‘Obrigado, querido Georg’, escreve Bento XVI, na despedida ao seu irmão

Carta comovente do Papa Emérito foi lida durante o funeral do Monsenhor Georg Ratzinger, nesta quarta-feira, 8

Funeral de Georg Ratzinger, em Regensburg, na Alemanha

“Nesta hora da última despedida de meu irmão, estou com vocês”. Estas foram as primeiras palavras da mensagem de Bento XVI lidas por Dom Georg Gänswein, seu secretario pessoal, nesta quarta-feira, 8, durante o funeral do Monsenhor Georg Ratzinger, irmão do Papa Emérito, morto no dia 1º, em Regensburg, na Alemanha, aos 96 anos.

“O eco de sua vida e obra, que recebi atualmente sob a forma de cartas, telegramas e e-mails, vai muito além do que eu poderia imaginar”, escreveu o Pontífice, acrescentando que o lema do Cardeal Newman “cor ad cor loquitur”  (o coração fala ao coração) tornou-se verdadeiro para ele, pois os corações se falam além das palavras no papel.

SACERDOTE E MÚSICO

Lembrando de seu irmão, Bento XVI destacou três características: musicalidade, sociabilidade e piedade.

Ele recordou que a vocação sacerdotal de Georg sempre foi acompanhada pela música. “Já em Tittmoning, nos primeiros anos de sua vida escolar, ele não apenas se informava atentamente sobre a música da Igreja, mas também seus primeiros passos para aprendê-la por conta própria” relatou Joseph Ratzinger, destacando, ainda, que esses estudos fizeram com que seu irmão se tornasse o mestre de capela do Coro da Catedral de Regensburg, o que foi um prazer e uma dor ao mesmo tempo, pois, naquela ocasião, sua mãe havia morrido. “Se nossa mãe tivesse vivido, ela poderia ter visto”, acrescentou.

“Gostaria de mencionar outra característica do meu irmão. Por um lado, há sua alegria sociável, seu humor, sua alegria pelos bons dons da criação. Ao mesmo tempo, porém, ele era um homem de expressão direta, na medida em que expressava abertamente sua convicção. Ele viveu na maior cegueira possível por mais de 20 anos e, portanto, foi excluído de boa parte da realidade. Essa grande renúncia sempre foi difícil para ele, mas ele sempre a aceitou e aprovou por dentro”, acrescentou o Pontífice.

Bento XVI salientou, ainda, que seu irmão era um homem de Deus e que “embora não demonstrasse, a  piedade era o verdadeiro centro de sua vida, principalmente sobriedade e honestidade”.

GRATIDÃO

Por fim, Papa Emérito agradeceu por ter tido a oportunidade de estar com seu irmão pela última vez entre os dias 18 e 22 de junho, quando deixou o Vaticano e viajou até a Alemanha. “Ele não tinha me pedido para visitá-lo. Mas senti que era hora de ir até ele”, disse.

“Sou profundamente grato por esse sinal interno que o Senhor me deu. Quando eu disse adeus a ele na manhã de segunda-feira, 22 de junho, sabíamos que seria adeus neste mundo para sempre. Mas também sabíamos que o Deus benevolente que nos deu essa unidade neste mundo também governa o outro mundo e nos dará uma nova unidade lá”, relatou Joseph Ratzinger, que, em seguida, agradeceu ao seu “querido irmão” por tudo que ele fez, sofreu e deu a ele.

Segundo o Bispo de Regensburg, Dom Rudolf Voderholzer, disse que Bento XVI acompanhou o funeral de seu irmão por meio de transmissão ao vivo.

(Com informações de Vatican News)

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