Dia Mundial do Refugiado: garantir o direito à educação é fundamental

Na segunda-feira, 20, é comemorado o Dia Mundial do Refugiado, que este ano se concentra no direito de buscar proteção. A Comissão Católica Internacional para as Migrações (ICMC, na sigla em inglês) dá prioridade à defesa do direito à educação para que as crianças e jovens possam garantir o seu futuro, mesmo enquanto vivem desvinculados de seus países ou regiões de origem.

foto: Achilleas Zavallis/ACNUR

“O paradoxo é que muitos dos rohingyas (um povo de etnia indo-ariana que não possui estado e território próprios, segue a religião islâmica e se espalhou por Mianmar, mas também pela Malásia, Índia, Bangladesh, China, Arábia Saudita, Sri Lanka e Japão, sem possuir identidade ou cidadania reconhecidas) que se inscreveram em excesso para nossos cursos na Malásia não teriam acesso a programas de educação no país em que se encontram, Mianmar. Lá, os rohingyas são amplamente impedidos de frequentar o ensino médio e universitário”, disse o secretário-geral do ICMC, Monsenhor Robert Joseph Vitillo.

ALFABETIZAÇÃO DIGITAL

Desde o início da pandemia global de COVID-19, a alfabetização digital para superar o que está se tornando uma crescente divisão digital é imperativa para pessoas de todas as idades.

Com essa alfabetização, as pessoas deslocadas, que estão entre as mais vulneráveis, podem continuar a acessar oportunidades de educação e gerar renda para si e suas famílias, mesmo que futuros bloqueios e restrições de deslocamento sejam implementados para proteger a saúde pública.

ALCANCE

Um dos locais em que a ICMC apoia programas educacionais é em Kuala Lumpur, nos arredores de Klang Valley e Penang, noroeste da capital da Malásia. O país atualmente abriga mais de 180 mil requerentes de asilo, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

Mais de 85% desses requerentes de asilo são de Mianmar, e a grande maioria das pessoas que chegam para escapar do conflito naquele país são da minoria étnica rohingya. Em 2017, os militares de Mianmar desencadearam uma repressão brutal aos rohingyas no estado de Rakhine, forçando o deslocamento de mais de 700 mil rohingyas para Bangladesh, onde permaneceram em grande parte para sua segurança e sobrevivência.

RISCO DE VIDA

Muitos rohingyas também são forçados a arriscar suas vidas para fazer uma perigosa viagem marítima, confiando em contrabandistas para ajudá-los a chegar à Malásia, às vezes depois de vários meses à deriva no mar.

Desnecessário seria dizer que muitos nunca conseguem, com naufrágios ao longo da costa de Mianmar acontecendo com frequência.

AJUDA VALIOSA

Kyaw Hla Aung, já falecido, destinou ao ICMC uma parcela do Prêmio Aurora, concedido a ele em 2018 por sua defesa aos direitos humanos e conscientização sobre seu próprio povo rohingya. Em grande parte, por meio dessa generosa doação, o ICMC conseguiu organizar aulas para refugiados rohingyas em malaio e inglês, aulas de costura, de culinária e cursos sobre outras atividades geradoras de renda.

Os programas também promoveram a educação como chave para garantir um futuro melhor aos rohingyas, cursos de atualização sobre cuidados infantis e melhoria da comunicação nos casamentos como parte da redução da violência de gênero. Foram organizados cursos que também abordaram especificamente a violência de gênero, melhorando a situação das mulheres e seus direitos, para reduzir a violência contra o público feminino.

Com os cursos facilitados na Malásia, as aulas de malaio ajudaram as mulheres a se integrarem melhor à cultura malaia e a estarem mais bem preparadas para comprar produtos no mercado ou simplesmente melhorar suas perspectivas de emprego.

BENEFÍCIOS

Mais de 13 mil homens, mulheres, meninos e meninas se beneficiaram diretamente dos programas de educação e alfabetização digital. As crianças aprenderam programas de software padrão, necessários na força de trabalho digital, como Word, Powerpoint, Excel e o software de design Canva. A redação de currículos também foi um foco, especialmente para os jovens.

Devido à pandemia, as aulas passaram a ser totalmente on-line e o financiamento da Aurora possibilitou a compra de tablets para que os alunos pudessem migrar para o aprendizado remoto. Um benefício inesperado do formato on-line foi que os cursos puderam ser disponibilizados para mais alunos do que o planejado.

Por outro lado, algumas atividades geradoras de renda, como as aulas de costura, tiveram que ser canceladas.

Transferências diretas de dinheiro para os rohingyas mais vulneráveis ​​também os ajudaram a pagar aluguel, material escolar e comida em um momento em que muitos estavam perdendo empregos durante a pandemia e o desemprego disparou entre os requerentes de asilo e refugiados.

Fonte: Comissão Católica Internacional para as Migrações

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