Papa em visita a centros assistenciais: ‘A caridade é a origem e a meta do caminho cristão’

Pontífice esteve na periferia de Lisboa, na sexta-feira, 4, onde conheceu o trabalho de um centro paroquial vicentino e de duas associações que auxiliam crianças

No terceiro dia de sua viagem apostólica a Portugal, onde participa da Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco foi à periferia de Lisboa, nos bairros de Serafina e Liberdade. Em meio às condições habitacionais precárias desta região da capital portuguesa está a Paróquia São Vicente de Paulo e três projetos mantidos pelos vicentinos: o Centro Social Paroquial, a associação solidariedade social ‘Ajuda de Berço’ e a associação de pais e amigos de crianças com câncer ‘Acreditar’.

Os trabalhos destes três centros assistenciais que atendem de bebês a crianças e adolescentes com necessidades especiais, econômicas e de saúde foram apresentados em detalhes ao Papa Francisco, que também ouviu relatos de algumas das pessoas ali atendidas.

Francisco abençoou o Centro Social Paroquial e depois discursou. Inicialmente, ele enalteceu o trabalho realizado nos três centros assistenciais e fazendo alusão ao tema da JMJ Lisboa 2023 – “Maria se levantou e partiu apressadamente” (Lc 1,39) – destacou: “A caridade é a origem e a meta do caminho cristão”.

AGIR EM CONJUNTO

O Pontífice ressaltou que a caridade envolve três atitudes:  “fazer bem juntos, agir concretamente e estar próximo dos mais frágeis”, e detalhou cada um destes aspectos, mesclando a leitura do discurso que havia preparado para este encontro e falando de improviso.

Francisco ressaltou que a todo tempo é preciso estar juntos – jovens e adultos; sãos e doentes – e amar sem distinções: “Não devemos deixar nos definir pela doença ou pelos problemas, pois não somos uma doença, nem um problema. Cada um de nós é um dom único, com os seus limites, mas um dom valioso e sagrado para Deus e para a comunidade cristã e para a comunidade humana. E é assim como somos que enriquecemos o conjunto e nos deixamos enriquecer pelo conjunto”.

O Papa, ao recordar uma frase de São João XXIII – “a Igreja não é um museu de arqueologia”, ressaltou que a Igreja é, na verdade, a antiga fonte que continua a servir a água às gerações atuais, como fez no passado: “A fonte serve para matar a sede das pessoas que chegam com o peso da viagem da vida. É como já estão fazendo vocês”.

A VERDADEIRA PROXIMIDADE COM OS MAIS FRÁGEIS

Falando de improviso, o Papa convidou a todos que refletissem sobre o verdadeiro sentido do amor: “Não há amor abstrato. O amor platônico está em órbita, não está na terra. O amor concreto é aquele que suja as mãos. E temos de nos perguntar, cada um: o amor que sentimos é concreto ou abstrato? Ao dar a mão a uma pessoa necessitada, para um marginal, um doente, eu lavo minhas mãos em seguida para não me contaminar? Eu tenho nojo da pobreza dos demais? Busco sempre uma vida destilada [purificada], que existe na minha fantasia, mas que não existe na realidade? Quantas vidas destiladas, inúteis!”.

Francisco parabenizou os organizadores dos três centros assistenciais por fazerem a diferença positivamente na vida das pessoas: “Aqui vocês geram vida, vida nova e contínua todos os dias, com a sua força e compromisso, com o sujar as mãos de vocês e tocar com as mãos a pobreza dos outros”.

Após discursar, o Pontífice foi até o salão paroquial, sendo recebido com palmas e gritos de “Viva o Papa, Viva o Papa”. Em sua cadeira de rodas, ele passou próximo aos fiéis, a maioria crianças e idosos, cumprimentou a alguns e depois deteve em alguns instantes de oração silenciosa diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima, antes de deixar a Paróquia.

LEIA A ÍNTEGRA DO DISCURSO DO PAPA

OS TRÊS CENTROS ASSISTENCIAIS

O Centro Social Paroquial São Vicente de Paulo foi criado na década de 1950 e ampliado ao longo dos anos. Atualmente, 65 crianças usufruem da creche; 150 do jardim de infância; 170 das atividades de tempo livre; além disso, 110 adolescentes e jovens e 65 idosos que frequentam o centro; 30 pessoas adultas surdas – a grande maioria sem apoio familiar; 80 idosos do apoio domiciliar e outros 100 de grande dependência no lar. O local ainda oferece serviços de fisioterapia e visitas ao dentista, como também dá apoio a famílias credenciadas no Banco Alimentar Contra a Fome.

A associação de solidariedade social Ajuda de Berço existe desde a década de 1990, para, como descreve seu próprio trabalho, “dar colo, carinho e casa a bebês e crianças desprotegidas”, na faixa etária dos 0 a 3 anos de idade, que esperam  uma família de adoção, o regresso à família biológica ou outro colo onde encontrar proteção. Também tem assistido a crianças até os 9 anos de idade e aqueles que  sofrem de doenças crônicas ou agudas e precisam de cuidados especiais de saúde.

A associação de pais e amigos de criança com câncer Acreditar surgiu nos anos 1990, unindo crianças, jovens, pais e amigos que procuram enfrentar da melhor maneira as dinâmicas que o câncer infantil impõe. Nas Casas da Acreditar, nos hospitais ou nas casas dos pequenos pacientes, são oferecidos auxílios nos planos emocional, logístico, social ou outro que as famílias necessitem.

(Com informações complementares de Vatican News)

Deixe um comentário