Peru: Incidência de síndrome neurológica faz governo declarar estado de emergência

iStock/Tharakorn

Depois de registrar 182 casos da síndrome neurológica de Guillain-Barré, entre janeiro e junho deste ano – o que representa um novo caso por dia –, o governo do Peru decretou estado de emergência sanitária nacional.

Com a morte de quatro pessoas afetadas pela doença, o decreto de sábado, 8, aciona o sinal vermelho por 90 dias e atinge as 25 regiões do país. Tal medida permitirá que as autoridades acelerem a compra de insumos e medicamentos para lidar com a alta repentina de casos.

Embora não seja contagiosa, a síndrome de Guillain-Barré é uma condição neurológica rara e grave, classificada como doença autoimune, em que o próprio sistema imunológico passa a atacar certas partes do corpo de um indivíduo.

Neste caso específico, a região atacada é o sistema nervoso periférico, responsável por fazer a comunicação entre o cérebro e as diferentes regiões e estruturas do organismo, causando fraqueza progressiva dos músculos. Um de seus sintomas mais frequentes é o formigamento e a falta de força nas extremidades do corpo, podendo levar à morte com a paralisação do sistema respiratório.

Estudos demonstram que a doença é geralmente provocada por um processo infeccioso prévio. Os agentes identificados como possíveis gatilhos para a síndrome de Guillain-Barré são: campylobacter, uma das bactérias por trás da diarreia; dengue; zika; chicungunha; citomegalovírus; vírus Epstein-Barr; influenza A (um dos causadores da gripe); mycoplasma penumoniae; enterovírus D68; hepatites A, B e C; HIV e Sars-CoV-2 (o causador da COVID-19).

A infectologista Raquel Stucchi, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que, atualmente, o Peru vive sua pior epidemia de dengue: já são mais de 146 mil casos e 248 mortes pela doença apenas no primeiro semestre de 2023, o que pode contribuir para o aparecimento da outra doença. A médica acrescenta que a síndrome de Guillain-Barré também está eventualmente associada a uma reação vacinal, embora esse efeito colateral seja considerado raro.

No caso específico dos imunizantes contra a COVID-19, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos mostram que esse evento adverso em quem tomou as doses da Janssen ou da AstraZeneca também é classificado como algo raro, embora seja mais frequente do que o observado na média da população.

Fontes: BBC Brasil e RFI Brasil

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