coisa sempre lhe chamou atenção: “Dom Paulo sempre antes de começar a missa, ia no fundo do presbitério, sentava-se na estala e fazia de 10 a 15 minutos de oração. Às vezes, eu passava, ele conversava comigo, orientava nas coisas que precisavam ser feitas na liturgia daquele dia e sempre tinha uma palavra de conforto e de esperança. É um testemunho bonito que Dom Paulo trouxe no decorrer dos seus anos da Arquidiocese de São Paulo, mas também eu posso dizer que para mim, foi um marco na minha vida.”

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Ordenação Padre José Bizon – Arquivo pessoal

Padre José Bizon

Padre José Bizon, atualmente na Paroquial da Paróquia São Pedro Apóstolo, na Região Episcopal Belém, foi ordenando por dom Paulo em 09 de maio de 1981. Também é diretor da casa de reconciliação desde 1993, a pedido do Cardeal Arns. 

O que sempre marcou em mim a pessoa de dom Paulo – eu que tive a oportunidade de trabalhar com ele 10 anos, no secretariado de pastoral – a simplicidade, a firmeza e a coragem. E diante disso nós da Arquidiocese de São Paulo, que fomos ordenados por ele, e por aqueles que aqui já estavam, nunca dissemos não a ele. Da forma colo ele nos tratava, como pai, como pastor e com a preocupação que ele nos dizia sempre ‘cuidem dos pobres’. 

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Ordenação Padre Candido – Arquivo pessoal

Padre Candido da Costa

Padre Candido da Costa, atualmente na Paroquial Santa Inês, na Região Episcopal Santana, foi ordenando por dom Paulo em dezembro de 1982.

O que mais me marcou na minha vida e marca até hoje é que Dom Paulo foi um pai, sobretudo quando os padres tinham problemas, dificuldades, indo aos necessitados. Ele era aquele que acolhia e defendia seus padres com unhas e dentes, como faz um bom pai ou uma boa mãe. Isto marcou e isto é uma coisa fantástica. Foi um prazer ser ordenado por dom Paulo.

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