Com arte e testemunho de vida, jovens brasileiros evangelizam em Nova York

Membros da comunidade católica Shalom organizaram, em maio, o 1º festival Halleluya nos Estados Unidos

Do interior do Brasil às ruas movi­mentadas de Nova York, jovens mis­sionários da Comunidade Católica Shalom têm assumido o chamado de evangelizar em terras estrangeiras.

Inspirados pelo tema do Jubileu de 2025, “Peregrinos de Esperança”, eles anunciam a fé cristã com coragem, criatividade e compromisso, em meio a uma realidade marcada por desafios culturais, sociais e espirituais.

A missão Shalom em Nova York foi fundada em 2020, durante a pandemia da COVID-19, tendo um objetivo bem definido: levar o amor de Deus não apenas com palavras, mas com tes­temunho de vida, arte, proximidade e serviço.

O SIM A DEUS

Michelle Goncalves Maia, 35, dei­xou Araraquara (SP) para embarcar no chamado missionário em Nova York, a mais de 6,5 mil km de sua cidade natal.

Há dez anos, Michelle faz parte da Comunidade Shalom. Em 2021, ela ingressou no doutorado em Psi­cologia, no mesmo período em que a Shalom New York estava iniciando atividades.

“Nos meus primeiros nove meses aqui, morei na casa comunitária, com os missionários da comunidade de vida. Eu nunca senti que eu não tinha uma família. Essa experiência fortale­ceu ainda mais a minha vocação, o meu ‘sim’ a Deus, e o meu desejo de ser par­te da comunidade”, ressaltou ao O SÃO PAULO.

Mesmo convicta da missão a que foi chamada, Michelle revela ter sentido o “choque” ao se deparar com os desafios cotidianos: “Era um mundo totalmente novo: outra forma de pensar, uma nova língua, uma cultura e costumes diferentes”.

O DOM DO SILÊNCIO

Lucas Martins, 33, é membro da Comunidade Shalom há oito anos. Já passou por cidades como Fortaleza (CE), Natal (RN), Florianópolis (SC) e até pela Bolívia antes de ser enviado aos Estados Unidos.

‘Foi uma surpresa para mim quan­do a comunidade disse que eu viria para Nova York, porque eu ainda não sei quase nada de inglês, mas estou aqui e vou arriscando’, disse.

Um ano depois, em meio às difi­culdades de comunicação, Lucas foi homenageado durante a renovação de seus votos temporários.

“Disseram que admiravam meu si­lêncio. Foi forte, porque esse silêncio era fruto da minha limitação com a língua. Mas entendi ali que Deus estava me en­sinando a ser, mais do que fazer. Isso tem sido providencial”, explicou o jovem.

Para ele, a evangelização é um movi­mento circular e inclusivo: “Evangeliza­mos os jovens, que depois evangelizam suas famílias, amigos e comunidades”, explicou.

O 1º HALLELUYA EM NOVA YORK

Com o crescimento da missão Shalom na cidade, em 31 de maio foi realizado o 1º Festival Halle­luya em Nova York, uma iniciativa que uniu música, outras expres­sões artísticas, espiritualidade e cultura urbana. A experiência foi inspirada no festival Crossroads, promovido no Brooklyn em 2024, que reuniu artistas de diversas par­tes do mundo.

“O carisma Shalom é univer­sal. Queremos que o Halleluya seja também aqui, na capital do mun­do, um instrumento de evangeli­zação”, afirmou o Padre Cristiano Pinheiro, responsável pela missão.

Embora o plano inicial fosse realizar o evento nas ruas da Times Square, a previsão de chuva e frio levou a organização a transferi-lo para um teatro em Williamsburg, no Brooklyn.

ATRAÇÕES MUSICAIS

O 1º Festival Halleluya em Nova York atraiu cerca de 500 pessoas, que puderam apreciar de perto a paisagem da cidade que nunca dorme e estar em um espaço com atividades artísticas de pintura, selfies instagramáveis, bazar solidário e um restaurante com comi­das típicas de Nova York.

Gustavo Osterno, membro da banda Missionário Shalom, explicou que fazer parte do primeiro Halleluya em Nova York foi uma experiência que aqueceu os corações e manteve a chama da es­piritualidade acesa diante dos jovens e suas famílias que foram ao evento.

“Hoje estamos aqui, brasileiros, cantando diante de um público com­posto por 80% de norte-americanos, mas a graça de Deus se manifesta da mesma forma que vemos no Halleluya em Fortaleza”, afirmou Gustavo.

Além de artistas brasileiros também se apresentaram cantores locais, como Mike Delouis, Bay Turner e Marisel Music.

“Trouxemos bandas do Brasil, como Missionário Shalom e Mo­relzinho, além de artistas locais. Foi uma experiência muito posi­tiva, o público gostou e estamos aprendendo com o processo”, sa­lientou Padre Cristiano.

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