Padre conta como foi expulso da Nicarágua durante a Semana Santa

O Padre Donaciano Alarcón, missionário claretiano panamenho que foi expulso da Nicarágua pela ditadura, descreveu como as autoridades lançaram acusações infundadas contra ele, o levaram à fronteira com Honduras e o abandonaram à própria sorte.

“A Polícia veio ao meu encontro no Domingo de Ramos e me advertiu de que eu deveria “lembrar as prescrições” para a Semana Santa, dadas pelo regime. Na manhã seguinte, quando eu e outro amigo padre fomos à missa do Crisma, os policiais nos pararam abruptamente e me disseram que iam me expulsar do país porque eu estava incitando o povo, que estava dedicando todas as homilias ao nosso Bispo, Dom Álvarez, que está preso. Foi tudo mentira”, frisou.

“Eles me colocaram em uma viatura com dois policiais e me levaram para a fronteira. Fizeram-me cruzá-la e me disseram que agora eu estava fora do país e não poderia mais voltar. Eu não sabia o que fazer e, então, algumas senhoras me viram e me ajudaram a conseguir um telefone para ligar para meu pai. Em seguida, fui acolhido por uma família em San Marcos de Colón”, disse o Padre Alarcón à Rádio Hogar, da Arquidiocese do Panamá.

Conforme um relatório divulgado pela organização não-governamental Monitoramento Azul e Branco (as cores da bandeira da Nicarágua), pelo menos 15 nicaraguenses, em sua maioria opositores ao regime e fiéis católicos, além de um jornalista, foram presos pela Polícia nicaraguense durante a Semana Santa.

A advogada e pesquisadora Martha Patricia Molina divulgou um estudo segundo o qual mais de 3 mil procissões da Semana Santa foram proibidas pela ditadura na Nicarágua neste ano.

Fonte: ACI Prensa

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