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Irã nega pedido de liberdade para cristãos presos

Mehran, um cristão de origem muçulmana, cumpre pena de dez anos por participar de culto

Portas Abertas

A Suprema Corte do Irã recusou o pedido de um novo julgamento para Mehran Shamloui, um cristão de origem muçulmana que está cumprindo pena de dez anos de prisão por participar de uma reunião de louvor em uma igreja doméstica. Os muçulmanos são proibidos de se converter a outras religiões no país. 

Shamloui, de 37 anos, foi preso no dia 3 de julho depois de ter sido deportado da Turquia, para onde tinha fugido após receber sua sentença em março. Ele foi transferido para a prisão de Evin em agosto, junto com outros três cristãos. Evin é conhecida por sua crueldade e condições precárias. É o presídio para onde são enviados presos políticos, cristãos e opositores do governo. Além deles, outro prisioneiro cristão, Amir-Ali Minaei, está desaparecido.  

As mulheres também passam pelas mesmas dificuldades. Na prisão feminina de Qarchak, as cristãs Mina Khajavi e Aida Najaflou contam que as condições são desumanas. 

De acordo com a Article 18, Aida descreveu como foi sua transferência para o presídio: “Cheguei lá algemada e encontrei as internas sem água limpa, acesso a higiene ou comida minimamente decente. Também não havia nada com o que se aquecer ou se proteger do frio”. 

Como é a perseguição aos cristãos no Irã? 

No Irã, a comunidade cristã é dividida entre os cristãos constitucionalmente reconhecidos e os que o governo não reconhece como seguidores de Jesus. Comunidades cristãs históricas reconhecidas, como os cristãos armênios e assírios, são protegidas pelo Estado; ainda assim, na prática, são tratados como cidadãos de segunda classe. Eles enfrentam muitos dispositivos legais discriminatórios e não têm permissão para fazer cultos em farsi, a língua local, ou interagir com cristãos de origem muçulmana.   

A conversão do islamismo para o cristianismo é ilegal no Irã, e qualquer convertido descoberto pode ser detido ou preso. Além disso, deixar o islã pode resultar em perda de herança da família, casamento forçado com um muçulmano, divórcio ou perda da guarda dos filhos. O governo vê esse os cristãos de origem muçulmana como uma ameaça, acreditando que eles são influenciados por países ocidentais para enfraquecer o islamismo e o regime nacional. Eles não podem registrar a conversão ao cristianismo em seus documentos e por isso enfrentam severas violações da liberdade religiosa. Eles são obrigados a se reunir ilegalmente em igrejas domésticas e, se descobertos, são presos.  

Na prisão, é comum que cristãos iranianos enfrentem tortura e abusos em interrogatórios. E, mesmo depois de libertos, continuam sendo monitorados pelas autoridades. Aqueles que apoiam os cristãos de origem muçulmana também podem ser presos. Tanto líderes quanto membros de grupos cristãos são frequentemente detidos, condenados e sentenciados a longos anos de prisão por “crimes contra a segurança nacional”. Além disso, cristãos que deixam o islamismo também podem enfrentar pressão da família e comunidade em geral. 

O Irã ocupa a 9ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, que classifica os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos.

Portas Abertas cria campanha para fortalecer igrejas domésticas no Irã

A Portas Abertas, organização criada há mais de 70 anos para apoiar cristãos perseguidos em mais de 60 países, criou uma campanha para fortalecer os cristãos e as igrejas domésticas no Irã.

Acesse o link para saber mais sobre a campanha e ajudar os cristãos secretos iranianos com treinamentos de liderança, uma das maiores necessidades da igreja no país diante das constantes prisões dos seguidores de Cristo.

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