CF 2025 apresenta a urgência da Ecologia Integral para o bem do planeta

Realizada durante a Quaresma pela Igreja no Brasil, a Campanha da Fraternidade “nos ajuda a mergulhar ainda mais em nós mesmos e, assim, a melhor compreender as implicações de nossos pecados pessoais, comunitários, eclesiais e sociais, os quais se contrapõem ao Reino de Amor”, escreve a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na introdução do texto-base da CF 2025, iniciada na Quarta-feira de Cinzas, 5.

Este ano com o tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31), a CF tem como objetivo geral “promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra”.

Na introdução do texto-base, os bispos destacam que a temática ajudará que todos se conectem com os sinais da ressurreição – “os dons da natureza, a beleza das culturas, a conquista da justiça social, o esforço pelo bem comum na sociedade e a paz tão desejada que começa dentro de cada um no encontro com Cristo”; relembrem o papel dos seres humanos como “guardiões da Criação”; e vivam a Ecologia Integral nas ações cotidianas.

Como nas edições anteriores, haverá a Coleta Nacional da Solidariedade, no Domingo de Ramos, 13 de abril, em todas as comunidades católicas do Brasil. Do total arrecadado, 60% será destinado ao Fundo Diocesano de Solidariedade, e 40% ao Fundo Nacional de Solidariedade, com os quais se busca “promover a sustentação social da Igreja Católica no Brasil”, informa a CNBB.

A Ecologia Integral

Esta é a nona vez que a CF aborda um tema relacionado à ecologia. As anteriores foram em 1979 (Por um mundo mais humano), 1986 (Terra), 2002 (Povos Indígenas), 2004 (Água), 2007 (Amazônia), 2011 (Vida no planeta), 2016 (Casa comum, nossa responsabilidade) e 2017 (Biomas brasileiros e defesa da vida).

No ponto 6 do texto-base é destacado que a ecologia deve ser compreendida ao menos em três dimensões: a da ciência (o entendimento de como todas as criaturas do planeta se relacionam); a das práticas (pessoas e grupos se reúnem para deter a destruição da Terra e assegurar a continuidade da teia da vida); e a da nova mentalidade (a reciprocidade responsável entre a natureza e o ser humano, de modo que este extrai daquela o que necessita, mas deve protegê-la para o bem da atual e das futuras gerações).

Pensar a Ecologia Integral, portanto, não deve se reduzir à “ecologia verde”, mas envolve, também, pensar no cuidado “com o ambiente em meio ao qual nós vivemos e nos relacionamos: da cidade, do trabalho, da família, da espiritualidade, enfim, o cuidado com todas as relações humanas e sociais que compõem a nossa vida nessa Casa Comum” (CF 9).

À luz dos apontamentos do Papa Francisco na encíclica Laudato si’, o cuidado com a Casa Comum por meio de uma Ecologia Integral está destacado no texto-base, nas perspectivas da ecologia ambiental, econômica, social, cultural e do cotidiano (CF 10-11). “Para nós, a Ecologia Integral também é espiritual. Professamos, com alegria e gratidão, que Deus criou tudo com seu olhar amoroso. Todos os elementos materiais são bons, se orientados para a salvação dos seres humanos e de todas as criaturas. Assim, ‘Deus viu que tudo era muito bom! (Gn 1,31)” (CF 12).

O agir perante a crise socioambiental

Também é feita uma extensa reflexão sobre as origens e os desdobramentos da atual crise socioambiental, com especial ênfase sobre os impactos das mudanças climáticas.

No ponto 126 do texto-base, por exemplo, é recordado que a crescente emissão de gases de efeito estufa tem levado ao aumento da temperatura média do planeta “o que provoca o desgelo dos polos, o descongelamento do permafrost [camada de gelo profunda na região do Ártico], o aumento de fenômenos extremos como secas e tempestades, que inundam cidades e territórios mais ao nível do mar, com destruição contínua da biodiversidade, o aquecimento dos oceanos e a mudança na composição dos gases”, tendo como consequências, o deslocamento forçado de multidões, a morte de pessoas, animais e plantas, a desestabilização da agricultura e as mudanças no clima (CF 127).

No subsídio também é enfatizado que a superação da crise socioambiental passa por uma “conversão ecológica”, a qual consiste em uma mudança nas maneiras de ser, pensar e agir, como pessoas e comunidade, buscando “um modo de viver mais integrativo entre Deus, os seres humanos e toda a Criação, no qual a cultura do amor e da paz tenha a primazia” (CF 56).

Nesta edição do Caderno Laudato si’ – Por uma Ecologia Integral, apresentamos chaves para a leitura dos três capítulos do texto-base e uma análise sobre a temática da CF 2025, tendo em consideração os desafios do aquecimento global, da superação do paradigma tecnocrático e das questões de educação ambiental.

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