Mianmar: igrejas são atingidas por fogo de artilharia do governo

País está em um conflito interno desde um golpe de Estado dos militares em 1º de fevereiro, seguido de protestos civis

Foto divulgada por um grupo de mídia Kantarawaddy

Uma igreja católica, localizada a sete quilômetros de Loikaw, capital do estado de Kayah, em Mianmar, foi atingida na semana passada por morteiros das tropas do governo que buscavam atacar grupos rebeldes. Duas mulheres foram mortas e muitas outras pessoas ficaram feridas dentro da igreja, uma vez que lá entraram em busca de refúgio enquanto ocorria o bombardeio.

A Catedral do Sagrado Coração, em Pekhon, a 15 quilômetros de Loikaw, também foi danificada pelo fogo de artilharia. O incidente deixou quatro mortos e oito feridos no local. Diversas autoridades religiosas pedem que se respeitem as igrejas.

Uma terceira igreja católica, desta vez a de São José, na cidade de Demoso, foi igualmente atingida, no dia 26, porém não houve vítimas.

Fontes católicas dizem que ninguém estava dentro do complexo da igreja, pois todas as pessoas do município de Demoso já fugiram para áreas seguras depois de intensos combates na região.

Tensão no ar

O último ataque ocorreu um dia depois que o Cardeal Charles Bo, Arcebispo de Yangon, apelou pela proteção dos edifícios religiosos, já que os locais de culto são propriedade cultural de uma comunidade e protegidos por protocolos internacionais.

“Estamos muito preocupados com a crescente insegurança alimentar entre os deslocados internos, pois mais pessoas podem se apartar à medida que os combates se espalham”

Ele exortou todos os lados a não agravar o conflito. “Nosso povo é pobre. A COVID-19 roubou-lhes o sustento, a fome espreita milhões, a ameaça de outra rodada de doentes pelo coronavírus é real. O conflito é uma anomalia cruel neste momento”, disse o Prelado.

Fome e solidariedade

Mais de 50 mil civis foram forçados a fugir de suas casas em Kayah e no estado vizinho de Shan, e se refugiar em igrejas e conventos, ao passo que outros fugiram para a selva, em meio ao aumento dos combates entre os militares e as Forças de Defesa do Povo e o Partido Progressista Nacional Karenni, no último fim de semana.

O braço social da Karuna (Cáritas) Mianmar, na Diocese de Loikaw, tem fornecido ajuda humanitária a pessoas deslocadas internamente.

O Padre Aloysius Thet Htwe Aung, diretor da Karuna (Caritas) Loikaw, disse que a agência tem fornecido alimentos, abrigo, remédios e kits de higiene diariamente por meio de fundos da Quaresma e de doadores privados.

Situação caótica

Mianmar está em um conflito interno desde um golpe de Estado dos militares ocorrido em 1º de fevereiro, seguido de protestos civis. Por suspeita de fraude, os militares desconhecem o resultado da eleição de novembro passado.

Recentemente, porém, em 17 de maio, os militares usaram artilharia contra a base aérea de Taungoo e sua unidade militar em Bago, que fica ao norte de Yangon, até um tempo atrás a capital do país.

Um total de 30 cidades está sob toque de recolher das 20h às 4h; e, em Yangon e Mandalay, cidades importantes e consideradas um dos focos dos protestos, o toque de recolher começa às 18h.

Fontes: Gaudium Press e UCA News

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