Diretor de organização católica no país critica falta de suporte do governo local para que gestantes, em especial a mais pobres, recusem propostas abortivas
Um relatório publicado pelo governo escocês revelou que houve um total de 13.583 abortos no país em 2019, o que significa 13 abortos a cada mil mulheres com idade entre 15 e 44 anos, o segundo maior número já registrado na Escócia desde que o aborto foi descriminalizado no país em 1967.
O número de abortos é mais alto nas regiões mais pobres. Mulheres que vivem nessas regiões abortam, em média, duas vezes mais do que as que vivem em áreas menos pobres (18.2 abortos por mil mulheres, nas áreas pobres, e 8.8 por mil nas outras áreas). A discrepância no número de aborto no país entre pobres e ricos é uma tendência que as estáticas apontam desde 2010.
Anthony Horan, diretor do Catholic Parliamentary Office, no site da organização, questionou a atuação do governo escocês para dar suporte às grávidas mais vulneráveis: “Por que as mulheres mais pobres procuram o aborto? Elas se sente pressionadas a tomar essa decisão? Há um suporte adequado e disponível para ajudá-las a manterem seus filhos?”.
O relatório aponta que metade dos abortos foi realizado por mulheres entre 20 e 29 anos. Entretanto, o número de abortos entre mulheres acima de 40 anos também cresceu. Segundo o relatório, em 2000, duas mulheres acima de 40 anos a cada mil abortaram na Escócia. Em 2019, o número foi de quatro a cada mil.
Metade do abortos ocorreu com a administração de misoprostol pelas próprias mulheres grávidas em suas casas, já que a maioria dos abortos no país ocorre no começo da gestação. Em 2018, 30% dos abortos foram feitos dessa forma.
Houve 211 abortos devido a má formação genética, o que inclui a Síndrome de Down, revelando a tendência em muitos países europeus de serem eliminadas as vidas de pessoas com deficiência genética.
O relatório se refere ao aborto como “interrupção de gravidez”, termo duramente criticado por Horan: “Interrupção da gravidez é um termo confuso, pois um nascimento de um criança, por métodos naturais ou cesárea, ‘interrompe’ também uma gravidez. O que distingue ambas as interrupções daquelas apontadas no relatório é que, nestas últimas, a criança é morta deliberadamente”.