Após acordo mediado pelo Catar, Rússia entrega crianças raptadas da Ucrânia

Segundo a Ucrânia, a Rússia raptou mais de 20 mil menores do país desde o início da invasão, em fevereiro de 2022. No entanto, a Rússia concordou em devolver quatro crianças ucranianas – a mais nova com quatro anos e a mais velha, com 17 – de volta às suas famílias, em um acordo mediado pelo Catar. O anúncio foi feito na segunda-feira, 16, pelo Ministério das Relações Exteriores do Catar.

A repatriação de menores ucranianos faz parte de um projeto-piloto que, caso seja bem-sucedido, poderá iniciar um amplo processo de retorno dessas crianças tiradas de seu país por Moscou.

O envio forçado de crianças ucranianas para a Rússia gerou uma denúncia contra Moscou e o presidente Vladimir Putin no Tribunal Penal Internacional (TPI), que emitiu um mandado de prisão contra o líder russo e à sua comissária para os direitos da criança, Maria Lvova-Belova, por deportação ilegal de crianças.

A Rússia justifica os atos por motivos humanitários, alegando que evacuou centenas de milhares de menores ucranianos para “protegê-los do perigo”. A Ucrânia alega que suas crianças foram levadas à força e reeducadas como russas.

No início da guerra, famílias do leste ucraniano enviaram seus filhos para aquilo que Moscou chama de “acampamento de verão”. A promessa era de segurança e alimentação suficiente durante os conflitos que destruíram cidades inteiras, como Mariupol.

Quando as famílias ucranianas buscaram trazer seus filhos de volta para casa, foram informadas de que eles não tinham permissão para sair dos acampamentos ou de que haviam sido transferidos para outras cidades. Poucas famílias conseguiram recuperar seus filhos depois de meses sem resposta do governo russo.

Outros milhares de menores foram evacuados das zonas de bombardeio, capturados em cidades ocupadas pelos russos ou sequestrados dos orfanatos invadidos no leste ucraniano. Muitos acabaram inseridos no sistema de adoção russo, sem qualquer menção à sua origem ucraniana.

Durante o processo de russificação, as crianças perdiam o seu nome, sua religião e qualquer contato com as famílias.

Oficialmente, as famílias ucranianas podem buscar seus filhos na Rússia, mas a maioria não tem dinheiro ou coragem para viajar até a terra do invasor.

Fontes: Valor Econômico e Heni Ozi Cukier, cientista político e professor

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