‘A vós, jovens, Jesus diz: não tenhais medo, não tenhais medo!’

Exortou o Papa Francisco na missa de envio, conclusiva da JMJ Lisboa 2023. Pontífice anunciou a realização de um jubileu com os jovens em Roma, em 2025 ,e que a próxima Jornada, em 2027, será em Seul, na Coreia do Sul

Fotos: Comunicação JMJ Lisboa 2023

No altar com a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, símbolos da Jornada Mundial da Juventude, e com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, padroeira de Portugal, o Papa Francisco presidiu na manhã do domingo, 6, a missa de envio da JMJ Lisboa 2023, no Parque Tejo, no espaço Campo da Graça, tomado por uma multidão de fiéis, estimada em mais de 1,5 milhão de pessoas.

Dirigindo-se aos jovens, na homilia, o Pontífice recordou as palavras do apóstolo Pedro ditas a Jesus no monte da transfiguração “Senhor, é bom estarmos aqui”, aludindo a tudo que os jovens vivenciaram de modo intenso nestes dias de Jornada, “com tanta alegria de coração”. O Papa pediu que refletissem sobre o que levariam destas vivências para a vida cotidiana ao regressar da JMJ, algo que passa por três verbos: resplandecer, ouvir e não ter medo.

SER LUMINOSO A PARTIR DAS OBRAS DE AMOR

Francisco lembrou que no monte, Jesus, que há pouco anunciara aos apóstolos sua morte de Cruz, se transfigurou – ‘seu rosto resplandecia como o sol’ – e que tal “banho de luz O prepara para a noite da Paixão”.

“Queridos jovens, também hoje nós precisamos de um lampejo de luz que nos dê a esperança para enfrentar tantas escuridões que nos aparecem na vida, as tantas derrotas cotidianas. Para enfrentá-las, precisamos da luz da Ressurreição de Jesus. É a luz que não se apaga, que brilha onde é noite. Nosso Deus ilumina o nosso olhar, o nosso coração, a nossa mente, a nossa vontade de fazer algo na vida. E não nos tornamos luminosos quando mostramos uma imagem perfeita, quando parecemos fortes e vitoriosos; tornamo-nos luminosos quando acolhemos Jesus e aprendemos a amar como Ele amou. Amar como Jesus: isso nos faz luminosos, isso nos leva a ser obras de amor. Não se engane, amigos, amigas, para ser luz é preciso que faças obras de amor”, enfatizou.

OUVIR A CRISTO

Ao falar sobre o segundo verbo – “ouvir” –, o Pontífice recordou que no monte uma luz luminosa envolveu os discípulos e lhes disse: ‘Este é o meu filho amado, escutem-no’.

“Escutar a Jesus. Todo o segredo está nisso, escutar o que Ele te diz. E se não sabes o que Ele te diz, vá ao Evangelho, leia o que Ele disse e saibas o que Ele diz ao teu coração, porque Ele tem palavras de vida eterna para nós e nos revela que Deus é Pai, é amor e nos ensina o caminho do amor. Escute a Jesus”, exortou, alertando que por vezes as pessoas seguem caminhos que parecem de amor, mas, na verdade, “são egoísmo disfarçado de amor. E tenham cuidado com os egoísmos disfarçados de amor”.

IR SEM MEDO

Francisco falou ainda que na caminhada cristã é preciso “não ter medo”, uma expressão que aparece com recorrência no Evangelho e que foi a última usada por Jesus no momento da Transfiguração.

“Vocês, jovens, que viveram este encontro glorioso, que cultivam grandes sonhos, às vezes ofuscados por temores; vocês que às vezes pensam que não serão capazes, que têm algum pessimismo, às vezes pelo desânimo, por julgarem estar fracassados ou por tentar esconder a dor, disfarçando-o com um sorriso; vocês que querem mudar ao mundo, que querem lutar pela justiça e a paz; vocês, jovens, que colocam energia e criatividade na vida; vocês, jovens, que a Igreja e o mundo necessitam; vocês, jovens, que são o presente e o futuro, precisamente a vocês, jovens, Ele diz: ‘Não tenham medo’. Não tenham medo. Queridos, jovens, queria olhar nos olhos de cada um de vocês e dizer-lhes: ‘não tenhas medo, não tenhas medo’. Não sou eu quem digo isso, é Jesus mesmo que está olhando e dizendo. Ele vos conhece, conhece o coração e a vida de cada um de vocês, as suas alegrias e tristezas, os sucessos e fracassos. E hoje, Ele lhe diz aqui em Lisboa, nesta Jornada Mundial da Juventude, ‘não tenha medo’. Animem-se, não tenham medo”, insistiu o Pontífice ao concluir a homilia.

GRATIDÃO

A missa de envio foi marcada por muitas expressões de gratidão por tudo o que foi vivenciado na JMJ Lisboa 2023.

No começo da celebração, o Cardeal Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, agradeceu ao apoio do Papa para a realização desta Jornada: “Vossa Santidade deu-nos tanto nestes dias, com a presença, a palavra e os gestos que generosamente repartiu, que nunca mais deixaremos de lhe retribuir com imensa gratidão e oração constante pela vida, saúde e ministério de Vossa Santidade. Muito obrigado!”

Após a comunhão, o Cardeal Kevin Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, agradeceu ao Santo Padre, aos organizadores, voluntários e peregrinos pelo êxito da JMJ Lisboa 2023. “Sentimos gratidão pois os jovens foram peregrinos da paz em um tempo em que muitas guerras ocorrem no mundo. Mostraram, assim, que a caridade e a paz não são uma utopia”, afirmou.

Também o Papa Francisco agradeceu às autoridades e ao povo português, a todo clero, religiosos e leigos, e “a ti Lisboa, casa de fraternidade e cidade de sonhos”. Também expressou sua gratidão aos voluntários e aos patronos da JMJ, especialmente a São João Paulo II, que idealizou as Jornadas Mundiais da Juventude. Fez especial menção de gratidão aos jovens – “levem aquilo que Deus semeou em seu coração” – e a Jesus e à Virgem Maria, para que sempre acompanhem a Igreja.

JUBILEU DOS JOVENS EM 2025 E JMJ EM SEUL 2027

Na parte conclusiva da missa, antes de rezar a oração mariana do Angelus, o Papa entregou cinco totens da cruz da JMJ Lisboa 2023 a jovens de cada continente, indicando, assim, que o amor de Cristo deve ser anunciado em todo o mundo.

Por fim, fez dois anúncios: que em 2025, em Roma, haverá o Jubileu dos Jovens, no contexto do Ano Santo, e que a próxima JMJ será no continente asiático, em Seul, na Coreia do Sul, em 2027.

“Da Europa, iremos ao extremo Oriente, o que é sinal da universalidade da Igreja e do sonho de unidade, dos qual, jovens, vós sois testemunhas”, concluiu.

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