Assembleia do Celam debate sobre reformulação da estrutura pastoral do organismo

O processo de renovação e reestruturação do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) deve se traduzir em ações concretas, reflexão que esteve presente no segundo dia da 38a Assembleia Geral, que se realiza virtualmente desde esta terça-feira, 18, até à próxima sexta-feira, 21.

Focalizou-se a reflexão, precedida de um momento de espiritualidade, em que Irmã Liliana Franco, presidente da CLAR, convidou a todos a penetrar na realidade latino-americana e caribenha, especialmente nas periferias geográficas e existenciais, seguindo o método de reflexão do Igreja latino-americana, em atuação.

Foto: Comunicação Celam

Passos concretos a serem dados

Partindo da proposta de promover o Desenvolvimento Humano e a Ecologia Integral como parte de uma renovada pastoral do Celam na chave da Igreja sinodal, Dom José Luis Azuaje ofereceu pistas para o caminho a seguir, tendo em vista a mudança de perspectiva pastoral solicitada para a Assembleia de Tegucigalpa, a partir de uma resposta à realidade, na chave da sinodalidade, que faz “conceber outra estrutura pastoral mais adequada”.

O fundamento está na força renovadora do Concílio Vaticano II e a dinâmica é ser seguidor de Jesus Cristo.

O presidente do episcopado venezuelano mostrou os passos dados para definir o ser e a obra do Celam, bem como as quatro áreas inspiradoras da reforma: opção missionária, serviço à vida, não ser autorreferencial, configuração sinodal. Junto com isso, os quatro sonhos do Papa Francisco em ‘Querida Amazônia’ são uma referência. Nesta renovação pastoral, desempenham um papel proeminente os centros pastorais e os seus conselhos, assim como os eixos pastorais, cada um dos quais responde a uma natureza temática específica.

Para esta ação pastoral dos centros do Celam, propõem-se horizontes específicos que facilitem “a passagem de uma pastoral da conservação a uma pastoral de itinerários missionários para animar uma igreja sinodal que está em expansão”.

Dom Azuaje traçou algumas especificações pastorais: uma Pastoral de Comunhão e participação para a missão, uma pastoral com eixo central de conteúdo, uma Pastoral Missionária, uma Pastoral de processos, uma Pastoral com sentido na sua linguagem, uma Pastoral que evangeliza o social e uma pastoral animada pela sinodalidade.

Com a mesma dignidade e diversos ministérios

Tudo isso nos quatro novos centros do Celam, que foram apresentados aos participantes da assembleia. Em todos eles estão presentes não só os bispos, mas também os sacerdotes, os religiosos e as religiosas, algo que o cardeal Óscar Rodríguez Maradiaga vê como uma expressão da Santíssima Trindade, que é comunidade, mostrando que “somos membros do Povo de Deus , que tenhamos igual dignidade, embora ministérios diferentes”. Na qualidade de coordenador do Centro de Gestão do Conhecimento, disse que “nossa missão é reunir conhecimentos, experientes e simples, na lógica dos quatro sonhos de Francisco”.

Este centro está dividido em duas áreas de trabalho: um Observatório Sócio-Antropológico da Pastoral e uma área de Conhecimento Compartilhado. Foi feita referência a uma plataforma que pode ajudar no trabalho das redes pastorais e dos processos formativos e comunicacionais que se desenvolvem nos outros três centros, de forma articulada.

Formação que une teoria e prática

Ao apresentar o Centro Bíblico, Teológico, Pastoral para a América Latina e o Caribe (Cebitepal), com uma trajetória de 45 anos a serviço da formação no continente, Dom Paulo Cezar Costa, destacou que se trata de “ uma experiência intereclesial de todas as vocações que constituem o Povo de Deus”, que se baseia no Concílio Vaticano II e no Magistério do Papa Francisco.

Nesse processo de renovação do Cebitepal, foram apresentados alguns compromissos, que se baseiam no mandato de Tegucigalpa e buscam um trabalho formativo em comunhão, com uma proposta formativa “que une teoria e prática em um único dinamismo segundo o mistério da Encarnação”. Tudo isso se materializa em um bom número de atividades que estão sendo realizadas.

Trabalho de articulação de rede

O Centro de Programas e Redes de Ação Pastoral, cujo conselho é coordenado por Dom José Luis Azuaje, está disposto a realizar um trabalho de articulação, experiência que tem sido vivida nos últimos anos na Igreja latino-americana através das diferentes redes existentes e aqueles que aos poucos vão nascendo. Nesse sentido, está sendo realizada uma reflexão para ajudar a avançar no caminho de articulação tanto em nível continental quanto local. Tudo isso querendo continuar dando passos que avancem nos itinerários do discipulado missionário.

Comunique-se para a transformação da realidade

No campo da comunicação, o processo de renovação visa ajudar a “ comunicar para a transformação da realidade e incidência latino-americana e caribenha ”, nas palavras do coordenador do conselho deste centro, Dom Juan Carlos Cárdenas, que fez questão de “ Comunicar a posição profética do Celam e construir pontes de solidariedade entre nossos povos ”.

“Está sendo promovido o serviço que o Celam poderá oferecer às conferências episcopais, em sinergia com as equipes de comunicação de cada um dos países”, destacou o prelado.

Quanto aos passos concretos, citou o reforço do serviço de informação da Imprensa do Celam e a criação do boletim ADN Celam, bem como o redimensionamento do Editorial do Celam. Algo em que se pretende avançar é

“colocar os nossos serviços à disposição, cada vez mais, em espanhol, português, inglês e francês”, concluiu Dom Cárdenas, que pediu a contribuição de todos para “ continuar a configurar este ecossistema comunicativo a serviço dos evangelizadores. missão da Igreja ”.

Sinodalidade como desafio

As apresentações abriram o debate entre os presentes, buscando especificar os passos a serem dados neste processo de Renovação e Reestruturação do Celam.

Diferentes vozes, especialmente os presidentes das conferências episcopais, têm mostrado sua posição, como representantes de seus irmãos bispos. Seguindo o mandato de Tegucigalpa, o presidente do Celam, Dom Miguel Cabrejos, insistiu que o desafio é a sinodalidade.

As atividades deste segundo dia foram encerradas com a explicação do processo de votação, de forma a garantir o que está prescrito nos estatutos do organismo.

Processos mais do que eventos

É importante destacar a necessidade de compreender que o Celam deve ser um organismo de processos, e não de eventos, de não assumir espaços de poder e de serviço, algo destacado por Dom Azuaje. A Igreja universal reconhece a criatividade da Igreja latino-americana e caribenha, sendo a Conferência Eclesial da Amazônia um exemplo disso.

A caminho da sinodalidade, claramente promovido pelo Celam, destacou a necessidade de compreender uma conversão pessoal anterior, afirmando que se gerou uma reflexão importante sobre essa perspectiva sinodal e sobre como colocá-la em prática.

Comunicação da reunião

A comunicação deve ser colocada no coração do Celam, em sua nova forma de ser mais sinodal, destacou Dom Cárdenas. Estamos diante de um caminho para chegar a tudo e incluir a todos, gerando interações dentro e fora da Igreja. Nesse ponto, ele insistiu na necessidade de “não ser endogâmico na reflexão, de ser um episcopado que sai ao encontro de outros setores da Igreja que enriquecem este processo”.

O bispo de Pasto destacou a necessidade de um trabalho mais articulado e articulado na nova estrutura do Celam, para “imprimir uma práxis articuladora” de um trabalho multidirecional e em rede.

Visão transformativa

O processo de renovação é de quatro anos, iniciado em 2019, em que a escuta ativa é decisiva, segundo Mauricio López. Nas suas palavras fez questão de abraçar o vinho velho e o novo que precisa de odres novos, a partir de um trabalho conjunto e articulado. Tudo isso a partir da disposição para um discernimento transformador.

Maurício reconheceu que em alguns existe o medo da mudança, diante da qual é preciso entender o que Deus não está pedindo na realidade atual. Para isso, propôs nos libertar dos apegos para responder às prioridades para as quais Deus nos chama. Mesmo sabendo que a sinodalidade é um tema inerente à identidade da Igreja, é algo que deve ser tecido.

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