Como é ser um padre católico no país-sede da Copa do Mundo 2022

Foto: Arquivo pessoal

Quando o Padre Charbel Mhanna, 53, precisa adquirir vinho para a celebração da missa, ele deve usar um cartão especial emitido pelo governo do Catar e comprá-lo no único local que vende álcool para residentes no país, de maioria muçulmana e no qual exibições públicas da religião cristã são proibidas.

Padre Charbel mora no Catar há nove anos. Originalmente do Líbano, ele ministra aos católicos maronitas que vivem no país, bem como às comunidades de línguas italiana e francesa na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Doha.

“Não há sinos nem cruzes nas igrejas do Catar e não é possível pregar ou conceder o sacramento do Batismo aos descendentes de não cristãos ou converter de uma religião para outra”, disse o Sacerdote.

Ele acrescentou que “as igrejas são consideradas embaixadas” e, por isso, têm que lidar com o Ministério das Relações Exteriores do Catar.

As procissões religiosas só podem ocorrer dentro das paredes do Qatar Religious Complex, um complexo inaugurado em 2008 que abriga seis igrejas diferentes: católica romana, anglicana, ortodoxa síria, ortodoxa grega, ortodoxa copta e um grupo interdenominacional para cristãos expatriados das comunidades indianas.

“A Bíblia somente pode ser distribuída dentro do campus do complexo da igreja”, disse o Padre Mhanna.

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O Sacerdote destacou que a Eucaristia pode ser dada aos pacientes nos hospitais e é possível rezar nos cemitérios, que possuem túmulos para os não muçulmanos. No entanto, quando se trata do Matrimônio, o Padre só pode celebrar um casamento entre dois cristãos. “Se um cristão quer se casar com um muçulmano, eles não podem fazê-lo em nossa igreja. Costumamos convidá-los para casarem em outro país”, afirmou o Sacerdote.

O Vicariato Apostólico da Arábia do Norte estima que cerca de 200 mil a 300 mil católicos vivam no Catar. Todos são trabalhadores migrantes, principalmente das Filipinas e da Índia.

De acordo com o Vicariato, as regras de emprego e acampamento podem impossibilitar a participação nas liturgias católicas para alguns desses trabalhadores. A comunidade católica também luta com as restrições ao número de padres permitidos no país e com a capacidade limitada de sua igreja dentro do complexo religioso.

Fonte: Fonte: Catholic News Agency – CNA

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