Reino Unido: 100 mil abortos feitos em casa desde o começo da pandemia

Permissão para realizar abortos em casa foi dada excepcionalmente devido à pandemia. Entretanto, a medida pode se estender para além da pandemia

No Reino Unido, uma medida temporária, emitida devido à pandemia, que permite o aborto em casa, feito pelas próprias gestantes, até a décima semana de gravidez, pode ser estendida para além do fim da pandemia do novo coronavírus.

A regra exige apenas que a grávida faça uma consulta on-line com o médico antes de iniciar o procedimento. Esse tipo de aborto é realizado com dois medicamentos: mifepristona e misoprostol. O primeiro remédio mata o bebê inibindo os efeitos da progesterona; e o segundo, tomado dois dias depois, induz o parto. Antes da permissão temporária, a mifepristona poderia apenas ser administrada em hospitais.

Alguns políticos, entretanto, planejam realizar uma consulta pública para determinar que a norma seja permanente no país, segundo o jornal local The Times.

A medida provisória foi anunciada pela primeira vez pelo Departamento de Saúde do governo do Reino Unido em 23 de março. Horas depois do anúncio, entretanto, devido a manifestações dos grupos a favor da vida, o governo informou que a medida não entraria mais em vigor. Apesar disso, uma semana depois, em 30 de março, o governo voltou atrás e decidiu permitir o aborto feito em casa durante a pandemia. Desde então, aproximadamente 100 mil abortos foram realizados dessa forma, segundo dados do mesmo jornal.

Grupos pró-vida afirmaram que a medida não protege as mulheres da pressão de homens que as forçam a abortar, já que o procedimento pode ser realizado mais facilmente. Além disso, os medicamentos administrados são perigosos para a saúde da mulher.

Liz Parsons, diretora da área jurídica da instituição de caridade Life, advertiu que as mudanças “irão tornar quase impossível descobrir problemas psicológicos, coerção ou abuso, deixando as mulheres sem uma verdadeira ajuda e suporte quando elas mais precisam”.

“É absolutamente uma desgraça que o lobby a favor do aborto tome vantagem dessa situação terrível em que estamos, com a COVID-19, para instigar a maior mudança da lei de 1967 (que permitiu o aborto no país) que vimos em anos, sem nenhum tipo de consulta pública”, afirmou Parson quando as medidas foram anunciadas em 30 de março deste ano.

Dom Jonh Sherrigton, o porta-voz dos bispos ingleses sobre assuntos relacionados à vida, afirmou estar chocado com as medidas, que não priorizam o bem estar das mulheres: “Essas medidas colocam em perigo ainda mais as mulheres que, por exemplo, são apressadas a tomar decisões por parceiros abusivos e agir sem a consideração devida”.

Fonte: The Times

Deixe um comentário