Na chegada a Portugal, Papa pede à Europa para ‘apagar focos de guerra e acender luzes de esperança’

Em seu primeiro compromisso em terras portuguesas, Pontífice encontrou-se com autoridades e membros da sociedade civil e do corpo diplomático em Lisboa, onde ocorre a JMJ até domingo, 6

Papa ao lado do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa (foto: Vatican Media)

“Sinto-me contente em estar em Lisboa, cidade do encontro, que abraça diferentes povos e cultura, e que neste dias se torna ainda mais universal; se transforma, de alguma maneira, na capital do mundo”, disse o Papa Francisco no início de seu discurso de chegada a Portugal, na manhã da quarta-feira, 2, quando falou às autoridades do país e membros da sociedade civil e do corpo diplomático no Centro Cultural de Belém.

Nesta que é a sua 42a Viagem Apostólica Internacional, o Pontífice estará com os jovens na Jornada Mundial da Juventude, que prossegue até domingo, 6, em Lisboa.

PEDIDOS À EUROPA

“Sonho uma Europa, coração do Ocidente, que use o seu engenho para apagar focos de guerra e acender luzes de esperança; uma Europa que saiba reencontrar o seu ânimo jovem, sonhando a grandeza do conjunto e indo além das necessidades imediatas; uma Europa que inclua povos e pessoas, sem correr atrás de teorias e colonizações ideológicas”, expressou o Pontífice em seu discurso.

Aludindo a multiplicidade de pessoas que participam da JMJ, o Papa lembrou que isso condiz bem com o caráter cosmopolita de Portugal, que afunda as suas raízes no desejo de se abrir ao mundo e explorá-lo, navegando rumo a novos e amplos horizontes.

“Do oceano, Lisboa conserva o abraço e o perfume. À vista dele, os portugueses são levados a refletir sobre os imensos espaços da alma e sobre o sentido da vida no mundo. Nesta linha, disse Francisco, gostaria também eu de partilhar convosco algumas reflexões, deixando-me levar pela imagem do oceano”, afirmou.

“O oceano não liga apenas povos e países, mas também terras e continentes. As grandes questões hoje, como sabemos, são globais e já muitas vezes tivemos de fazer experiência da ineficácia da nossa resposta às mesmas, precisamente porque o mundo, diante de problemas comuns, se mantém dividido ou pelo menos não suficientemente unido, incapaz de enfrentar juntos aquilo que nos põe em crise a todos. Parece que as injustiças planetárias, as guerras, as crises climáticas e migratórias correm mais rapidamente do que a capacidade e, muitas vezes, a vontade de enfrentar em conjunto tais desafios”, observou Francisco.

Referindo-se à Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, o Papa disse esperar que a mesma seja para o ‘velho continente’ um impulso de abertura universal, afirmou, destacando que o mundo tem necessidade da Europa verdadeira: construtora de pontes e de pacificadora no Leste europeu, no Mediterrâneo, na África e no Médio Oriente.

“No oceano da história, estamos a navegar num momento tempestuoso e sente-se a falta de rotas corajosas de paz. Olhando com grande afeto para a Europa, no espírito de diálogo que a carateriza, apetece perguntar-lhe: Para onde navegas, se não ofereces percursos de paz, vias inovadoras para acabar com a guerra na Ucrânia e com tantos conflitos que ensanguentam o mundo?”, disse.

MAIS TECNOLOGIA, MAIS ARMAS E O FUTURO?

“Que rota segues, Ocidente? A tua tecnologia, que marcou o progresso e globalizou o mundo, sozinha não basta; e muito menos bastam as armas mais sofisticadas, que não representam investimentos para o futuro, mas empobrecimento do verdadeiro capital humano que é a educação, a saúde, o estado social. Fica-se preocupado ao ler que, em muitos lugares, se investem continuamente os recursos em armas e não no futuro dos filhos”, observou o Papa.

“Para onde navegais, Europa e Ocidente, com o descarte dos idosos, os muros de arame farpado, as mortandades no mar e os berços vazios? Para onde ides se, perante o tormento de viver, vos limitais a oferecer remédios rápidos e errados como o fácil acesso à morte, solução cómoda que parece doce, mas na realidade é mais amarga que as águas do mar?”.

Apesar desse contexto, Francisco destacou que a JMJ Lisboa 2023 oferece razões de esperança para que se construa um futuro com esperança.

“Reaviva o desejo de criar coisas novas, fazer-se ao largo e navegar juntos rumo ao futuro. Vêm à mente algumas palavras ousadas de Fernando Pessoa: «Navegar é preciso; viver não é preciso (…); o que é necessário é criar» (Navegar é preciso). Trabalhemos, pois, com criatividade para construirmos juntos!”, conclui.

LEIA A ÍNTEGRA DO DISCURSO DO PAPA

(Com informações de Vatican News)

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