‘Enquanto seguidores de Cristo, nós somos chamados a lutar pela vida contra os politicamente corretos e as modas de hoje’, disse a religiosa, em discurso na Convenção Nacional Republicana
Entre os dias 24 e 27 de agosto ocorreu, via internet, a Convenção Nacional Republicana, que confirmou oficialmente a chapa Donald Trump e Mike Pence para disputar a eleição presidencial nos Estados Unidos.
Como já reportado anteriormente, neste ano escancarou-se ainda mais uma divisão que tem se mostrado sempre maior entre o programa de governo proposto pela chapa Democrata e aquele proposto pela chapa Republicana. Essa distância se mostrou particularmente grande no que toca o direito à vida, tema que continua a ganhar maior atenção nos Estados Unidos – e no mundo – à medida que a agenda abortista avança.
Nas Convenções Nacionais – Republicanas e Democratas – várias pessoas são convidadas a se pronunciar. Neste ano, ganhou grande repercussão a declaração da Irmã Deirdre Byrne, pertencente à comunidade das Pequenas Operárias dos Sagrados Corações de Jesus e Maria.
Deirdre Byrne formou-se médica cirurgiã, entrou para o exército americano – chegando à posição de coronel – e, por fim, abraçou o hábito religioso. Pelo exército, serviu em diferentes lugares – entre eles, o Afeganistão. Além disso, já antes de assumir a vida religiosa, participou de várias atividades missionárias como médica. Esses serviços continuaram após ter proferido os votos.
Segue traduzido, a maior parte do discurso feito pela irmã Byrne:
“Devo confessar que recentemente rezei, quando na capela, implorando a Deus que me permitisse ser uma voz e instrumento para a vida humana. E agora aqui estou, falando na Convenção Nacional Republicana. Penso que devemos ter cuidado com as coisas pelas quais rezamos”.
“Minha jornada para a vida religiosa não foi por uma via tradicional, se é que existe algo do tipo. Em 1978, como estudante de medicina na Universidade de Georgetown, entrei para o exército para conseguir pagar meus estudos, e acabei por dedicar 29 anos ao serviço militar, como médica e cirurgiã em lugares como Afeganistão e a Península do Sinai, no Egito. Após muita oração e contemplação, entrei em minha Ordem religiosa em 2002, trabalhando para servir os pobres e doentes no Haiti, Sudão, Quênia, Iraque e em Washington D.C”.
“A humildade está nos fundamentos de nossa Ordem, o que faz muito difícil falar de mim mesma. Mas eu posso falar de minha experiência, trabalhando para aqueles países arrasados pela guerra e pela pobreza em todo o mundo. Todos aqueles refugiados compartilham uma mesma experiência: foram todos marginalizados, vistos como insignificantes, impotentes e sem voz. E, enquanto nós tendemos a pensar nos marginalizados como pessoas que vivem fora de nossas fronteiras, a verdade é que o maior grupo de marginalizados do mundo pode ser encontrado aqui, nos Estados Unidos. São os não-nascidos”
“Enquanto cristãos, nós encontramos Jesus pela primeira vez como um embrião no ventre de uma mãe não casada, e o vimos nascer nove meses depois na pobreza da gruta. Não é coincidência que Jesus lutou pelo que era justo e foi por fim crucificado porque o que Ele disse não era politicamente correto ou não estava na moda. Enquanto seguidores de Cristo, nós somos chamados a lutar pela vida contra os politicamente corretos e as modas de hoje”.
“Nós devemos lutar contra a agenda legislativa que apoia e até comemora a destruição da vida no ventre. Tenham em mente que as leis que nós criamos definem como nós vemos nossa humanidade. E devemos nos perguntar: o que estamos dizendo quando vamos a um ventre e eliminamos uma vida inocente, impotente e sem voz?
“Sendo médica, eu posso dizer sem qualquer hesitação: a vida começa na concepção. Talvez será difícil para alguns escutar o que eu tenho para dizer. Estou dizendo porque não sou apenas pró-vida, eu sou pró-vida-eterna, e quero que todos nós terminemos no Céu juntos, algum dia.”
A Irmã então concluiu manifestando seu apoio ao candidato e atual presidente Donald Trump.
O pronunciamento em inglês, na íntegra, pode ser facilmente encontrado no YouTube (nesta tradução, foram omitidas algumas palavras do início e do fim do discurso). Procurou-se traduzir com a maior fidelidade possível, ao contrário do que ocorre em certos casos. A emissora CNN, por exemplo, em sua tradução para o espanhol, substituiu as palavras “pró-vida” da Irmã Byrne por “anti-aborto”. Essa sutil manipulação se explica porque as grandes mídias são, em geral, pró-aborto, e querem evitar que termos de conotação positiva, como pró-vida, sejam apropriados por seus opositores.
Fonte: discurso da irmã Deirdre Byrne, transmitido pela rede pública de televisão PBS; Religión en Libertad