Após 15 meses de violência e destruição, a recente trégua entre Israel e Hamas trouxe alívio à Terra Santa, mas também impôs desafios urgentes.
No domingo, 19, entrou em vigor um cessar-fogo entre as partes envolvidas. No primeiro dia, o Hamas libertou três reféns israelenses, enquanto Israel liberou 90 prisioneiros palestinos, incluindo 69 mulheres e 21 adolescentes.
O acordo prevê a libertação gradual de 33 reféns israelenses em troca de aproximadamente 1.900 prisioneiros palestinos ao longo de seis semanas. A próxima fase está programada para sábado, 25, quando o Hamas deverá libertar quatro soldados israelenses. Enquanto isso, milhares de deslocados internos em Gaza começaram a retornar às suas casas, e a entrada de ajuda humanitária foi intensificada para auxiliar na reconstrução do território devastado.
O Cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém, enfatiza a necessidade de enfrentar as causas profundas do conflito, restaurar a confiança e reconstruir tanto a infraestrutura quanto os laços sociais da região. Suas declarações foram feitas em entrevistas ao jornal italiano Avvenire e ao portal Il Sole 24 Ore.
O líder dos católicos da Terra Santa descreveu sua alegria cautelosa: “Estou muito feliz, sinto uma sensação de libertação, porque nos sentíamos todos esmagados por essa guerra.” Ele reconhece, porém, a fragilidade do momento e os desafios para consolidar a paz. “A trégua precisa de um compromisso sério de todos, políticos e religiosos, para que não seja apenas um episódio temporário, mas o início de um novo tipo de percurso”, afirmou.
ESPERANÇAS E TEMORES
Na Faixa de Gaza, que está “praticamente destruída”, a população enfrenta uma crise humanitária severa. Segundo Pizzaballa, há três prioridades imediatas: alimentos, sistema de saúde e educação. “As escolas estão fechadas há dois anos, e não podemos mais permitir que as crianças percam também um terceiro ano de estudo.” Ele alertou que a ausência de educação torna os jovens vulneráveis a extremistas e prejudica qualquer tentativa de reconstrução.
Ele também apontou a urgência de enfrentar a questão israelense-palestina com seriedade e credibilidade: “Os problemas que estão na raiz da situação não podem mais ser adiados. Devemos isso aos mortos e às próximas gerações”.
Pizzaballa reconhece que momentos de tensão nas relações entre a Igreja Católica e o judaísmo são inevitáveis, mas acredita que eles devem ser usados para fortalecer o diálogo. Ele também apelou ao retorno dos peregrinos à Terra Santa, cuja ausência tem impacto econômico e emocional. “Sem peregrinos, as ruas ficam vazias. A presença deles traz trabalho para muitas famílias e um sorriso aos rostos das pessoas”, frisou.