A situação da liberdade religiosa no mundo

ACN

A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) produz um relatório sobre liberdade religiosa desde 1999, sendo o único periódico global compilado fora dos Estados Unidos, abordando a situação da liberdade religiosa em 196 países e abrangendo todas as principais religiões.

O conteúdo de 900 páginas é uma publicação independente, feita a cada dois anos, em seis idiomas. Os autores do Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo são acadêmicos, jornalistas e missionários, especialistas no tema da liberdade religiosa, bem como nas regiões de suas reportagens.

O Relatório é uma ferramenta de informação para qualquer pessoa interessada na situação do direito individual fundamental à liberdade de pensamento, consciência e religião, também conhecido como o direito à liberdade de religião, conforme definido pelo Artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.

Liberdade religiosa violada

De acordo com o mais recente “Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo”, a liberdade religiosa é violada em 61 das 196 nações – quase um terço dos países do mundo. Quase 4,9 bilhões de pessoas, mais de 62% da população mundial, vivem em países com violações graves ou gravíssimas da liberdade religiosa. De particular interesse são os dois países mais populosos, China e Índia, que estão entre os piores violadores da liberdade religiosa do mundo.

Mapa mundial

Os países marcados em vermelho indicam as áreas em que as comunidades religiosas sofrem perseguições – são 28 países; os marcados em laranja são as comunidades religiosas que sofrem discriminação – 33 países ao todo.

Principais impulsionadores da perseguição ou discriminação religiosa

As minorias religiosas são sufocadas de diferentes maneiras e agentes: Ataques terroristas, por exemplo, no Oriente Médio e na África subsaariana; Vigilância em massa, por exemplo, na China, com 560 milhões de câmeras equipadas com reconhecimento facial; Leis anticonversão em expansão, particularmente na Índia e no Nepal; Manipulação eleitoral, por exemplo, fraude eleitoral em áreas em que os cristãos são minorias no Norte da Nigéria; Ataques ao patrimônio cultural na América Latina – por exemplo, igrejas e edifícios religiosos; e, finalmente, manipulação de registros populacionais, por exemplo na Índia, para garantir o status da população majoritária (por exemplo, o registro de minorias para cidadania indiana, exceto imigrantes muçulmanos).

Em vários países no Oriente Médio e no Norte da África, os perpetradores não são sequer processados, principalmente quando a liberdade religiosa é confrontada por leis de apostasia – impedindo a conversão, principalmente do Islã para outro grupo religioso – como na Arábia Saudita e Irã – mas também aqueles em países que mantêm leis de blasfêmia como no Paquistão, bem como anticonversão, na Índia, em que multidões de manifestantes tiraram a vida de pelo menos seis pessoas e destruíram ou incendiaram 25 igrejas no Nordeste do país. Milhares de vítimas, a maioria delas cristãs, fugiram enquanto suas casas e empresas foram incendiadas.

Locais de culto atacados

O incêndio de igrejas é o resultado de disputas econômicas e de terras, e mais recentemente, o crescimento do nacionalismo hindu, atacando várias comunidades tribais, que são em grande parte cristãs.

Na África subsaariana, grupos militantes islâmicos, principalmente nas áreas rurais, atacam igrejas e religiosos. Ao atacar as estruturas da Igreja e afugentar os padres e as freiras, a população perde a esperança e também foge, deixando o território vazio para os militantes.

Ataques a locais de culto também ocorrem em alguns países da América Latina, nos quais manifestações cada vez mais violentas no México, Chile, Colômbia e Argentina resultaram em ataques a prédios religiosos e fiéis.

A situação piorou

No período de dois anos, a pesquisa indica que as violações da liberdade religiosa se tornaram mais difundidas, mais agudas e mais intensas. Na Nigéria, por exemplo, um padre local que trabalha com refugiados, disse que os terroristas atiram e, então, cortam o rosto da vítima para a citação “Deus não os reconheça”.

E quem está atacando?

Há três impulsionadores principais: o nacionalismo étnico-religioso, afetando 1,5 bilhão de pessoas; o extremismo islâmico, que impacta 1,1 bilhão de pessoas; e os governos autoritários, prejudicando 4,5 bilhões de pessoas.

Esperança

Finalmente, um importante farol de esperança são os esforços para o diálogo inter-religioso. O Papa Francisco não apenas continuou sua aproximação com os diferentes ramos do Islã, mas também com a maior organização muçulmana do mundo, a indonésia Nadhlatul Ulama. O Pontífice também iniciou um diálogo estruturado com líderes religiosos hindus durante as reuniões do G20 de 2022 e um acompanhamento está programado para 2023 na Índia.

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