
No Jardim Míriam, na zona Sul da capital paulista, Enai Ferreira Dantas, 53, relata que a coleta do “lixo útil” ocorre às sextas-feiras, mas são poucos os moradores que separam seus recicláveis.
“E como não há lixeiras de coleta seletiva, o cenário é de sacos rasgados e itens espalhados. Em meio à desordem, há pequenos gestos de cuidado: meu irmão, que é professor, limpa sozinho um grande escadão próximo à casa da minha mãe a cada 15 dias, usando luvas e enfrentando a sujeira deixada pela madrugada”, contou Enai.
A auxiliar de enfermagem avaliou que a atitude do irmão é um ato de amor pelo bairro e pelo meio ambiente. Para ela, o sucesso na coleta de recicláveis depende mais da consciência dos moradores do que da passagem dos caminhões de resíduos.
Morador do Jardim Ângela, também na zona Sul, Gabriel Nazaré da Paixão, 25, afirmou que em seu bairro as pessoas costumam separar o reciclável do orgânico, recolhidos em dias alternados: o orgânico às terças, quintas-feiras e sábados; e o reciclável às segundas e quartas-feiras, em horários que variam entre a noite e a madrugada.
Gabriel disse que sua mãe reaproveita parte do resíduo orgânico para adubar as plantas, um hábito que, segundo ele, ajuda o meio ambiente e que retorna positivamente para a sociedade como um todo.
O jovem lamentou, porém, ser comum “encontrar sofás, móveis velhos, restos de obra e sacos de entulho abandonados em esquinas. Os moradores tentam conter o descarte com cartazes pedindo que não se jogue lixo”.
“Um percurso de desenvolvimento produtivo mais criativo e mais bem orientado poderia corrigir a disparidade entre o excessivo investimento tecnológico no consumo e o escasso investimento para resolver os problemas urgentes da humanidade; poderia gerar formas inteligentes e rentáveis de reutilização, recuperação funcional e reciclagem”
(Papa Francisco, Laudato si’ 192)