Papa aos jovens: o estudo deve ser o caminho para a verdade, que nos torna livres

Com os estudantes da Universidade Católica de Lovaina, o Pontífice abordou questões de justiça social, responsabilidade ambiental e o papel das mulheres na Igreja, e incentivou os jovens a nutrir a esperança e a trabalhar por um futuro melhor

Foto: Vatican Media

O Papa Francisco encontrou-se no sábado, 28, com estudantes da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, como parte de sua visita ao país. O evento, que marca a celebração dos 600 anos da instituição, foi uma oportunidade para o Pontífice dialogar sobre desafios contemporâneos e a importância da esperança e do compromisso com a verdade.

Em seu discurso, o Santo Padre expressou sua preocupação com as várias formas de mal que afligem o mundo, incluindo a guerra e a degradação ambiental, e alertou que esses males muitas vezes contaminam a religião, transformando-a em um instrumento de opressão.

O CRISTIANISMO E A ECOLOGIA

Francisco abordou a relação entre Cristianismo e ecologia ao compartilhar a importância de cultivar a gratidão por Deus, que nos confere a criação como um presente divino, e nos convida a sermos “hóspedes e peregrinos” neste mundo.

Segundo o Papa, todos têm a missão de preservar a beleza da Terra, e o compromisso com a natureza deve se sobrepor a interesses econômicos e a indiferença dos poderosos. Além disso, o Pontífice enfatizou a necessidade de fidelidade a Deus e ao próximo, convocando a todos para um desenvolvimento integral que respeite todas as dimensões da vida humana e combata a opressão.

“Desenvolvimento diz respeito a todas as pessoas e a todos os aspectos de sua vida: físico, moral, cultural, sociopolítico; e se opõe a qualquer forma de opressão e exclusão. A Igreja denuncia esses abusos, comprometendo-se, antes de tudo, com a conversão de cada um dos seus membros, de nós mesmos, à justiça e à verdade. Nesse sentido, o desenvolvimento integral nos chama à santidade: é uma vocação para uma vida justa e feliz, para todos”.

AS MULHERES NA IGREJA

O Papa também refletiu sobre o papel das mulheres na Igreja e na sociedade, destacando sua posição central na história da salvação. Ele rejeitou a ideia de rivalidade entre os gêneros, enfatizando a importância do respeito mútuo e da dignidade compartilhada.

“Não é o consenso nem as ideologias que sancionam o que é característico da mulher, o que é feminino. A dignidade é assegurada por uma lei original, escrita não no papel, mas na carne. A dignidade é um bem inestimável, uma qualidade intrínseca, que nenhuma lei humana pode conceder ou retirar. A partir dessa dignidade, comum e compartilhada, a cultura cristã elabora continuamente, em diferentes contextos, a vocação e a missão do homem e da mulher e o seu mútuo ser um para o outro, em comunhão. Não um contra o outro, com reivindicações opostas, mas um para o outro. Não se esqueçam disso: a Igreja é mulher!”, prosseguiu.

REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO ACADÊMICA

Ao falar sobre a formação acadêmica, o Pontífice incentivou os estudantes a adotarem um estilo de estudo que priorize a comunidade. E lembrou de que o estudo deve servir ao bem comum, afirmando que “não se vive para trabalhar; trabalha-se para viver”:

“Há uma razão que nos move e um objetivo que nos atrai, que devem ser bons, pois deles depende o sentido do estudo e a direção da nossa vida. Às vezes, estudamos com o objetivo de conseguir determinado tipo de trabalho e acabamos vivendo em função dele. Tornamo-nos ‘mercadoria’. Não se vive para trabalhar, trabalha-se para viver; é fácil dizer isso, mas colocá-lo em prática com coerência exige dedicação”, afirmou.

A BUSCA PELA VERDADE

Ao concluir, o Papa Francisco destacou que a busca pela verdade é fundamental em qualquer formação, e encorajou os jovens a serem buscadores e testemunhas da verdade, ressaltando que “é isso que nos torna livres” e que o estudo deve ser um caminho para encontrá-la.

“E eu confesso a vocês que me entristece quando encontro, em qualquer parte do mundo, universidades que servem apenas para preparar os estudantes a ganhar dinheiro ou obter poder. Isso é demasiado individualista, sem comunidade. A alma mater é a comunidade universitária, a universidade, o que nos ajuda a construir sociedade, a criar fraternidade. O estudo não serve sem buscar a verdade juntos, não serve, mas domina. No entanto, a verdade nos torna livres”.

Fonte: Vatican News

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