Mensagem da Igreja para o Domingo do Mar: ‘tripulações têm o direito de desembarcar’

No próximo dia 10 de julho será celebrado o “Domingo do Mar”, como as comunidades cristãs fazem anualmente todo segundo domingo do mês de julho, para recordar aqueles que se põem a serviço em todos os lugares, como os marinheiros e pescadores, mas também os muitos capelães e voluntários da Stella Maris – ministério marítimo da Igreja Católica – que oferecem o seu apoio.

A comemoração nasceu em 1975, na Inglaterra, por iniciativa do Apostolado do Mar, da Missão aos Marítimos e da Sociedade de Marinheiros, para depois assumir uma dimensão internacional e ecumênica.

As crises do mundo marítimo

Em mensagem assinada pelo cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, há a recordação do “trabalho essencial de mais de um milhão de marinheiros que, todos os dias do ano, trabalham em navios que transportam mercadorias ao redor do mundo”.

Segundo o cardeal são em milhares navegando lá no horizonte, na maioria das vezes invisíveis, mas que “movem a economia mundial”, fornecendo “os bens que usamos e consumimos, e sem eles, nossa qualidade de vida seria consideravelmente inferior”. Um trabalho essencial que, segundo ele, deve ser agradecido: “é hora de dizer: ‘Obrigado!”, lembra o cardeal, sobretudo diante de uma série de crises vividas pelo mundo marítimo nos últimos anos:

“Com a guerra na Ucrânia, os navios enfrentam agora a árdua tarefa de navegar através das minas no Mar Negro e no Mar de Azov. Muitos navios afundaram e muitas vidas foram perdidas durante essa guerra injusta e imoral. Devido à pandemia global, mais de 400 mil marítimos ficaram retidos a bordo, impossibilitados de deixar o navio no final do contrato e voltar para casa para as suas famílias. Em vez disso, continuaram trabalhando dia após dia, com mais afinco.”

O cardeal Czerny também revela que quem saiu no lucro econômico dessas crises não foram os marinheiros, mas as empresas de navegação. Uma situação que ele considera “lamentável”, com “as companhias recebendo os ganhos, enquanto os marinheiros e suas famílias pagam o preço”. Outro ponto questionável indicado pelo prefeito diz respeito à negação da livre circulação dos marinheiros com “a desculpa da pandemia”, mesmo já tendo sido vacinados contra a Covid-19: eles não devem ser ignorados e nem discriminados, porque “dependemos deles. Precisamos deles”, acrescenta o cardeal.

“Vários governos e companhias de navegação ainda se recusam a permitir que os marinheiros desembarquem. Para acrescentar insulto ao dano, alguns marinheiros podem ir à terra se tiverem a ‘cidadania adequada’. Essa discriminação é tão injusta quanto imoral. Todos nós devemos lembrar que a dignidade inata dos marinheiros como seres humanos deve ser respeitada. Onde quer que estejam no mundo, devem ser tratados igualmente, sem qualquer discriminação.”

“Os capelães e os voluntários da Stella Maris fazem um apelo urgente aos governos e às companhias de navegação ao redor do mundo para garantir que as tripulações tenham o direito de desembarcar!”.

Missa na Toscana

Dom Carlo Ciattini, da diocese italiana de Massa Marittima e Piombino, vai presidir a missa na manhã de domingo em Portoferraio, na Toscana, com a presença do padre Bruno Bignami, diretor do Departamento Nacional do Apostolado do Mar da Conferência Episcopal Italiana (CEI). A celebração inclusive será transmitida ao vivo pela RAI, o canal público de TV da Itália.

Stella Maris no Brasil 

O padre colombiano Samuel Fonseca Torres, missionário Scalabriano que desde 2001 atua no Brasil, é diretor nacional do Apostolado do Mar e capelão do Porto de Santos. Ele que fez a revisão da tradução para o português da mensagem para o Domingo do Mar.

Padre Samuel Fonseca Torres

Segundo o padre, o Apostolado do Mar tem uma sede no Vaticano e está organizado em 9 regiões no mundo. Em cada país, a organização conta com bispos promotores, diretores nacionais e os capelães voluntários e voluntárias do Apostolado do Mar. O padre Samuel representa o Apostolado do Mar do Brasil junto ao Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano  Integral do Vaticano.

No Brasil existem três missões Stella Maris, uma no Rio de Janeiro, outra no Rio Grande do Sul e a de Santos. O Apostolado do Mar tem como público alvo os marinheiros, pescadores, trabalhadores, estivadores e todas as pessoas que vivem do mar.

Desde 2002, no 21º Congresso do Apostolado do Mar, no Rio de Janeiro, o padre Samuel foi escolhido para ser o coordenador nacional e regional para a América Latina e Caribe. “Na minha opinião isso não é um privilégio, ao contrário é um desafio em função de atuarmos numa região muita extensa”, disse. Ele chama a atenção para o fato de no Brasil ter poucos capelães, padres disponíveis e ainda poucos bispos que apoiam a causa do Apostolado do Mar.

Fonte: CNBB

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Ricardo
Ricardo
1 ano atrás

Conheci o Daime no céu do mar ,padrinho Paulo Roberto. Me encantei com a experiência, eu fui uns 3 anos sempre que deva eu subia a serra. Mas já faz um 5 que eu não vou .
Espero poder voltar os trabalhos o mais rápido possível, saudades dos irmã .deixo aqui meu abraço a todos.