Bispos ingleses incentivam a campanha de doação de órgãos no país

Igreja se une às iniciativas do governo para fomentar a conscientização sobre a importância deste ato de solidariedade

Arte: NHS Blood and Transplant

Os bispos da Inglaterra têm encorajado as pessoas a falar com suas famílias e entes queridos a respeito de sua decisão sobre a doação de órgãos.

O apelo vem no momento em que o Serviço Nacional de Saúde do país lança a campanha “Deixe-os seguros”, que segue a legislação de 2020 e altera o status da doação de órgãos de uma decisão de “aceitar” para uma decisão de “não participar”, o que significa que a equipe médica presumirá que um paciente moribundo deseja que seus órgãos sejam doados, a menos que seja informada do contrário.

“Saúdo a iniciativa ‘Deixe-os seguros’ como um passo na direção certa para garantir que as famílias sejam sempre incluídas nos cuidados e decisões do fim de vida de seus entes queridos”, disse Dom Paul Mason, Bispo das Forças Armadas e responsável pela da área da Saúde da Conferência dos Bispos Católicos da Inglaterra e País de Gales.

“A morte de um parente ou ente querido é um dos desafios mais difíceis e humanos que enfrentamos. Ter tais conversas antes dessa hora, porém, pode nos ajudar a nos sentir mais em paz, sabendo que estamos realizando o desejo daqueles que sempre teremos em nossos corações”, disse o Bispo em um comunicado.

NOVA LEGISLAÇÃO

Quando a lei entrou em vigor em 20 de maio de 2020, os bispos emitiram uma declaração observando que, embora a Igreja Católica “tenha consistentemente encorajado seus fiéis a considerar a doação de órgãos […], um sistema de consentimento presumido corre o risco de tirar o direito do indivíduo de exercer este decisão e, portanto, potencialmente prejudica o conceito de doação como um presente”.

Os bispos também emitiram diretrizes aos católicos acerca da doação de órgãos, que incluem um breve esboço a respeito do ensino católico e instruções sobre como registrar uma decisão on-line no site para este fim. Os prelados observaram que o Catecismo da Igreja Católica afirma que “a doação de órgãos após a morte é um ato nobre e meritório e deve ser incentivada como uma expressão de solidariedade generosa”.

Há exceções à lei: os menores de 18 anos, os incapazes, os visitantes do país, aqueles que não vivem na Inglaterra voluntariamente e aqueles que lá viveram por menos de um ano antes de sua morte. Além disso, aqueles que tiveram COVID-19 ou foram expostos ao vírus não serão considerados doadores de órgãos.

CAMPANHA MOTIVADORA

Quando a campanha “Deixe-os seguros” foi lançada no início deste mês, o Serviço Nacional de Saúde afirmou que os membros da família sempre estarão envolvidos antes que a doação de órgãos se concretize. “Seus familiares podem anular sua decisão se não tiverem certeza do que você deseja. Então, deixe-os seguros”, disse o serviço de saúde em nota.

David Albert Jones, diretor do Centro de Bioética de Anscombe, disse que a campanha “Deixe-os seguros” é um passo na direção certa para aliviar algumas das preocupações decorrentes da legislação. “Os católicos podem dar as boas-vindas à atual campanha, que é um afastamento do ‘consentimento presumido’ e, ao mesmo tempo, um movimento no sentido de tornar a doação uma decisão real da pessoa. Também dá às pessoas a possibilidade de saber se seus parentes não desejam doar seus órgãos ”, disse ele.

Ecoando esses sentimentos, Dom Mason disse que as pessoas precisam “falar mais abertamente” sobre a questão da doação de órgãos. “É necessário incutir no coração das pessoas, especialmente no dos jovens, uma apreciação genuína e profunda da necessidade do amor fraterno, um amor que pode encontrar expressão na decisão de se tornar um doador de órgãos”, disse o Bispo.

“Pode parecer um pouco assustador no começo, mas instigar essas conversas acaba nos dando mais confiança para podermos falar abertamente sobre nossos desejos no fim da vida. Isso dará à nossa família e amigos a certeza de saber que, mesmo que não possamos expressar esse desejo na hora da nossa morte, eles saberão que estão fazendo o que queremos ”, acrescentou.

Fonte: Crux

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